Bloco das Martinas celebra o empoderamento feminino e luta contra às violências contra as mulheres

O coletivo Baque Mulher Foz já reconhecido por seu trabalho em defesa dos direitos das mulheres. Foi pioneiro na luta pela igualdade menstrual na fronteira e se reúne agora para levar suas lutas ao carnaval de Foz através do Bloco das Martinas.

Em uma mobilização inédita no carnaval iguaçuense,o Bloco das Martinas e leva à rua o debate para combater a violência contra as mulheres. Batizado em memória à Martina Conde Piazza, estudante uruguaia que foi tragicamente assassinada durante o carnaval de 2014 em Foz do Iguaçu, o grupo carnavalesco homenageia a vítima e destaca a urgência de combater a violência de gênero, a transfobia, o assédio e o feminicídio.

No dia 2 de março de 2014, durante as celebrações de carnaval, após se apresentar com um grupo de Maracatu, Martina encontrou-se com um rapaz em um bar. Depois de sair do local com ele, a estudante desapareceu. A busca por Martina começou somente 48 horas após seu desaparecimento, impulsionada pela pressão da embaixada do Uruguai sobre a polícia brasileira. Quatro dias depois, Martina foi encontrada morta em um apartamento.

O assassinato de Martina chocou a comunidade e ressaltou a gravidade da violência contra as mulheres. De acordo com a Delegacia da Mulher de Foz do Iguaçu, houve sete feminicídios consumados em 2023, mais que o dobro de casos ocorridos em 2022. “O principal fator desse aumento é o machismo enraizado dentro da nossa sociedade. Precisamos lutar fortemente contra o machismo. O Bloco das Martinas é uma linda iniciativa nessa luta diária contra o machismo, já que irá debater um assunto importantíssimo em uma época em que a violência contra a mulher costuma aumentar: no carnaval”, afirma a delegada Giovanna Antonucci.

O Paraná é o terceiro estado brasileiro em número de casos de violência contra a mulher. Até setembro de 2023, o Estado registrou 137 casos de feminicídio. Conforme os dados apresentados pelo Laboratório de Estudos de Feminicídios (LESFEM), até julho de 2023, o Brasil registrou 1.153 casos de feminicídio. Durante o primeiro semestre de 2023, foram registrados 722 casos de feminicídio, um número que representa o maior registrado desde 2019 para o mesmo período.

 

Resistência

“O Bloco das Martinas é um esforço coletivo de mulheres que não aguentam mais conviver com casos de violência contra os seus corpos. Nós queremos levar à narrativa do carnaval, o debate e a mudança de comportamento, promovendo um espaço de resistência, memória e luta contra o feminicídio, violências de gênero, assédio e transfobia. Ao mesmo tempo, celebrar, através da arte, a cultura popular nacional, com alegria e protagonismo feminino”, explica Valentina Virgínio – coordenadora do Baque mulher Foz e a idealizadora do bloco das Martinas.

Valentina explica que a ideia surgiu após uma intensa discussão sobre os desafios enfrentados pelas mulheres em espaços tradicionalmente dominados por homens, como os blocos de carnaval. Após participar de uma reunião com líderes de blocos carnavalescos, decidiu criar um movimento que pudesse abordar temas como o assédio sexual e a transfobia de maneira eficaz, irreverente, descontraída, segura e responsável.

“O bloco se propõe a ser um espaço inclusivo, onde homens aliados também são convidados a participar e apoiar a luta pelo fim da violência de gênero”, afinal essa é uma luta de todos nós segundo Valentina esta inclusão visa quebrar o ciclo de violência, falando não apenas com as vítimas, mas também com os potenciais agressores.

Como parte de suas atividades, o Bloco das Martinas distribuirá tatuagens temporárias com a campanha “Não É Não” – que nacionalmente destacou a importância das relações consensuais durante o Carnaval – e leques informativos contendo canais de denúncia. Além da participação no carnaval, o coletivo planeja ações artísticas e culturais no sábado de carnaval, na festividade que ocorrerá na Praça da Paz envolvendo mulheres artistas e empresárias da região. Esta abordagem multifacetada busca destacar a importância da arte e da cultura na promoção de mudanças estruturais e sociais.

Com mais de 150 integrantes, o bloco também enfatiza a importância da Patrulha Maria da Penha, trazendo visibilidade à rede de proteção e apoio às mulheres em situação de vulnerabilidade. Valentina explica que assim como a Patrulha, a colaboração das entidades, como do CRAM e a Delegacia da Mulher, só reforça o compromisso do bloco em ser uma plataforma de informação e suporte constante.

Quem quiser fazer parte do Bloco, pode entrar em contato pelo página do Instagram @blocodasmartinas. Por meio desta iniciativa, o Bloco das Martinas espera não apenas animar o carnaval, mas também promover uma mudança significativa na maneira como a sociedade lida com questões de gênero e violência, criando um ambiente mais seguro e igualitário para todas as mulheres no carnaval e durante todo o ano. Em casos de urgência, como flagrantes e situações de violência contra a mulher, ligue 190, para falar com a Polícia Militar. Para denúncias, ligue 180 – Central de Atendimento à Mulher. Em Foz do Iguaçu, a Delegacia da Mulher atende pelo número (45) 3521-2150.

Instagram: @blocodasmartinas [email protected]

  • Da assessoria / Foto: Marcos Labanca

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