Acusado de matar guarda municipal por desavença política irá a júri popular

Jorge José da Rocha Guaranho, de 38 anos, policial penal federal lotado em Foz do Iguaçu, irá a júri popular pelo assassinato do guarda municipal e tesoureiro do Partido dos Trabalhadores (PT), Marcelo Aloizio Arruda, de 50 anos. O crime ocorreu no dia 9 de julho de 2022, durante uma celebração de aniversário da vítima.

A decisão foi comunicada nessa sexta-feira (2) após o juiz Gustavo Germano Francisco Arguello, da 3ª Vara Criminal, aceitar a denúncia do Ministério Público do Paraná (MPPR). Na decisão, a Justiça entendeu que o homicídio, classificado como duplamente qualificado, ocorreu por motivo fútil (discussão motivada por divergências políticas), além de perigo comum, já que o acusado teria atirado contra a vítima em um local onde havia diversas pessoas, colocando todos em risco.

Conforme apurado, a defesa de Guaranho pode recorrer da decisão, porém há recomendação para que, o agora réu, permaneça em prisão preventiva “para a garantia da ordem pública, considerando particular gravidade do suposto delito em questão”.

Marcelo Arruda foi morto durante a própria festa de aniversário, que tinha temática do PT e do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva. No dia dos fatos, Guaranho participa de um churrasco. Neste evento ele teria recebido de um colega, informações sobre a comemoração do GM, que era realizada em uma associação onde o policial era membro.

Guaranho, que é abertamente apoiador de Jair Bolsonaro, teria ido à festa para fazer uma provocação política. Minutos após uma breve discussão entre ele e Marcelo, o acusado deixou o local, retornando em seguida em posse de uma arma. O policial disparou várias vezes contra o GM, que chegou a revidar, mas morreu em seguida.

O agente federal foi ferido e acabou ficando internado por algumas semanas, mas sobreviveu e foi detido. O bolsonarista está preso desde 13 de agosto no Complexo Médico Penal de Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba.

A defesa do acusado pediu à Justiça que Guaranho não respondesse por um crime qualificado. Porém, o juiz decidiu que as provas apresentadas até aqui justificam manter as qualificadoras de crime cometido por motivo fútil e que resultou em perigo comum.

“Qualquer aprofundamento da análise deste juízo em relação às provas relacionadas à qualificadora em questão, como pretende a Defesa em memoriais, implicaria indevida intromissão no mérito da imputação e injustificada interferência na competência constitucional do Conselho de Sentença”, diz a decisão.

Mesmo cabendo recurso, o juiz determinou que o caso vá para a à 1ª Vara Criminal e Tribunal do Júri de Foz. A defesa da família do guarda Marcelo Arruda avaliou que a decisão por julgamento popular de Guaranho é coerente e que trabalhará pela condenação do acusado.

“Também entendemos que é importante que o acusado permaneça preso preventivamente uma vez que ficou demonstrado sua periculosidade e seu fanatismo político. Portanto o mesmo oferece risco à ordem pública”, afirmaram os advogados da família Arruda.

Guaranho permanecerá preso até o júri

A defesa de Jorge Guaranho chegou a pedir a revogação da prisão do acusado, mas esta foi negada pelo juiz Arguello. O magistrado afirmou que, diante da gravidade do homicídio pelo qual o policial penal é indiciado, não há outra medida cautelar a ser aplicada que não a prisão em regime fechado.

“A multiplicidade de disparos em local de confraternização pode indicar audácia do agente e desconsideração com a vida de vítimas secundárias, a demonstrar particular desprezo com o bem vida”, diz a decisão.

Arguello também destacou ainda a “particular reprovabilidade” de crimes praticados por agentes públicos que têm porte de arma por conta da função que ocupam.

Inquérito

Um total de 17 pessoas, entre familiares do acusado e da vítima, foram ouvidas no decorrer das investigações. Os depoimentos confirmaram que o GM e policial não se conheciam e que a briga por opiniões partidárias contrárias teria sido a causa da tragédia, mas a polícia optou por desqualificar esta hipótese por entender que o crime não foi premeditado. A data do julgamento ainda não foi definida, mas deve ser divulgada em breve.

Da redação / Foto: divulgação

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