Polícia Federal desarticula quadrilha que atuava no contrabando de cosméticos medicinais em Foz
Uma quadrilha que atuava no contrabando de cosméticos medicinais em Foz do Iguaçu foi desarticulada na manhã de quarta-feira (28), em uma operação deflagrada pela Polícia Federal com o apoio da Receita Federal do Brasil (RFB). A ação, batizada de Astarte (deusa da beleza na mitologia cananéia), contou com a atuação de 40 agentes.
Conforme apurado, os produtos eram importados do Paraguai de forma clandestina e enviados através de uma agência dos Correios para diversas regiões do Brasil, sendo revendidos para profissionais que atuam na área da saúde, dentre eles dentistas, biomédicos, esteticistas, farmacêuticos e outros. O despacho, conforme a polícia, era facilitado por uma funcionária da empresa.
“O funcionário dos Correios é obrigado a abrir a embalagem e se certificar que aquela nota fiscal corresponde ao que está ali dentro. Essa funcionária que foi cooptada não fazia isso. Ela fazia parte da organização, recebia as embalagens fechadas, não conferia e enviava para o Brasil todo”, explicou o delegado Fabrício Blini.
Com base no levantamento de dados foram cumpridos na manhã de ontem seis mandados de busca e apreensão, oito mandados de afastamento de sigilo bancário e fiscal, cinco ordens judiciais que determinam o comparecimento mensal em juízo e onze ordens de bloqueios de ativos financeiros que ultrapassam R$ 500 mil.
Dentre os produtos que eram trazidos de maneira irregular do país vizinho estão toxina botulínica, usada para preenchimentos faciais; fios de sustentação e ácido hialurônico, famoso pela sua aplicação em procedimentos de harmonização facial e preenchimento labial.
Segundo a PF, foram identificados no decorrer das investigações mais de uma centena de profissionais que utilizavam esses produtos contrabandeados em seus pacientes. As autoridades afirmam que há muitos riscos nesta ação, já que uma boa parte dos cosméticos é falsificada, podendo causar diversos problemas de saúde.
“Ao longo da investigação verificou-se que um dos produtos comercializados pelo grupo investigado contém indícios de ser falsificado, tendo em vista que sequer possui registro no órgão sanitário, não se conhecendo, ao certo, sua verdadeira procedência e efetiva eficácia para o fim que se destina”, disse o delegado Blini.
Não foram expedidas ordens de prisão nesta primeira fase da Operação Astarte, entretanto as equipes realizaram uma prisão em flagrante. Na residência do suspeito foram apreendidos diversos frascos de botóx de origem estrangeira. Os produtos serão submetidos a uma perícia.
Na ação foram recolhidos ainda dois carros e uma moto usados pelos investigados e grande quantidade de dinheiro em espécie (RS 80 mil e US$ 5 mil). Não se descarta um novo desdobramento das investigações após a análise do que foi recolhido.
Investigações
As investigações sobre a atuação da organização criminosa tiveram início em 2021 após cerca de 60 apreensões de cosméticos contrabandeados em Foz. Dentre os produtos que chamaram a atenção da PF e RFB estão frascos de botóx, que levam o nome de uma fabricante supostamente israelense. Entretanto, há indícios de que o produto seja na verdade fabricado na China e que o rótulo varia de acordo com o que é solicitado pelos compradores.
“As pessoas que receberam esses produtos [pacientes] correm o risco de um sofrer um sério dano à saúde. Se isso ainda não aconteceu, corre o risco de acontecer em um futuro próximo”, alertou o também delegado da PF, Adriano Chamme.
Da redação / Fotos: divulgação