Cinco anos após a pandemia, comércio de Ciudad del Este ainda busca recuperação

Um dos principais centros comerciais da América Latina, Ciudad del Este simplesmente parou em 2020, forçado pelo fechamento da Ponte Internacional da Amizade e até hoje ainda busca caminhos para garantir a recuperação econômica, afirmam agentes do segmento no município paraguaio, separado de Foz do Iguaçu pelo rio Paraná. A última semana de março ficou marcada pelos cinco anos da pandemia, período em que os governos adotaram medidas restritivas para impedir a propagação do covid-19.

A pandemia afetou a vida da população em todas as regiões do planeta e atingiu em cheio os destinos que dependem das mais de 50 atividades econômicas relacionadas ao turismo. A medida que, embora visasse proteger a população, desencadeou uma tremenda crise econômica e social, principalmente em Ciudad del Este, onde a atividade comercial ficou paralisada por vários meses. Apesar do passar do tempo, o turismo de compras ainda não atingiu os níveis pré-pandemia.

Da segunda quinzena de março a outubro de 2020, período em que a Ponte da Amizade, ligação rodoviária na entre Paraguai e Brasil, tornou-se um símbolo de desolação, devido ao deserto de pessoas e veículos. A via só foi reaberta ao trânsito de pessoas e tráfego de veículos em meados de outubro daquele ano.

 

Desolação

A agitação diária das lojas de Ciudad del Este, que é capital do departamento (estado) de Alto Paraná, sempre lotadas de turistas, ficaram vazias, só com vendedores à espera dos compradores, como são retratados os turistas de Foz do Iguaçu que vão às compras no comércio local. Hotéis, restaurantes e empresas em geral, que antes estavam movimentados, fecharam suas portas. “Há cinco anos, não sabíamos onde estávamos”.

“Era uma loucura. A primeira vez que passamos por essa situação (fechamento de fronteiras), isso nos afetou de muitas maneiras”, lembrou Víctor López, um vendedor ambulante na área da Avenida San Blas, no microcentro de Este.  E acrescentou, em entrevista a imprensa, que a pandemia da covid marcou uma virada na maneira como os vendedores ambulantes trabalham.

“O cenário está sempre mudando, no sentido de que precisamos nos manter atualizados, usando as ferramentas disponíveis para realizar transações. Isso é positivo porque a maioria dos clientes estrangeiros não usa mais dinheiro em espécie e, o mais importante, o vendedor precisa oferecer uma variedade de mercadorias (atuais), um bom serviço e uma garantia do produto”.

“Estamos 30% atualizados, mas ainda há um longo caminho a percorrer”, indicou. López revelou que muitos vendedores não reabriram depois que as fronteiras foram abertas. “Houve uma mudança na portaria que permite parcerias, pois vários trabalhadores que ficaram sem recursos fizeram isso. Por exemplo, eu montei o estande e outra pessoa monta os produtos, então conseguimos reabrir, mas vários colegas já pararam de trabalhar no negócio”, observou.

 

Pré-covid

Apesar do tempo decorrido, o vendedor e especialmente os comerciantes afirmam que o volume de vendas não atingiu os níveis anteriores à 2020. Segundo ele, cinco anos depois, Ciudad del Este ainda luta para se recuperar economicamente. A crise sanitária obrigou a capital do Alto Paraná a diversificar sua economia, buscando novas oportunidades em turismo, indústria e tecnologia.

No entanto, a memória do fechamento das fronteiras permanece viva na mente de seus habitantes, um lembrete da fragilidade de um modelo econômico baseado na dependência do comércio transfronteiriço. Para contornar em parte este cenário, a Câmara de Comércio e Serviços de Ciudad del Este convocou comércio e sociedade na realização de eventos para motivar a volta dos turistas compradores.

Nesta pegada, a Black Friday, antecipada para a metade de novembro (o tradicional é última sexta-feira do mês), ganhou mais adesão, atraindo com uma grande oferta de produtos e mercadorias e descontos, especialmente em eletrônicos, roupas, bebidas e perfumes. Recentemente a entidade encampou a Crazy Week, que este ano chega a segunda edição programada no mês de maio, para coincidir com o Dia das Mães no Brasil.

  • Da Redação
  • Foto: Gentileza/La Clave

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