Por meio da arte, projeto em Foz discute os traumas causados pela violência doméstica

Com certeza você já ouviu a frase: “a arte imita a vida”. A retórica não somente é verdadeira, como também ajuda na abordagem de temas, por vezes delicados, de uma forma que possa causar impacto, sem apelos chocantes. Foi exatamente este o propósito de uma exposição de pinturas, realizada, em Foz do Iguaçu.

Organizado pela ONG Coração, que atende adolescentes e mulheres em situação de vulnerabilidade social na Ocupação Bubas, o evento ocorreu no Recanto Cataratas Thermas Resort & Convention Palace e reuniu autoridades e empresários do Paraná.

Um total de 40 telas, todas pintadas pelas alunas da ONG, retratou de maneira expressiva, simbólica e sensível os traumas causados pela violência doméstica e abuso sexual contra mulheres. A mostra marcou o Dia Internacional para a Eliminação da Violência Contra as Mulheres, celebrado neste sábado (25).

“É importante que a gente chame a atenção para a causa, para os atos violentos contra as mulheres, que a sociedade permite ainda. A gente vê o aumento do feminicídio, da violência em geral. É preciso que as pessoas vejam também pela cultura e arte, a movimentação para aniquilar o abuso, a violência contra meninas e mulheres”, afirmou a coordenadora do projeto, policial militar Scheila Melo.

Para se ter uma ideia sobre a importância desta e de outras ações, basta observar as estatísticas. Neste ano, a Secretaria de Segurança Pública do Estado (Sesp) já contabilizou quase sete mil Boletins de Ocorrência de violência contra a mulher em Foz. Destes casos, mais de dois mil ocorreram no ambiente familiar. Seis feminicídios também foram registrados até outubro. As vítimas tinham idades entre 22 e 41 anos.

As pinturas, que contaram com o auxílio da policial militar Ana Paula dos Santos, que ministra as aulas de artes, revelam experiências, dores, alegrias, tristezas, medos e sonhos das mulheres que integram o projeto Coração. Algumas obras trazem cores alegres, outras, cores frias e reflexivas. Nos quadros, os traços revelam o mais íntimo de cada artista.

“Essas expressões do que não se consegue dizer em palavras, quando você pinta, você dá vazão ao que sente. Alguns dos desenhos refletem vida, outros revelam traços de muita dor”, destacou a PM Santos.

Além das policiais, a ONG conta com o apoio de uma psicóloga e de outros profissionais, em atividades que incluem orientações sobre estratégia de combate e prevenção a violência contra mulher e família, aulas de educação ambiental e sustentabilidade, política e cidadania, defesa pessoal e esportes, comunicação e literatura, empreendedorismo e psicologia.

 

União, aconchego e força

Criado em 2019, o Projeto Coração atende 60 adolescentes e mulheres, promovendo oficinas para aumentar as habilidades e conhecimentos das meninas, que possibilitem a construção da autonomia pessoal, incentivando que cada uma se torne protagonista da própria história.

Cerca de 70% das alunas são moradoras do Porto Meira e vivem em situação de vulnerabilidade. O restante reside na região Nordeste da cidade e todos os sábados são transportadas de forma gratuita até a região do Bubas para acompanhar as aulas.

Com a colaboração de 30 voluntárias, as meninas aprendem sobre mídias sociais, educação ambiental e turismo, política e cidadania, defesa pessoa, comunicação e literatura, civismo, princípios e valores, empreendedorismo e psicologia.

A ONG também é participante ativa no Calendário da Organização das Nações Unidas (ONU) nos “16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres”, demonstrando o compromisso com iniciativas globais de combate à violência de gênero.

  • Da redação / Fotos: divulgação

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