PF indicia Bolsonaro, Braga Netto e mais 35 em inquérito sobre tentativa de golpe

A Polícia Federal (PF) concluiu nesta quinta-feira (21) o inquérito que apura a existência de uma organização criminosa acusada de atuar coordenadamente para evitar que o então presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, e seu vice, Geraldo Alckmin, assumissem o governo, em 2022, sucedendo ao então presidente Jair Bolsonaro, derrotado nas últimas eleições presidenciais.

Em nota divulgada ontem, a PF confirmou que já encaminhou ao Supremo Tribunal Federal (STF) o relatório final da investigação. Sem citar nomes, a PF revela que indiciou 37 pessoas pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa.

Ainda segundo a PF, as provas foram obtidas por meio de diversas diligências policiais realizadas ao longo de quase dois anos, com base em quebra de sigilos telemático, telefônico, bancário, fiscal, colaboração premiada, buscas e apreensões, entre outras medidas devidamente autorizadas pelo Poder Judiciário.

As investigações apontaram que os envolvidos se estruturaram por meio de divisão de tarefas, o que permitiu a individualização das condutas e a constatação da existência de ao menos seis núcleos: o de Desinformação e Ataques ao Sistema Eleitoral; o Responsável por Incitar Militares a Aderirem ao Golpe de Estado; o Jurídico; o  Operacional de Apoio às Ações Golpistas; o de Inteligência Paralela e o Núcleo Operacional para Cumprimento de Medidas Coercitivas.

“Com a entrega do relatório, a Polícia Federal encerra as investigações referentes às tentativas de golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito”, informou a PF.

 

Veja quem são os 37 indiciadas pela PF pelos crimes de abolição violenta do estado democrático de direito, golpe de estado e organização criminosa:

  1. Ailton Gonçalves Moraes Barros
  2. Alexandre Castilho Bitencourt da Silva
  3. Alexandre Rodrigues Ramagem, deputado federal, ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e delegado da Polícia Federal
  4. Almir Garnier Santos, ex-comandante da Marinha
  5. Amauri Feres Saad, advogado citado na CPI dos Atos Golpistas como “mentor intelectual” da minuta do golpe encontrada com Anderson Torres
  6. Anderson Gustavo Torres, ex-ministro da Justiça
  7. Anderson Lima de Moura
  8. Angelo Martins Denicoli, major da reserva do Exército que chegou a ocupar cargo de direção no Ministério da Saúde na gestão Eduardo Pazuello
  9. Augusto Heleno Ribeiro Pereira, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional e general da reserva do Exército
  10. Bernardo Romão Correa Netto
  11. Carlos Cesar Moretzsohn Rocha
  12. Carlos Giovani Delevati Pasini
  13. Cleverson Ney Magalhães, coronel do Exército e ex-oficial do Comando de Operações Terrestres
  14. Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira, ex-chefe do Comando de Operações Terrestres do Exército
  15. Fabrício Moreira de Bastos
  16. Filipe Garcia Martins
  17. Fernando Cerimedo
  18. Giancarlo Gomes Rodrigues
  19. Guilherme Marques de Almeida
  20. Hélio Ferreira Lima, tenente-coronel do Exército identificado em trocas de mensagens com o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro Mauro Barbosa Cid
  21. Jair Messias Bolsonaro, ex-presidente da República, ex-deputado, ex-vereador do Rio de Janeiro e capitão da reserva do Exército
  22. José Eduardo de Oliveira e Silva
  23. Laercio Vergililo
  24. Marcelo Bormevet
  25. Marcelo Costa Câmara
  26. Mario Fernandes, ex-número 2 da Secretaria-Geral da Presidência, general da reserva e homem de confiança de Bolsonaro
  27. Mauro Cesar Barbosa Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência, tenente-coronel do Exército (afastado das funções na instituição)
  28. Nilton Diniz Rodrigues
  29. Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Filho
  30. Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, ex-comandante do Exército
  31. Rafael Martins de Oliveira, major e integrante do grupo ‘kids pretos
  32. Ronald Ferreira de Araujo Junior, oficial do Exército
  33. Sergio Ricardo Cavaliere de Medeiros, major do Exército
  34. Tércio Arnaud Tomaz, ex-assessor de Bolsonaro e considerado um dos pilares do chamado “gabinete do ódio”
  35. Valdemar Costa Neto, presidente do PL, partido pelo qual Jair Bolsonaro e Braga Netto disputaram as eleições de 2022
  36. Walter Souza Braga Netto, ex-ministro da Defesa e candidato a vice de Bolsonaro em 2022, general da reserva do Exército
  37. Wladimir Matos Soares

O indiciamento pela Polícia Federal indica que foram encontrados elementos suficientes para apontar a participação de Jair Bolsonaro, Braga Netto e Mauro Cid em uma trama golpista que visava interromper o mandato do presidente eleito em 2022, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

 

Próximos passos

A PF encaminhou o relatório com os indiciamentos ao Supremo Tribunal Federal (STF). O ministro relator do caso, Alexandre de Moraes, deverá remeter o documento à Procuradoria-Geral da República (PGR) para análise.

Se a PGR considerar que há evidências sólidas que comprovem o envolvimento nos atos, poderá apresentar uma denúncia formal à Justiça contra os investigados. Apenas se o STF aceitar a denúncia, Bolsonaro e seus auxiliares se tornarão réus no processo.

  • Alex Rodrigues – Repórter da Agência Brasil / Foto: Valter Campanato/ABr.

 

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