COLUNA: NO BICO NO CORVO

A política em Foz

O Corvo passou a tarde da terça-feira e a manhã de ontem conversando com uma porção de políticos e todos estão providenciando roupa para o show, até os que afirmam que não concorrerão. Mas repetindo as análises anteriores, todo mundo tenta embarcar em uma das três canoas. Todas balançam ao movimento das águas. Por enquanto todas estão seguras, sem furos no casco.

 

Em evidência

O mundo da política iguaçuense orbita sempre os nomes mais famosos. Toda a vez que o assunto entra em discussão, falam em Paulo, Chico (ele não pode ser candidato), General, Enio, Gleisi, Vitorassi, e, agora, Sâmis da Silva e Tércio Albuquerque. Eles parecem retornar ao cenário com alguma força e isso tem lá uma explicação. Mas para analisar o terreno é necessário passar um olhar macro, entendendo também a movimentação de algumas figuras novas, como o presidente da Câmara, João Morales e vereadores como Adnan El Sayed. No mais, a longa lista que vem depois (com vários antigos e novos) parece meio homogênea, ou seja, dependendo a corrente, o nome vai junto. O fato é que ninguém quer desperdiçar oportunidade e no lugar de arriscar, muitos tentarão vaga na Câmara, surfando as correntes que vão se formando.

 

Vamos por eliminatórias

Paulo Mac, ao que parece, ainda luta para se livrar de um processo na Justiça. Para uns faz cara de gato que derramou o leite, para outros admite as dificuldades. O processo que ainda pega doído é o da contratação de uma empresa para a captação de recursos. Os demais já foram até arquivados, parece. O ex-prefeito chega aos 75 anos em outubro e segundo dizem está carregando as baterias, ou para encarar a disputa, caso se livre da pendenga, ou em oferecer apoio direto à alguém. Quem será ungido pelo Paulo é um mistério e, de certa forma, cedo para saber. O fato é que Paulo não desiste nunca.

 

No “Podemos”

Falam com todas as letras que o Paulo Ghisi não está em nada satisfeito no Podemos. Ele se sentiria como um gato carregado na caixinha, para ir ao veterinário. Em condições assim o bicho já sabe que vai levar injeção e mia alto e grosso. O problema é que o Paulo ainda não miou, mas respira fundo. Contaram para o Corvo, que é frequente ele se debruçar na sacada de sua cobertura, e dá de ficar olhando as águas do Rio Paraná passarem embaixo da nova ponte. E da velha também. Ele prefere a sacada Oeste, porque no lado Leste aparece o cemitério… cruz e credo!

 

 “Like a bridge over troubled water”

Paulo gosta disso, de olhar as águas, revoltas ou não. Pode ser, por isso encontre algum ponto de conformismo em não disputar as eleições, porque lançar candidatura, e, ficar, escutando o povo lançando dúvida se assumirá ou não, isso é uma tortura. Fazendo as contas, a sentença do Paulo está raspando e pode ser, ainda resulte arrumar a cavalaria. O problema é decidir também a questão partidária. Contaram para o corvo que convites não lhe faltam, em caso de disputa ou apoio.

 

Partidos?

O Paulo não liga muito para isso, tanto que na prefeitura, mantinha secretários de todas as agremiações, da direita à esquerda e ideologias de naturezas das mais estranhas. Disseram que ele sente uma saudadezinha do PDT. Bom, Paulo, ao longo da carreira já pertenceu aos partidos de direita, centro, esquerda, isso não é segredo. Ele admira e respeita as figuras, o caso do Leonel Brizola, como também já esboçou admiração em Lula e Bolsonaro. Mas se perguntarem ou derem chance, ele se defende nas discussões. Usa a farda da sociologia, onde tudo, aparentemente tem uma explicação e, uma saída, igual ao Leão da Montanha. Vamos ver o que o Mac Lanche Feliz da nossa política vai aprontar.

 

Chico só apoia

Dizem que ele está olhando com ternura os amigos de governo, como é o caso do Ney Patrício, mas a turbulência das águas poderá mudar isso. Uma coisa é certa, o prefeito ouvirá bastante os conselhos do povo em Itaipu e ao que se sabe, a engenharia pela escolha de um nome já começou. Não é um exercício simples, só de olhar o terreno. Se houver pulverização da “esquerda” e do “centro”, correm um sério risco em entregar de bandeja a eleição para a “direita”, ainda bem articulada, e, aos poucos, se afastando do rótulo bolsonarista. Apoio do Chico é muito importante e parece que há uma nova pesquisa saindo, com uma boa avaliação de governo e destacadamente em várias áreas.

