Coluna do Corvo

Desligamento

Para iniciar o meu exercício diário de escrever aos amigos, pois assim considero os leitores, até quem conheço, desejo expressar gratidão pelos inúmeros pedidos de informação sobre a Eliane Schaefer, minha digníssima esposa, recém submetida a um procedimento cirúrgico: ela passa bem, se recuperando e deixou inclusive o hospital. Logo estará de volta ao convívio da informação! Obrigado a todos pelo interesse!

 

O campo pede socorro

Um estudo devastador publicado pelo The Guardian acendeu o alerta: agricultores têm taxas de suicídio assustadoras, especialmente nos EUA, Reino Unido e Austrália. O sofrimento mental no campo não é exclusividade brasileira. Mas por aqui, o silêncio pesa ainda mais do que o agrotóxico.

 

Terra fértil para a tristeza

A reportagem mostra que os agricultores, frequentemente expostos a pesticidas e sob pressão econômica brutal, enfrentam uma tempestade perfeita para ansiedade, depressão e, tragicamente, suicídios. O solo que alimenta o mundo parece cada vez menos capaz de sustentar seus cuidadores.

 

O modelo LandLogic

Na Austrália, uma abordagem inovadora chamada LandLogic criou um jeito de levar cuidados de saúde mental até as fazendas mais remotas. Psicólogos itinerantes, acolhimento culturalmente sensível e ações preventivas. E no Brasil? O que temos?

 

O Brasil não está imune

Dados oficiais do Ministério da Saúde revelam que a taxa de suicídios entre a população rural brasileira é, em média, 1,7 vez maior do que nas áreas urbanas. A diferença pode variar conforme o estado, mas o padrão é claro: o campo sofre mais — e cala mais.

 

Veneno invisível

Estudos feitos no Brasil e na América Latina apontam uma possível associação entre o uso prolongado de pesticidas e doenças mentais. Em muitos casos, trabalhadores rurais sequer recebem equipamentos de proteção. O veneno não entra só no corpo. Entra na alma.

 

Paraná: olhos abertos, ações tímidas

O Governo do Paraná lançou programas de atenção psicossocial nas áreas rurais, com apoio da Secretaria de Saúde. Capacitou cerca de 122 mil agentes de saúde para identificar sinais de sofrimento mental. Mas o gargalo continua sendo o acesso ao cuidado especializado — escasso fora das cidades.

 

Região Oeste e a Itaipu Binacional

Na Região Oeste do Paraná, um dos principais polos agrícolas e tecnológico do Estado, ainda não há um programa específico de saúde mental voltado à população rural. O Hospital Itamed (antigo Ministro Costa Cavalcanti), referência regional, atua com excelência — mas seu foco ainda é urbano. Seria hora de a Itaipu Binacional estender sua rede de cuidados também ao campo?

 

Cooperativas em alerta

Cooperativas agroindustriais do Oeste do Paraná estão começando a falar sobre o problema. Algumas já implementaram rodas de conversa, assistência psicológica e campanhas de conscientização. Sabem que um trabalhador emocionalmente adoecido afeta a produção — e, mais importante, destrói famílias.

 

O peso do silêncio

Na zona rural, depressão ainda é chamada de “fraqueza”. Transtornos mentais viram tabu ou motivo de vergonha. Não há espaço para fragilidade onde a cultura é de resistência. O problema? Resistir até quebrar.

 

Hora de agir

Falta uma política pública robusta, contínua e sensível ao campo. O The Guardian mostrou que outros países já entenderam que saúde mental também nasce no campo. O Brasil ainda planta silêncio — e colhe tragédias. O Corvo observa. E cobra.

 

Mais do que crise de preço

Um economista rural — daqueles que conhecem lavoura, planilha e gente — lembrou que o debate sobre saúde mental no campo ainda é rarefeito. Costuma-se culpar a quebra de safra, a alta nos insumos ou o preço da soja. Mas a raiz do sofrimento é mais funda, e mais invisível. É solidão, é sobrecarga, é silêncio demais.

 

Língua que o agro não fala

“Você anda falando que língua agora, primo?” — brincou ele. A resposta é simples: a língua da urgência. A língua de quem escuta o campo para além da produtividade. A dor rural não aparece no PIB, mas explode em estatísticas silenciosas. E a sociedade — governo incluso — precisa entender esse idioma antes que ele se transforme só em lamento.

 

Governo Trump

A Casa Branca publicou um documento com tarifa de 245% contra a China e esqueceu de explicar como chegou ao número. Internautas suspeitam que foi uma soma entre “raiva + revanchismo”. A explicação veio depois, mas já era tarde.

 

Tarifa ou trote?

O porta-voz chinês, Lin Jian, disse que não entendeu de onde saíram os 245% e mandou jornalistas perguntarem aos Estados Unidos. Por aqui, achamos justo: também não entendemos nada. A próxima rodada da guerra comercial promete incluir regra de três, juros compostos e, quem sabe, uma calculadora diplomática.

Sexo e tribunais

A Suprema Corte britânica decidiu que “mulher”, na lei, é só quem nasceu biologicamente mulher. Segundo a nova decisão do Reino Unido, a igualdade agora vem com manual de instruções… e certificado de nascimento. Por enquanto, as pessoas trans ainda têm proteção legal no país.

Fisioterapia do Bolsonaro

Após uma cirurgia de 12 horas digna de maratona médica, Bolsonaro segue internado, caminhando com andador e postando nas redes como quem faz check-in no spa. A recuperação é lenta, mas o boletim diz que ele está evoluindo bem. Enquanto isso, visitas só com sobrenome Bolsonaro — amigos ficam na torcida e nos comentários.

 

Abdômen hostil

Foi a sétima cirurgia de Bolsonaro: “O Retorno do Abdômen Hostil”. Já tem post, vídeo, e até hashtag. A equipe médica mantém o mistério da alta, mas garante que o ex-presidente segue firme e sem dores. Entre uma caminhada no corredor e outra, ele posa para fotos e agradece as orações. É quase reality show hospitalar: fisioterapia motora de um lado, fisioterapia política do outro.

Golpe com desconto

STF e Congresso negociam um “Black Friday” penal para quem invadiu, quebrou e pichou Brasília no 8 de janeiro. A ideia é reduzir a pena dos réus de menor importância — aqueles que só destruíram um pouco, sem planejar demais. Líderes como Bolsonaro não entram na promoção. A justificativa é nobre: diferenciar vândalo de golpista.

 

Decreto da meia-culpa

Rodrigo Pacheco foi encarregado de encontrar uma forma elegante de perdoar, sem chamar de anistia. A missão: premiar os golpistas de segunda linha com um terço a menos de cadeia. Já a turma do “QG do golpe” segue firme no topo da pirâmide — jurídica, claro. No Planalto, a proposta enfrenta resistência: há quem ache que reduzir penas agora é sinal de fraqueza. Mas no Congresso, o projeto avança — afinal, quando o assunto é aliviar penas, ninguém quer ficar para trás.

Feriadão!

Meus amigos, o jornal circula nesta quinta-feira e amanhã, feriado cristão. A circulação dá uma paradinha no sábado, porém com o plantão para cobrir a malhação de algum judas ou político que resolveu encarnar o personagem. Na semana que vem apenas na quarta-feira, mas, o eletrônico manda ver!

 

  • Por Rogério Bonato

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