Pesquisa traça perfil dos cães com Leishmaniose Visceral em Foz

Uma pesquisa realizada no Programa de Pós-Graduação em Biociências da UNILA traçou o perfil dos cães acometidos pela Leishmaniose Visceral Canina (LVC) em Foz do Iguaçu. O estudo, conduzido a partir da análise de dados de 12 mil cães atendidos pelo Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) entre 2015 e 2020, traz informações que podem auxiliar a estabelecer estratégias de controle dessa doença, considerada endêmica no município e que também pode ser transmitida a seres humanos.

No período analisado, 38% dos cachorros testados pela rede pública testaram positivo para a LVC. A médica veterinária do CCZ Luciana Chiyo tabulou e analisou os dados das fichas clínicas desses animais e concluiu que algumas características dos cães são potenciais fatores de risco. “A cor da pelagem, por exemplo, mostrou-se ser um fator de risco significativo. Cães com pelagem escura apresentaram 41,2% de positividade”, explicou Luciana, que defendeu a dissertação de mestrado em novembro de 2022. O estudo foi publicado pela revista Acta Tropica.

Além da cor, o tipo de pelagem também pode ser um fator de risco. Cachorros com pelo curto tiveram 41,2% de incidência da zoonose. Já entre os de pelo mediano, a incidência foi de 31,3%, e entre os de pelo longo, 22,7%. Cães machos foram mais infectados do que as fêmeas, com 41,1% e 35,7% de positividade, respectivamente. E a LVC é mais comum em animais mais velhos, maiores de 4 anos de idade.

Outro fator de risco é o tamanho do animal. Os casos positivos foram maiores em cachorros de porte grande (41,7%) e porte médio (44,8%). Cachorros pequenos apresentaram 32,9% de exames positivos. “Como a Leishmaniose Visceral é transmitida pela picada de um inseto, o mosquito-palha, provavelmente a questão do porte está relacionada à exposição ao vetor. Um animal grande fica mais exposto e tem mais chances de se infectar”, salienta Luciana.

A pesquisa também realizou uma análise espacial e mostrou que há casos positivos de LVC em todas as regiões de Foz do Iguaçu. “Esse tipo de estudo serve para que o poder público saiba onde estão e como estão distribuídos os casos humanos e caninos na cidade. Em posse destes dados, é possível estabelecer estratégias de controle, como vigilância entomológica, ações de educação em saúde para a população e controle populacional canino, especificamente com ações de castração de machos e fêmeas, principalmente os que vivem na rua”, reforça o orientador da dissertação, professor Kelvinson Viana.

  • AI UNILA

 

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