Suspensão de viagens da 123 Milhas pode refletir nas atividades do turismo de Foz

A suspensão de viagens decretada pela 123 milhas pode refletir no desempenho das atividades relacionadas ao turismo de Foz do Iguaçu. A medida anunciada pela agência vai impactar negativamente no desempenho dos negócios hotéis, restaurantes, bares e outros estabelecimentos do destino turístico, acredita o secretário de Turismo e Projetos Estratégicos, André Alliana. De acordo com ele, o setor de gastronomia e entretenimento depende essencialmente das receitas injetadas pelos viajantes. O Ministério do Turismo excluiu a empresa de seu cadastro público.

A 123 milhas anunciou esta semana a suspensão da emissão de bilhetes para as viagens vendidas entre setembro e dezembro deste ano e isto, “com certeza” vai respingar no desempenho do setor. “Pessoas compraram passagens e agora para viajar vão precisar fazer uma recompra”, destacou André Alliana. Que alertou: “Quem não tiver recursos para isso pode desistir da viagem”.

Foz do Iguaçu tem aproximadamente 28 mil leitos de hospedagens, que ficam acima de 80% ocupados nos períodos de alta temporada, que coincide com o verão. Nos períodos considerados de baixa, a rede hoteleira mantém uma ocupação acima de 60% com a frequência de eventos em nível regional, nacional e internacional.

De janeiro a junho deste ano, o Aeroporto Internacional de Foz do Iguaçu recebeu quase um milhão de passageiros no embarque e desembarque. O desempenho, segundo a concessionária CCR Aeroportos, representa um aumento de 42% em comparação com o 1º semestre de 2022, quando 649.435 passageiros estiveram no Aeroporto de Foz.

 

Pós-pandemia

Para Fábio Aguayo, presidente da Feturismo (Federação das Empresas de Hospedagem, Gastronomia, Entretenimento e Similares), filiada à CNTur (Confederação Nacional de Turismo), transtorno como este da 123 milhas prejudica o movimento de retomada do setor, que fechou por longos períodos e trabalhou com restrições devido aos decretos adotados durante a crise sanitária do covid-19. Os membros da entidade expressam veemente repúdio à ação unilateral da empresa.

A Feturismo lembra que, em comunicado aos consumidores adquirentes, foram canceladas viagens, de modo que não haverá embarque até dezembro de 2023. A única opção dada é o reembolso via voucher, sem opção de recebimento dos valores pagos. “Diante da gravidade dos fatos, estamos consultando nossa equipe jurídica para encaminhar uma representação judicial contra a 123 milhas”, adiantou Fábio Aguayo.

Os procedimentos, segundo ele, serão a respeito de: (i) averiguação das medidas judiciais e administrativas (mecanismod regulaririis oficiais), que poderão ser tomadas. Inclusive no âmbito da insolvência; (ii) análise do modelo de negócio implementado pela agência de turismo; (iii) eventual enquadramento da atividade econômica no esquema Ponzi,  conhecido como  esquema de pirâmide”.

 

Nova legislação

As denúncias contra a 123 milhas se assemelham ao escândalo contábil de R$ 40 bilhões da varejista Americanas, que motivou o senador Sergio Moro (União-PR) apresentar o Projeto de lei 2581 destinado a proteger o mercado de capitais de práticas ilícitas. De acordo com Fábio Aguayo, as denúncias recebidas pela Feturismo serão encaminhadas ao parlamentar, propondo ainda que representantes da empresa sejam chamados na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado.

A venda de pacotes flexíveis, sem data certa, representa um grande risco aos consumidores, que não têm a certeza de quando poderão viajar. É preciso regulamentar este tipo de atividade através de um novo PL, diz Fábio Aguayo. O líder classista destaca o entendimento do economia Luís Alberto de Paiva, que atua com reestruturação financeira de empresas e lembrou que, por não ser de capital aberto, não era possível saber a saúde financeira e se a 123 milhas estava apta a cumprir contratos.

 

  • Da Redação / Foto:CCR

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