Coluna No Bico do Corvo

Furdunço

Foi o Corvo publicar uma nota inocente, ao vasculhar os requerimentos na Câmara, que o pavio se acendeu. A informação trata da realização de uma Audiência Pública, proposta pela vereador Kalito Stoeckl onde a comunidade discutirá o uso medicinal da Cannabis. Isso é debate frequente. O Corvo usou das suas pinceladas de humor e insinuou que poderiam convidar o Fernando Gabeira para o evento. No caso, há muitas autoridades no assunto em Foz, na academia. E, sem qualquer demérito ao Gabeira, um baita cara, sempre à frente do seu tempo. Choveram mensagens e “cartinhas”, algumas demonstrando o irrelevante desconforto de alguns incomodados.

 

O Furacão canábico

Prezado Corvo, o Brasil não leva a sério a ciência, não investe, despreza o que outros países descobrem e isso acontece em relação à Cannabis. Pelo fato de usarem a planta para outros fins, com forte impacto cultural, já a condenam, sem chance de elevar os estudos, muitos dos quais avançados. Não vamos aqui fazer comparações esdrúxulas, mas os brasileiros consomem açúcar em abundância e o produto é elevadas vezes prejudicial à saúde e não há restrições de venda.

Ronaldo C. D. Valentti

O Corvo responde: é verdade. A Cannabis é condenada porque está sempre relacionada à maconha, ou por meio da definição “entorpecente”, é considerada uma “droga”, dentre outras. Diante disso, proíbem até a entrada de medicamentos no país, o que beira ao ridículo. No entanto, cigarros produzidos com produtos químicos dos mais diversos estão em todos os lugares. Os jovens fumam narguilé nas calçadas, bebem destilados e fermentados; o Brasil precisa rever muitas coisas e avançar, no lugar de regredir.

 

Rótulo

Às vezes não dá para acreditar em como certas pessoas conseguem ser tão ridículas. Basta uma autoridade legislativa pedir a abertura de uma discussão, que já enviam mensagens (anônimas) criticando e “rotulando” o proponente de algo que está no curso da ciência. Bom, se há quem acredite que o planeta é plano, e que a chega do homem à Lula é truque de televisão, o que pensar?

 

Relação

Corvo, leio a sua coluna todos os dias e com relação ao assunto da Cannabis, senti uma pontinha de preconceito, quando mencionou que o Paraguai poderia ganhar mais dinheiro com a venda de cannabis que é plantada por lá, do que com a soja. Você usou o termo “maconha”. Saiba que o Paraguai empreende muitas campanhas para proibir o plantio dessa planta e conta com a ajuda de forças norte-americanas. Mas por outro lado compreendo que a sua coluna trata de muitos assuntos com humor, sendo assim, está perdoado.

Mário J. C. Soares

O Corvo responde: prezado vamos decifrar aqui a “pontinha de preconceito”: seria contra os paraguaios, os agricultores formais, ou contra as pessoas que acreditam na ciência, quando estudam a cannabis? Vamos pontuar: é mentira que o Brasil apreende ao longo do ano toneladas de tijolos de maconha? Certa ocasião alguém fez um cálculo para este colunista, de quanto representava em espaço, um tijolo de cannabis prensado. Somente o que é apreendido, resultaria em muitos hectares de plantação, logo, se as apreensões fossem comercializadas, no lugar de queimadas, isso representaria muito dinheiro. Foi isso que o colunista colocou em discussão. De outra maneira, basta alguém expressar que a cannabis merece atenção científica que já suergem críticas desmedidas e grosseiras, como as dirigidas ao Corvo na data de ontem. Uma barbaridade a pequenice de algumas pessoas.

 

A ciência

Outro assunto delicado é essa onda xenofóbica contra alunos, professores e a instituição chamada UNILA. Precisam acabar com isso. O Corvo não irá reproduzir o conteúdo de uma mensagem, simplesmente para não encher o ego do agressor. O fato é que a universidade avança e produz resultados. Na área da medicina, vale a pena as pessoas pesquisarem, no lugar de simplesmente criticarem e gastarem o tempo com a imbecilidade. Bastaria acessar o You Tube e digitar ” A era da Reposição Canábica está chegando”, com a palestra do professor Francisney Nascimento. A canabis e ayahuasca podem encurtar o caminho em tratamento de doenças como Parkinson, Alzheimer. Nascimento, professor de Medicina na Unila, é Doutor em Farmacologia, com Pós-doutorado em Neurofarmacologia, no Canadá e coordena o curso de Mestrado em Biociências.

