COLUNA: No Bico do Corvo

Iluminação

As cores do Brasil e Paraguai emolduram o horizonte noturno de Foz, além daquilo que já proporciona a roda gigante. As luzes se acenderam na noite da terça-feira. De um lado o verde e o amarelo e do outro o azul e vermelho. O Corvo ainda vive a era do branco e preto, mesmo assim faz o registro.

 

Só de longe

O detalhe é que só é possível contemplar esse “novo atrativo” à distância, porque chegar até ele é uma complicação de acessos, desvios, montes de terra pelo caminho e máquinas no meio da pista. São os efeitos das obras. Logo isso termina, quer dizer, se depender do cumprimento dos prazos. O “logo”, neste caso, é um conceito abstrato.

Noite e dia

O problema não é apenas noturno. O Corvo foi conferir a situação e ficou de cara com o sofrimento dos visitantes, enfrentando filas quilométricas e um sufoco para a realização de manobras de retorno. Muita gente acaba igual sardinha em lata. As autoridades deveriam pensar mais no prejuízo que isso causa aos atrativos e a imagem que os turistas acabam levando.

 

Quem manda?

Está difícil saber quem é que efetivamente manda no pedaço, se a Receita Federal, Polícia Rodoviária, DNIT, DER, enfim, a gente liga de um lado e empurrar para outro e será assim até as competências não se instalarem efetivamente. Enquanto isso, a Ponte da Integração é terra de ninguém, com o povo atravessando a pé, de moto e automóveis o tempo todo.

 

Obras e chuvas

Tudo nos leva a crer que a maior inimiga dessas grandes demandas estruturantes é a chuva. Parece ser muito complicado tratores e caminhões trabalharem no lamaçal e ele acaba se espalhando pelas localidades vizinhas, como é o caso da Rua Carmen Gatti, onde é impossível diferenciar a terra do asfalto. Quando chove então, vira uma grande bagunça e dá-lhe a empreiteira despejar água de caminhões pipa, tentando aliviar a situação.

 

Aterro

Quem mora nas proximidades acompanha outra obra gigantesca, o aterro do terreno ao lado do Hotel Carimã, onde havia um lago com barco ancorado. O espaço foi literalmente soterrado é entraram tantos caminhões na área, que dificilmente saibam dizer quantos foram. E jogam terra e amassam, compactam em tarefa de anos a fio. Segundo o Corvo foi conferir, tudo está cumprindo as rigorosas regras ambientais, por meio de licenças e que é necessário. Os riachos que passavam por lá foram canalizados.

 

Turismo

Lá vem o novo ministro em peregrinação às terras paranaenses. Foz prepara um roteiro de visitas e conversas. Tomara ele fique no cargo mais de três meses e dê tempo de passar a caneta em alguma reivindicação. A pasta parece ser a mais movimentada no governo Lula, dizem que ganhará em rotatividade da Saúde, no governo Bolsonaro. O Corvo pede licença para um comentário e ele pode não agradar: é triste que as indicações no Turismo sejam meramente políticas, preenchendo os objetivos partidários. Deveriam ser técnicas, planejadas com o setor, onde os investimentos são enormes. Turismo é um importante fator econômico, mas que é tratado como “favor”. Uma pena.

 

Os mais visitados

Muitos imaginam e até dizem que o Parque Nacional do Iguaçu é o mais visitado no Brasil, em verdade, ocupa a terceira colocação. Segundo uma informação bem recente, em 2023, mais de um milhão de pessoas se encantaram com as Cataratas do Iguaçu. São de 155 nacionalidades, e, considerando que há 195 países reconhecidos na nossa bolinha azul cintilante, praticamente o mundo todo visita o PNI.

 

Os números

Em 2022, registrou-se mais de 21,6 milhões de visitas em 137 unidades de conservação que há pelo Brasil. O nosso parque recebeu mais de 1,5 milhão de ávidos amantes das belezas naturais, ficando atrás da Tijuca no Rio de Janeiro, com 3,5 milhões, e, Jericoacoara, no Ceará, que apontou 1,6 milhão de ingressos. Comparativamente, o PNI é campeão isolado de visitações fora da faixa litorânea e o movimento deve aumentar nos próximos meses. Espera-se que em pouco tempo o recorde de 2019 seja batido. É só uma questão de acomodação no período pós pandemia. Até que o movimento está superando as expectativas bem mais cedo do que se esperava, dizem.