 

PT trabalhando

Embora as encrencas internas, até porque elas são comuns, o PT está caminhando para um entendimento histórico em matéria de organização em Foz. Segundo apurado, estão avaliando as novas diretorias, os postos avançados e, como isso tudo será usado nas eleições. Olham para a prefeitura e também na possibilidade de emplacar pelo menos três nomes no legislativo. Agora, lançar candidato é o que todos querem, perder, no entanto, é que ninguém quer, de maneira alguma. O PT parece aberto às discussões e claro, devem conversar com os partidos de esquerda e centro. Dependendo, até com gente da direita, como fazem em Brasília.

 

Sâmis Fenix da Silva

O ex-prefeito, ressurgido das cinzas memoriais, trabalha quietinho, usando muito bem as redes sociais, onde atualiza as visitas, os encontros, mostra que está levando a intenção de disputa à sério. Vamos relembrar: Censo Sâmis da Silva da Silva foi vereador entre 1992 e 1994; deputado estadual de 1995 a 1998 e prefeito Foz entre 2000 e 2004. Vai completar 20 anos fora a política e muita gente não sabe ainda explicar como seu nome aparece de  novo no processo. Até esses dias estava no PSDB, mas recebeu um convite tentador do MDB, onde o seo Dino ainda apita. Às vezes bate uma onda saudosista na cidade e as velhas águias se agitam. Caso o Sâmis supere os entraves e consiga sair candidato, é um nome viável para ser apoiado por várias correntes, porque mantém boa relação do centro aos extremos.

 

Espreguiçando as asas

Por onde o Corvo passa alguém diz: “o Tercio acabou de sair…”. Tércio Albuquerque não fica muito tempo longe de foz, sempre retorna ao ninho e toda a vez que isso acontece, arrasta os discípulos pelos bairros e se enche de ânimo. Em recente enquete nas redes, ele pontuou forte na lembrança do eleitorado e neste caso, podemos calcular que faz quase 40 anos que assumiu mandato, quando foi deputado estadual. Depois disso esteve em Itaipu, em vários cargos de destaque. Mas o que o Tércio velho de guerra não abandona, é a peleia política, ele adora isso. É filiado ao MDB e muita gente está falando em dobradinha com o Sâmis. Na cabeça de muitos iguaçuenses isso seria como Emerson Fittipaldi e Nelson Piquet voltarem às pistas, na mesma escuderia.

 

Igual mineiro

O General Joaquim Silva e Luna é pernambucano, mas trabalha igual mineiro, em silêncio, quietinho, aqui, ali, acolá e do nada, alguém aparece dizendo: “nossa, conheci o General, ontem ele estava lá no Portal da Foz, conversando com uns amigos”. E alguém diz também: “o General estava olhando o preços dos pisos lá na Vila Portes e bateu um papão comigo sobre muita coisas, pensa um cara bacana”, revelou um vendedor de loja de materiais para a construção. Mas ao que parece ele se tornou um frequentador do Porto Meira, onde aos domingos arrisca ir comprar um franguinho assado e bate papo com o povo na fila. É o estilo de um “novato” da política na cidade, com a diferença de ter sido o dono da caneta, em uma lista de grandes obras em realização. O Corvo até anda interessado em saber o que ele faria com os atrasos na Perimetral. Isso deve lhe causar algum incômodo. Segundo disseram, o que Silva e Luna não tolera é moleza e mudança de curso nas coisas que planejou.

 

A caneta

As pessoas começaram a se incomodar de verdade com o ingresso do ex DGB de Itaipu na política local. Dizem: “lá em Itaipu, com aquela grana toda e também na Petrobras, era uma coisa, já na prefeitura de Foz é outra, com esse orçamento saia justa”. Bom, aí teremos um problema para todos os candidatos, não apenas para o General.  O eleitor terá tempo de escolher alguém para cuidar da cidade em 2025.

 

Os novos

Em meio à revoada desses pássaros de grande porte, há também os ovos eclodidos, ou seja, os novos. O Corvo transpõe as palavras para o mundo ornitológico e com isso espera que os políticos não se ofendam. Em muitos casos, é bem melhor ser um tico-tico do que uma harpia, dependendo a cadeia predatória. Não está errado escrever que todos, absolutamente todos os nomes que aparecem possuem chances, porque é impossível avaliar o que será, sobretudo se houver segundo turno em Foz. Vai que a massa de eleitores resolve apostar em gente nova? Tudo pode acontecer.

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