 

A vida e os ignorantes

Foz do Iguaçu, em certos aspectos é uma sociedade que às vezes se mostra preconceituosa e o Corvo pergunta: isso no fim das contas atrapalha? Depende o ponto de vista. Se todos concordássemos em todos os assuntos, o destino seria um, mas quando alguém discorda, há chances aprimorar uma iniciativa, mesmo que isso “gaste” o tempo, precioso em muitos casos. O bom sempre é discutir e isso ajuda a vencer o preconceito. Foi assim em todos os segmentos. Foi necessário suplantar décadas até uma maioria ser convencida que se necessitaria inovar no ramo do Turismo. Quando a ideia prevaleceu, as coisas andaram para valer. Mesmo assim, haja discussão e besteirol para todo lado.

 

Aprimoramento

Não está errado dizer que crescemos quando discutimos, mas há a intolerância e a teimosia bestial pela frente e é necessário saber vencer isso com paciência e sabedoria. A manchete de ontem, deste jornal foi: “Visitação recorde nas Cataratas anima o setor de Turismo”. É um fato, mais de um milhão de visitantes e turistas já ingressaram no PNI neste ano, três vezes mais a visitação anual nos anos 80. Vamos potencializar o ânimo e tocar a bola pra frente.

 

Enfim as obras

Os tratores estão roncando no trevo de junção da Avenida das Cataratas e BR-469, mandando ver nas alças de acesso e viaduto da Perimetral Leste. O local ficou meses sem o movimento de trabalhadores e quem passa por lá terá uma ideia da complexidade da obra, a começar pelo curso dos riachos e nascentes. Teremos um novo rio para a visitação, diga-se.

 

Rebaixamento

A empreiteira trabalha no acesso, rebaixando o piso, de maneiras que caminhões e ônibus não mais entalem no novo viaduto. Pelo visto, se o ritmo for mantido, em breve não haverá a necessidade de manobras em frente ao Hotel Carimã. As filas ultrapassavam o Golf Club; em alguns dias o trânsito beirava museu de cera, uma loucura. Vamos imaginar o movimento compartilhado com as obras. É necessário atenção dos motoristas, também pedestres e ciclistas, por em vários trechos nem há acostamentos.

 

Indianópolis

Corvo, você sempre menciona uma tal ponte na Rua Tigre, na localidade chamada Buenos Aires, que faz parte do Carimã, mas segundo disseram, havia uma pessoas fazendo a topografia na Rua Indianópolis. Foram perguntar e a resposta é que ela será revitalizada como acesso à Avenida Mercosul. O que acha? Será que isso vai dar certo?

Nelson M. Justus

O Corvo responde: prezado, qualquer iniciativa ou sinalização de soluções já ajuda bastante. A ponte na Rua Tigre era uma solução, mas se reativarem a Indianópolis, antiga estrada das Cataratas, será de bom tamanho. Parece que haverá uma via “marginal” com duas mãos e isso facilitaria o encontro entre as localidades. Mas qual o problema se houver a ponte e a marginal? Tudo é progresso.

 

Violência

Corvo, é bom saber que Foz está criando diferenciais para a proteção das mulheres. A sociedade precisa se esforçar para diminuir os índices e ocorrências de casos contra as mulheres, temos que virar essa página obscura! Não é possível que isso continue assim.

Vânia S. C. V. Silvano

O Corvo responde: a sociedade organizada busca formas de atenuar as ocorrências, ainda muito acima da média em todo o país. O setor público está trabalhando, a prefeitura inclusive entregou viaturas, mas que bom se elas não fossem necessárias. Conscientizar é o caminho e os agressores precisam entender o que é a Lei Maria da Penha e que ela faz valer. Enquanto a conscientização demora, denuncie em caso de testemunhar algum tipo de agressão, até mesmo psicológica, o que muitas pessoas ainda não sabem ou não imaginam que é crime.

 

Endurecimento nos serviços

Corvo, o que aconteceu será? Vejo vereadores trabalhando nesse assunto dos serviços de água e luz. Me disseram que as pessoas estão reclamando o corte nos fornecimentos e que não conseguem mais renegociações. Acontece que os valores já são altos e sem negociação? Olha, muita gente vai sofrer.

Luiz A. C. Bretas

O Corvo responde: prezado, houve muita flexibilização em razão da pandemia e as concessionárias precisam receber os débitos e repor os prejuízos. No mais, os consumidores devem estar atentos, mas o ideal é correr e não deixar o corte no fornecimento ser realizado. O Corvo vai pesquisar o que acontece e volta com esclarecimentos mais precisos. Outra medida é a economia. Isso é fundamental. No caso da energia elétrica é possível baratear de duas maneiras, na base do esforço ou colocando painéis fotovoltaicos. Já no caso da água, só fechando as torneiras, usando menos e com racionalidade e estancando vazamentos. Não há outra saída.