Casal é investigado em Foz por manter empregada em situação de escravidão
Um casal está sendo investigado em Foz do Iguaçu pelos crimes de redução análoga de escravo e tráfico de pessoas. Na manhã de sexta-feira (2) eles foram alvos da Operação Sororidade, deflagrada pela Polícia Federal com o objetivo de recolher provas que possam ajudar na apuração dos fatos.
Três mandados de busca e apreensão foram cumpridos na casa dos suspeitos e resultaram no recolhimento de armas de fogo, munições, uma lancha e 300 quilos de maconha. O homem foi preso em flagrante por posse ilegal de arma de calibre restrito e tráfico de drogas.
De acordo com a PF, o inquérito teve início com base em informações repassadas pela Delegacia da Mulher, relatando sobre diversos crimes contra uma estrangeira de nacionalidade paraguaia.
Conforme apurado, a vítima teria sido contratada em 2019 por um casal em Foz para trabalhar como babá. Durante o período em que esteve na residência, a mulher teria sofrido diversas agressões físicas e verbais, ameaças (inclusive com arma de fogo), e estupro. A estrangeira teria sido, inclusive, obrigada a uma tentativa de aborto no Paraguai.
Além disso, a vítima relatou ainda que era proibida de sair da casa dos “patrões” e não recebia salário com regularidade. Após sofrer violência sexual, a mulher engravidou e foi expulsa da residência, tendo sido obrigada a morar com um homem, apontado como sendo amigo do autor do crime.
Descoberta
O caso começou a vir à tona na ocasião do parto da vítima. Na época, uma assistente social acompanhou a paraguaia e solicitou apoio da Vara da Infância e Juventude, reportando a situação à Delegacia da Mulher. A paraguaia e o filho dela foram então encaminhados a um abrigo.
Após análise, a Polícia Civil encaminhou o caso à Polícia Federal, devido à denúncia do crime de redução análoga de escravo. No decorrer das apurações foi constato que o homem investigado possuía diversos registros de ocorrências e processos criminais em seu nome envolvendo crimes contra a mulher, estupro, lesão corporal, ameaça e posse/porte ilegal de arma de fogo.
O casal envolvido poderá responder pelos crimes de redução análoga de escravo, quando há a restrição da liberdade de locomoção e sujeição da vítima a condições degradantes de trabalho; e pelo crime de tráfico de pessoas, uma vez que a vítima foi abrigada na casa dos empregadores mediante grave ameaça, violência, abuso e coação.
Caso sejam condenados, os suspeitos poderão pegar até 16 anos de prisão (penas somadas). O nome da operação, sororidade, é um conceito que se refere à empatia, solidariedade e acolhimento entre mulheres.
Trabalho escravo
O tráfico de pessoas e o trabalho escravo são considerados formas graves de violação dos direitos humanos. Tratam-se de crimes de alta complexidade, que envolvem fatores econômicos, sociais, culturais e psicológicos.
No ano passado mais de 1.200 trabalhadores foram resgatados no Brasil, vítimas do trabalho análogo à escravidão. Desde o início da série histórica, em 1995, foram retiradas de situações de exploração mais de 58 mil pessoas no país.
A maioria das vítimas é localiza em áreas de construção civil e indústria, mas nos últimos anos tem crescido as denúncias sobre trabalhadoras domésticas, como o caso acima.
Resgate no Oeste
Nesta semana uma situação envolvendo duas jovens paraguaias, de 20 e 26 anos, também chamou atenção no Oeste. As vítimas foram resgatadas de uma boate, em Santa Helena, onde estavam sendo mantidas em cárcere. A dona do local foi presa e confessou que havia comprado as mulheres por R$ 700 e que as mesmas deveriam pagar o montante para serem liberadas.
À polícia as jovens contaram que haviam saído do Paraguai no dia 23 de janeiro, acompanhadas por um agenciador, que havia prometido emprego de cozinheira para elas no Brasil. Entretanto, as vítimas foram enganadas e entregues a um prostíbulo. A suspeita e as estrangeiras foram encaminhadas à delegacia da Polícia Federal em Foz, que apura o caso.
- Da redação Foto: Polícia Federal