No Bico do Corvo
Encrenca feia
Não é segredo que a Unila gasta um dinheirão todos os meses com aluguéis. O assunto já foi mais que debatido por meio de notícias e inclusive nesta coluna. Isso acontece porque a famigerada obra do campus foi abandonada pelas empreiteiras. É um imbróglio que tramita na Justiça Federal e sem se imaginar o resultado. A instituição pede inclusive o ressarcimento pelo dinheiro gasto nos aluguéis. Vai longe.
As locações
Há um imóvel em especial bem no olho do furacão; é onde funcionava antigamente a Uniamerica. O local é hoje conhecido como Jardim Universitário. Depois de anos negociando o aluguel e a recomposição dos valores, os proprietários pediram que a Unila desocupe a área em seis meses. Como fosse simples assim, na base do “amigavelmente”. Se isso for parar na justiça, é provável que se leve mais de uma década para reintegrar posse.
Queda de braço
O Corvo leu o documento elaborado pelos advogados do Consórcio Educacional das Américas, CEA, e que foi enviado à Unila em 02 de outubro. Há um histórico completo de toda a negociação e propostas dos dois lados. O fato é que o “CEA” até foi complacente com a Unila e cedeu nos valores, por três anos, mas há um problema: o contrato, aparentemente impossível de ser parido, porque depende do Ministério da Educação.
Batata quente
O fato é que o assunto dos aluguéis já fazia parte das campanhas dos candidatos na eleição pela reitoria. A reitora eleita via isso com muitas restrições, tanto que no ato de sua posse, emplacou a promessa do presidente Lula em concluir o campus Niemayer. O problema é lidar com essa horta leguminosa até o edifício ficar pronto. Segundo dizem, assim que Diana entrou no gabinete, a pastinha da encrenca estava em cima de sua mesa, com lampadinhas piscando. Portanto é um assunto que ela deve dar muita atenção e que inspira preocupação.
E como faz?
É um problemão, porque o MEC é quem diz os valores de aluguéis e lá em Brasília não estão muito sintonizados com o mercado imobiliário, com o valor do metro quadrado de Ipanema, ou Foz do Iguaçu. O montante autorizado do aluguel é R$ 310 mil ao mês e fim de papo. “Puxa vida, é dinheiro para a educação, para socorrer uma situação e parece não ser o correto tirarem proveito, sabendo que cedo ou tarde a instituição mudará de local”, disse um observador amigo do Corvo, e que pediu para não ter o nome revelado. Pode não existir esse negócio de “tirarem proveito”, afinal de contas, o mundo dos negócios imobiliários é bem arisco.
Pressão
Dizem as más línguas que o tal do CEA estaria blefando. Ou seja, fazendo uma pressão em favor das negociações para aumentar o valor do aluguel. Sonham com R$ 450 mil ao mês. Os entendidos no mercado imobiliário dizem que o imóvel pode ser avaliado em valores de mercado e em torno de 130/150 milhões. As locações recebem em média 0,50% a.m. do valor imobiliário, e a Unila paga cerca de 0,40%. O caso é que existe uma vinculação contratual e um grau de liberalidade em processo de negociação que é muito restrito, quase sem autonomia de rescisão do gestor. O CEA vive tentando dobrar os valores e quase todos os reitores lidaram com situações similares. Não há como escapar da legalidade. Essas jogadas de negociação não emplacam facilmente. Como escutam falar que a Itaipu investirá mais de meio bilhão na entidade, pode ser, acreditam que a Binacional vai pagar essa conta. Não conhecem o escorpião no bolso do Enio Verri.
Justificativa
E ainda há outra situação. Segundo o Corvo pesquisou, o CEA alugou as instalações com os laboratórios montados. Entraram no pacote até os defuntos que lá haviam. Em vida, jamais imaginariam compartilhar um destino assim, primeiro mergulhados em formol e depois despejados. Uma barbaridade!
Francamente…
…que outro uso havia para o imóvel? Emparedarem a UNILA para obter um acordo mais suculento pode não ser um caminho tranquilo, considerando que do outro lado está a dona Diana, parada dura quando o assunto é encrenca. Deus os livre! É um grifo do Corvo, mas a esta altura a reitora já deve estar preparada para duas situações: uma é arranjar espaço para transferir e acomodar os cursos, de maneira emergencial. Poderá se socorrer no PTI, no Centro da Integração que foi ampliado na Avenida Tancredo Neves e o Corvo soube, que outras instituições estão oferecendo espaço. E o CEA ainda corre o risco da Unila sair e deixar lá meia dúzia de vassouras e os defuntos do laboratório, enquanto a demanda tramitar em possível processo judicial. Definitivamente entrar em acordo amigável ainda é a melhor saída. Que destino darão a um imóvel como aquele? Tá difícil.
Veto do Ratinho?
Itaipu, para ajudar a Unila, articula uma parceria com o governo do Estado, mas o seo Ratinho, ao que parece, não gostou muita da experiência de contratar obras com o dinheiro de Itaipu. Há muitas dores de cabeça com os empreiteiros na Perimetral. Em face disso, há uma possível negociação com o UNOPS, Escritório de Projetos da Organização das Nações Unidas.
Mobilização
Ontem no final da edição o Corvo soube que os alunos da Unila estariam promovendo uma assembleia para deliberar o assunto e dependendo, começariam a organizar manifestações. Vai que numa dessas resolvem queimar pneus em Ciudad del Este? Essa turma é aguerrida, organizada e sabe se articular. Bom, tomara as coisas se encaixem e as partes se acertem.
Compra do imóvel
A Unila, assim como todas as universidades possuem projetos de expansão. O da Unila é muito robusto. Vai que daqui uns tempos conseguem convencer o governo Federal em comprar o imóvel do CEA? É uma situação remota, levando em conta os compromissos com a conclusão do Campus Niemayer, mas não é impossível de ser avaliada, considerando que a entidade é uma das “meninas dos olhos do presidente Lula” na área das relações e integração com os povos latinos. Para isso acontecer, o bom é que as coisas estejam em paz.