Casos de sífilis congênita cresceram quase 60% nos últimos três anos em Foz

Baixo peso, prematuridade, alterações respiratórias, secreção nasal com presença de sangue, icterícia e anemia. Essas são algumas das manifestações, entre crianças de até dois anos de idade, da sífilis congênita, infecção transmitida de mãe para filho no período da gestação.

Depois de alguns anos sob controle, Foz do Iguaçu voltou ao estado de alerta, com um crescimento de quase 60% nos casos da doença nos últimos três anos. Dados da Secretaria da Saúde do Paraná mostram que em 2023 foram confirmados 88 diagnósticos de sífilis congênita no município, 51 a mais que em 2021, quando foram contabilizados 37 casos.

Os números classificam a fronteira como a segunda cidade do Estado com o maior volume de casos. O diagnóstico nas gestantes também cresceu. Em 2021, 156 mulheres grávidas foram diagnosticas com sífilis em Foz. Em 2022 o número aumentou para 169, e em 2023 houve um salto para 260 casos.

De acordo com a coordenadora do Programa Municipal IST/AIDS e Hepatites Virais do município, Larissa Luz, a população iguaçuense reduziu os cuidados com as doenças sexualmente transmissíveis, refletindo em um aumento de infecções diversas, que podem ser evitadas com o uso de preservativos nas relações.

O diagnóstico, assim como o tratamento, é simples e está disponível gratuitamente nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs). Com o acompanhamento correto, é possível evitar que as gestantes diagnosticadas com sífilis transmitam a doença aos bebês. Entretanto, como se trata de uma Infecção Sexualmente Transmissível, causada pela bactéria Treponema pallidum, é preciso um tratamento completo, inclusive do parceiro da mulher, para evitar que ocorra reinfecção.

“Para conscientizar a população, nós temos organizado algumas ações de testagem rápida. Estamos pensando também em alguns pontos estratégicos para desenvolver ações para diagnósticos, tratamento e consequente redução da nossa incidência de casos”, destacou Luz.

A sífilis não tratada pode causar inúmeras complicações, entre lesões cutâneas, ósseas, cardiovasculares e neurológicas, podendo levar à morte. O risco de mortalidade para crianças acometidas por essa enfermidade é duas vezes superior em comparação àquelas que não tiveram a doença.

Na maioria dos bebês a sífilis é assintomática ou apresenta sinais e sintomas inespecíficos, o que torna o diagnóstico bastante difícil. Com isso, os pequenos podem ficar sem acesso ao tratamento necessário para mitigar as consequências da infecção em sua saúde, até que algum sintoma apareça.

Para se ter uma ideia da gravidade do problema, um estudo realizado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) apontou que entre 2011 e 2017, a sífilis causou 2.476 mortes de bebês e crianças no Brasil. Entre as crianças diagnosticadas, 17,3% nasceram prematuras, 17,2% com baixo peso ao nascer e 13,1% eram pequenas para a idade gestacional.

 

Paraná é um dos estados com maior incidência de DSTs do país

Dados do Ministério da Saúde indicam que o Sul do país registrou 2.690 novos casos de HIV em 2022, sendo 770 apenas no Paraná, segundo Estado com maior incidência na região. Esses números reforçam a urgência de sensibilização coletiva sobre os métodos de prevenção contra as Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST).

É importante considerar que algumas DST são facilmente tratáveis e resolvem-se rapidamente, no entanto, outras apresentam tratamento mais desafiador e podem persistir ativas, mesmo quando os pacientes relatam melhora nos sintomas.

A realização regular de exames, especialmente em períodos de maior risco, é uma ferramenta essencial para detectar precocemente e tratar eficazmente essas infecções, protegendo a saúde individual e coletiva.

  • Da redação / Foto: divulgação

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