Adilson Pasini lança livro, analisa os desafios culturais e educacionais, e descreve com perspicácia o cenário atual

 

Na semana do lançamento de seu mais recente livro, O Poder Silencioso do Grito, o professor Adilson Pasini, autor de cinco obras e mais de cem artigos, falou ao GDia sobre literatura, cultura, educação e os desafios de despertar o interesse pela leitura no Brasil. Com uma carreira que abrange desde a docência universitária até cargos na administração pública, Pasini traz reflexões marcantes em sua obra e nos temas abordados na entrevista. Ele defende a leitura como hábito essencial, critica a desconexão das universidades com a sociedade e aponta os rumos desejados para a cultura, especialmente na cidade de Foz do Iguaçu, onde atuou como diretor da Fundação Cultural. Além de compartilhar o processo de criação de seu livro, que levou oito meses para ser finalizado, o professor revela planos para uma autobiografia e enfatiza a necessidade de resgatar projetos culturais que valorizem a memória e a identidade local.

Confira a entrevista:

GDia:  Quais os motivos para comemorar o seu novo livro?

Os motivos são os índices, já temos no Brasil 27% da população que leu um livro inteiro e 20% leu parte de um livro. Mas, segundo o IPEC, 53% da população brasileira não leu um livro na vida.

 

Os capítulos do livro abrem com temas fortes, capturou os assuntos no momento certo?

O livro é o resultado de observações no sentido de entender as pessoas que tinham uma linha de pensamento diferente da maioria, capturei não apenas a ideia dos que pensam que o Estado deve dar conforto para todos o tempo todo, mas outros assuntos que estão isolando gerações.

 

E os artigos?

Os textos que apresento nos artigos se mostram marcados por um modo direto, nada postiço ou caricato. Os argumentos são razoavelmente impulsivos o que deixa uma leitura irrefreável.

 

Qual a abrangência do livro que espera ter?

Eu espero que o livro transforme o silêncio de muitos num grito, isso porque a leitura de cada capítulo tem um fluxo incontrolável, possibilitando ao leitor se reconhecer no meio de tantas palavras.

 

No segundo capítulo, vimos que o assunto trata de um tal “Sistema”. Tem um alvo específico?

Não tem nenhum alvo, trata-se apenas de constatações de que há um cartel que, de forma sincronizada, se manifesta a favor das mesmas coisas, sempre com as mesmas palavras e sempre ao mesmo tempo, poderia dizer aqui: São as forças que movimentam as usinas da indecorosidade.

 

No terceiro capítulo, a palavra “INSOLENTE” parece indicar um grupo, quem são?

São os grupos que integram a camada da sociedade desnivelada da pista da razão. Nessa camada, encontramos duas categorias: os espertalhões, que são aqueles que se aproximam quando sentem a fragrância das conveniências, e os fanáticos, que são aqueles que vivem no mundo da imaginação.

 

Quanto tempo levou para terminar o livro?

Foram oito meses para consolidar os dados das anotações que fiz durante décadas.

 

Por que motivo alguém iria ler o seu livro?

Talvez por motivo semelhante ao que iria assistir um filme.

 

Como professor universitário como vê as universidades hoje?

Com certo lamento, as universidades hoje sobrevivem agarradas nas teias da sua imaginária significância, estão isoladas da sociedade equilibrada e dominadas pela militância insolente. Mas vale acrescentar que o Brasil não é o único país onde o ensino superior se vê descompassado da realidade.

 

 

Vemos influenciadores digitais produzindo conteúdos, muitos deles sequer citam alguns dos notórios escritores nos textos que escrevem, como analisa isso?

A leitura é um hábito distinto, singular, especial, e não deve ser confundida com as rotineiras banalidades publicadas por aí.

 

Como vê a cultura em geral?

A formação educacional e o acesso à cultura são compromissos constitucionais, ultimamente, o mundo tomou um rumo que não oferece acessos prazerosos à cultura. No entanto, é preciso ter esperança, as futilidades são passageiras.

 

Como diretor geral da Fundação Cultural que foi por muitos anos, o que espera daquela entidade daqui para frente?

Eu espero que resgatem o que foi desativado, como a Orquestra, a Banda e o Coral municipal, que incrementem a Feira do Livro que criamos em 2005, a Fartal, o Carnafalls, o programa Arte Por Toda Parte, os festivais, os concursos e os pontos de cultura nos bairros, que se crie a Casa da Memória, face o rico histórico da cidade que foi abandonado nas gavetas do tempo, que se incentive a formação de novos produtores culturais, que restabeleça a identidade cultural aliada aos bens patrimoniais turísticos e sintonizados pelo que estar por vir, como um teatro e museu de arte. A cidade possui nomes de expressão em todas as áreas, mas não basta apenas existir ou ter vontade, tem que colocar pessoas que desenvolva ações efetivas, do contrário é mero discurso para distrair os incautos. Lembrando que embora se tenha uma gama de ideias, a Fundação tem o controle do seu orçamento sob a lupa do ministério público, do legislativo e do tribunal de contas, cuja operacionalidade e prestação de contas não admite amadorismo

 

Como despertar o interesse pela leitura se uma assinatura de “streaming” custa metade do preço de um livro?

Sinceramente, é um enorme desafio, mas acredito num equilibro a médio prazo.

 

Nos discursos políticos, sempre dizem que é importante desenvolver a cultura, sem dizer como, o que acha disso?

Se alguém conseguir interpretar as ideias e as falas políticas, ouso dizer de que essa pessoa estará apta a escrever uma grande obra.

 

O que está lendo no momento?    

Estou lendo o volume III do livro Escravidão, de Laurentino Gomes.

 

Quais os autores que influenciaram sua obra?

São muitos, cito o Roger Scruton; Lyle Rossiter; George Orwell, Gustavo Maultasch, Thomas Sowell, e acrescento nesta lista um jornalista: J. R. Guzzo.

 

Já pensou em escrever outro livro?

Sim, já está em construção, uma autobiografia, pretendo lançar no final do próximo ano.

 

Onde pode ser adquirido o seu novo livro “O poder silencioso do Grito”?

Em todas as Livrarias da cidade e região, mas se o leitor quiser o livro autografado, é só pedir pelo whatsapp: 45-99963-1020. Informações completas sobre o livro estão no novo perfil do Instagram: @ opodersilenciosodogrito.

Gostaria de todos pudessem acessar e conhecer mais sobre o livro.

 

Para finalizar como você se descreveria?

Sempre que me perguntam, invariavelmente, descrevo minha vida dizendo que nasci na metade do século XX, e, com o passar do tempo, tornei-me um ser trabalhador por índole, íntegro e de fé por herança dos meus pais, erudito por orientação de alguns mestres e pelos apropriados livros que li.

Da redação

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