 

A Câmara e os incentivos

O prefeito enviou um projeto ao Legislativo, que prevê o incentivo fiscal em parques temáticos, alterando a lei complementar nº 304 de 20 de dezembro de 2018. O incentivo é no Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISSQN, um benefício que também valerá para atrair mais parques temáticos. Ao que se sabe, há pelo menos seis projetos em análise, com estruturas que podem gerar muitos empregos. O Corvo jurou que manteria o zíper no bico em dois estudos; um bem próximo ao Marco das Fronteiras e outro que depende de aval de Itaipu.

 

Um pouco de tudo

Pois há pessoas esperando reuniões para tratar de teleféricos, circos fixos abrigando espetáculos itinerantes, ou seja, a estrutura não muda nunca, os artistas sim; museus diversos, sendo que um é apenas reunindo peças de artilharia e veículos militares; exposições aeronáuticas, inclusive com campo de pouso. Olha, há parques para todos os gostos e cada unidade que se instala, prorroga a estadia dos visitantes, o que é muito bom para a hotelaria, transportes, guias e afins.

 

O incentivo

Pode parecer pouco, mas ISSQN de 2%, nos primeiros dez anos, depois da licença para localização e funcionamento e, 5% a partir do décimo primeiro ano de atividade é algo muito atrativo. E há o diferencial para o número de colaboradores ao longo do tempo. O Município já incentiva parques aquáticos e aquários.

 

A Declaração de Belém

Quem é muito chegado às questões amazônicas e contempla o futuro, está longe de aprovar o resultado do recente evento. Os vizinhos espetaram e fizeram doer o conceito de soberania brasileira na área. Iniciou-se uma outra etapa na corrida pela sobrevivência da floresta, porque se ela não for preservada, há risco de desaparecer e virar deserto. Isso complicará a agricultura e as cidades sofrerão efeitos climáticos jamais vistos.  Se o Brasil não souber negociar isso, será um fuzuê no futuro, com o mundo querendo enfiar os pés em nosso território.

 

Sem a Amazônia

A degradação da floresta causará uma mudança climática agravante, o que vai interferir drasticamente no processo de plantio, setor que já apresenta características indomáveis em algumas regiões. Há muita insegurança em razão dos efeitos causados pelo El Niño, isso somado à devastação, poluição das águas e avanço da pecuária, nos faz ouvir um tic-tac que não é de relógio e sim de bomba pronta para explodir. O problema da pecuária está fora da compreensão de muita gente.

 

Carta de um leitor

“Corvo, francamente, não consigo entender o que a criação de gado causa ao meio ambiente. Tudo bem, derrubar as florestas é um problema, mas os bois e vacas pastam livremente, sem causar poluição nos rios. Portanto, qual é o drama?”. O que as pessoas não sabem é que as criações emitem muitos gases, constantemente e isso ocupa espaço na atmosfera. O boi peida o dia inteiro e polui até mais que os automóveis. Há muito esforço tecnológico para amenizar isso. Uma das saídas é compartilhar o gado com plantações de pinheiros, ou outras culturas arbóreas. O duro é acreditarem que o problema existe. Bom, se há quem não creia que o planeta é redondo, o que se pode esperar?

 

Legalização da maconha

O Corvo deu um passeio pelo assunto e entende que o Brasil tenta dar os mesmos passos que o Uruguai, em “descondensar” a cannabis, em todas as suas formas de uso. Sim, há uma “condenação” preconceituosa abarcando o tema e ele merece discernimento. Há o uso medicinal da planta, aproveitada em muitos países. No Brasil ainda há a proibição da importação da cannabis in natura, pela ANVISA. O assunto está pegando fogo eem alguns setores de Foz e isso deve crescer com a Audiência Pùblica.

 

Na política

Não se sabe explicar as razões, mas os políticos literalmente “caminham em ovos” em Foz. Todos os partidos estão meio recolhidos, sem saber o que fazer frente aos acertos que ocorrem em Brasília. O povo vai dormir com uma coisa na cabeça e ao amanhecer, nada mais está valendo. Tudo é muito rápido.

 

Duas faces e um meio

Segundo um sociólogo, Foz se movimenta em três correntes, sendo que cada uma possui no mínimo quatro vertentes. Matematicamente seriam 12 pensamentos em exercício. Direita, esquerda e centro comungam do mesmo problema: a divergência nas ideias. Conversando com os líderes, a análise é conflituosa. A “direita” espera conversar com o “centro” que por sua vez é seduzido pela “esquerda”. Quem pode com uma coisa dessas? Por outro lado, há gente da direita se articulando diretamente com a esquerda. Esqueçam a palavra “ideologia”, ela só existe nos dicionários. Em política, tudo vale, como nos tempos do Ted Boy Marino.

 

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