Foz concentra mais de 20% das apreensões de medicamentos e anabolizantes realizadas no Brasil
Região de Tríplice Fronteira, Foz do Iguaçu é porta de entrada para vários tipos de produtos, muitos deles importados de maneira clandestina. Neste cenário vem ganhando destaque a quantidade de medicamentos e anabolizantes proibidos apreendidos no município que, de acordo com a Receita Federal do Brasil (RFB), concentra cerca de 21,4% de todo o volume recolhido no Brasil nos últimos cinco anos.
Somente neste ano, entre janeiro e junho, as forças de segurança já retiraram de circulação mais de R$ 560 mil em medicamentos ilegais em Foz e região. Uma boa parcela das apreensões ocorreu na aduana da Ponte Internacional da Amizade.
Dentre as ações de destaque está uma registrada no dia 10 de junho. Na ocasião, agentes da RFB e Polícia Federal faziam uma fiscalização de rotina quando abordaram uma motocicleta com fundo falso. No compartimento foram encontrados 3,1 quilos de hormônio masculino puro (testosterona), matéria prima usada na fabricação de anabolizantes injetáveis, avaliada em cerca de R$ 1,5 milhão.
Mais recentemente, no dia 14 de agosto, um idoso de 86 anos e a filha dele foram presos em posse de 172 frascos de anabolizantes e 100 comprimidos destinados a diversos tratamentos, incluindo Pramil, usado para tratar disfunção erétil. Adquiridas no Paraguai, as substâncias seriam vendidas de forma clandestina em academias na cidade de São Miguel do Iguaçu.
No último final de semana, um homem foi detido, também na Ponte da Amizade, com 85 ampolas e 12 comprimidos de anabolizantes diversos, 50 comprimidos de Cytotec (medicamento abortivo), e 400 comprimidos de Pramil, todos proibidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Além das academias, esses produtos são comumente comercializados pela internet para várias regiões. Outras alternativas, como despache pelos Correios, também são usadas para enviar e receber medicamentos ilegais.
Segundo a Receita Federal, as ações são constantes na tentativa de frear este tipo de crime, que além do prejuízo financeiro ao mercado legal, traz também diversos riscos à saúde de quem consome.
“A proibição do contrabando de medicamentos e anabolizantes proibidos pela Anvisa tem como objetivo preservar a saúde pública e garantir a segurança da população. O contrabando de tais produtos apresenta sérios riscos à saúde dos consumidores, uma vez que esses itens não passaram pelas avaliações regulatórias necessárias”, ressalta o órgão.
Quem é pego com estas substâncias em ações policiais responde por contrabando e crime contra a saúde pública, com pena que pode chegar a 15 anos de reclusão. Os produtos recolhidos passam por processo de destruição na alfândega da RFB.
Estética movimenta mercado clandestino
Um dos fatores responsáveis pela crescente na importação ilegal de anabolizantes e suplementos alimentares está ligada à estética. O culto ao corpo perfeito faz com que muitas pessoas recorram a este tipo de produto para conquistar músculos mais rapidamente.
Entretanto, esta prática traz vários riscos quando realizada de forma indiscriminada, uma vez que pode provocar distúrbios e outros problemas que podem, inclusive, levar ao óbito.
“O uso de esteroides androgênicos anabolizantes são terminantemente proibidos para performance esportiva, tanto de atletas profissionais e amadores, pois não há estudos científicos de segurança de uso para esta finalidade, porém, as mesmas substâncias podem ser usados para algumas condições clínicas, porém somente com prescrição adequada”, explicou o médico WalidSafadi, especialista em endocrinologia.
- Da redação / Foto: Receita Federal