Venda de combustíveis em Puerto Iguazú cai 50% após reajustes, diz monitoramento

A venda de combustíveis caiu aproximadamente 50% em janeiro de 2024, no comparativo a janeiro do ano passado, nos postos de abastecimento de Puerto Iguazú, município argentino ligado à Foz do Iguaçu pela Ponte Tancredo Neves. A redução no volume de vendas atingiu ainda outros setores e produtos. As informações tem como base o monitoramento da Câmara de Estações de Serviço e Serviços Correlatos do Nordeste da Argentina (Cesane). A queda no movimento está ligada aos ajustes econômicos promovidos pelo governo Javier Milei, que está prestes a completar dois meses.

O cenário nas ruas de Puerto Iguazú está um pouco diferente daquele comum do ano passado. Quem cruza a fronteira hoje, percebe logo na entrada em solo argentino a ausência das filas intermináveis de veículos para comprar gasolina ou óleo diesel nos postos locais, um comércio aquecido principalmente por moradores de Foz do Iguaçu e dos municípios fronteiriços do Paraguai – Ciudad del Este, Hernandárias e Presidente Franco. Muitos traziam o produto para revenda em suas cidades de origem, configurando crime de contrabando e descaminho.

“Paraguaios e brasileiros, que usaram todo tipo de engenhosidade para trazer combustível barato, passaram a fazer parte das muitas anedotas vividas na região da Tríplice Fronteira”, ressaltou o jornal La Clave, ao abordar a nova realidade das ruas de Puerto Iguaçu. A situação mudou com o governo de Javier Milei, desde 10 de dezembro de 2023, que concentrou esforços na redução de todos os tipos de subsídios e medidas que desaceleraram o preço real, não só dos combustíveis, mas de inúmeros outros produtos.

De acordo com a Cesane, as mudanças econômicas refletiram na maioria dos postos localizados na província argentina de Misiones, que faz fronteira com o Brasil e Paraguai e registraram queda de até 50% nas vendas de gasolina e diesel, em relação ao mesmo período do ano anterior.  A queda foi causada por fatores como o aumento acumulado de 97% nos preços desde o final de novembro e a perda de poder de compra da população local.

No caso de Puerto Iguazú, também há diminuição do turismo rodoviário e da fuga de consumidores brasileiros e paraguaios, que deixaram de abastecer em postos de cidades fronteiriças. Em geral, em Misiones, o mês de janeiro fechará com um volume de vendas entre 40% e 45% menor, podendo chegar a 50%. “A situação do setor comercial é complicada”, ressalta o La Clave.

 

Movimento normal

Em Posadas, capital de Misiones na fronteira com Encarnación (Paraguai), a queda não é tão sensível devido à demanda interna e dos municípios do seu entorno. Para o mês de fevereiro é esperado um novo aumento nos combustíveis na Argentina, estimado pelo mercado em torno de 20%. A intenção do governo Milei é alcançar a paridade com os preços praticados internacionalmente.

A falta de atualizações fiscais e a incerteza sobre a política de preços do governo argentino também contribuem para a preocupação no segmento econômico. As câmaras empresariais do setor estão a avaliar o impacto desta situação e procuram soluções para garantir a sustentabilidade dos postos de abastecimento no futuro.

Como aconteceu em outras ocasiões, os preços de outros itens, além do combustível, deixaram de ser atrativos em Puerto Iguazú, tanto para brasileiros quanto paraguaios, que deixaram de fazer compras nas lojas locais. No entanto, alguns itens ainda mantiveram certa vantagem, como determinados produtos alimentícios, incluindo carnes e vinhos.

Outro fator relacionado a política econômica de Milei é a presença de argentinos nos supermercados de Foz do Iguaçu, que ainda é tímida, mas em anos anteriores lotava os estabelecimentos, especialmente aqueles localizados na região do bairro Porto Meira. Entre os produtos com preços vantajosos no Brasil, para os moradores de Puerto Iguazú, estão frango, arroz e outros itens da cesta básica.

 

  • Da Redação / Foto: Gentileza/La Clave

 

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