Obras da sede da Unila serão concluídas com recursos da Itaipu, afirma Enio Verri

As obras da sede da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila) serão concluídas com recursos da Itaipu Binacional, afirmou o diretor-geral brasileiro Enio Verri. Os trabalhos da estrutura projetada pelo arquiteto Oscar Niemayer, que foram iniciados em 2011, estão paralisados desde 2014 e serão retomados graças ao diálogo da instituição com a nova gestão do Ministério da Educação e Cultura (MEC). Ao todo, foram investidos mais de R$ 126,6 milhões no prédio próximo a barragem da usina hidrelétrica em Foz do Iguaçu.

Mesmo antes da paralisação, as obras da sede da Unila já haviam passadas por uma auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU), conforme registrou o GDia em janeiro deste ano. Em 2013, 14 e 15, novas auditorias foram realizadas pelos técnicos da Controladoria Geral da União (CGU) e novamente do TCU. A instituição informou em carta que todas “foram unânimes em apoiar a Unila em seu entendimento de que o consórcio contratado não cumpriu com os compromissos firmados”.

As auditorias também “corroboram o posicionamento da Universidade em negar o aditivo contratual requerido pela empreiteira”, ressaltou a instituição. A Universidade questiona na Justiça o abandono, bem como requer pagamento de multa pelas empresas consorciadas. Paradas há quase nove anos, as obras da estrutura devem ser retomadas. Ainda não é possível estimar uma data específica para o reinício dos trabalhos, que serão custeados com recursos da Itaipu.

De acordo com Enio Verri, a retomada da obra depende de uma avaliação técnica sobre as condições dos esqueletos dos prédios já levantados no local e adequações no projeto. A Itaipu procederá ao convênio que deve resultar na contratação de uma empreiteira ou consórcio para o término da execução. A Unila estima um investimento de aproximadamente R$ 800 milhões para finalização do campus exatamente da forma como consta no projeto.

 

Estimativa

O montante pode não ser plausível, segundo Verri, uma vez que o projeto terá de ser adaptado para que se chegue a um orçamento mais módico. “Com a adequação, será possível chegar em um valor de custo-benefício um pouco melhor”, disse o diretor-geral brasileiro em entrevista à Gazeta do Povo. Na avaliação dele, o valor previsto é muito alto.

O pontapé inicial dos primeiros trâmites foram dados em reunião recente de Verri com o ministro da Educação, Camilo Santana. Tanto Itaipu como o MEC indicaram responsáveis para iniciar as discussões sobre como será revisto o projeto junto ao espólio do escritório de Oscar Niemeyer.

Ao MEC e à Unila caberá negociar junto aos arquitetos responsáveis a adaptação do projeto e, à Itaipu, firmar o convênio para viabilizar a obra. A conta de ambos ficará a cargo de Itaipu. “Nos colocamos à disposição para viabilizar o projeto e o convênio. Pode ser feita uma parceria entre Itaipu, MEC e a Secretaria de Obras do Paraná. O convênio passa os recursos para a Secretaria de Obras, que licita e acompanha a execução”, estima Enio Verri.

Equipes técnicas de Itaipu vêm acompanhando o canteiro. E, em uma avaliação preliminar, crê-se que será possível aproveitar parte do que está sobre o terreno, conta Verri. “A obra parou em um estágio em que faltava ainda aumentar alguns andares. Mas parece-me que não vai dar para fazer isso. O problema, então, é que ela não vai mais conseguir atender ao número de pessoas que se propunha. A partir daí, a dúvida é se terminamos aquela obra e fazemos outras ao redor. Aí é uma questão para o pessoal da arquitetura e da engenharia (avaliarem). Mas terá que ser feita uma adequação, de qualquer forma”, antecipou.

 

Contexto

A Unila foi fundada em 2010, na segunda gestão do presidente Lula (PT). O projeto da sede da instituição foi um dos últimos de Oscar Niemeyer, para um campus que fica dentro da área de abrangência de Itaipu. A obra deveria ter sido concluída em 2015, mas isso nunca aconteceu. A expectativa sobre a retomada da construção já recaía sobre a binacional, mas as tratativas também não avançaram.

A instituição tem atualmente quase sete mil alunos vinculados, com 29 cursos de graduação e 12 programas de pós-graduação, além de cerca de 900 servidores, entre professores e técnicos. Quando a Unila foi pensada, era ter metade dos alunos de origem internacional, no entanto ainda não chegou aos 50% dos estudantes estrangeiros, alcançando 30%.

Aproximadamente 2,5 mil estudantes internacionais compõem a instituição, de 39 nacionalidades. Os países com mais representantes na instituição são Paraguai, Colômbia, Haiti, Peru e Venezuela, mas também há estudantes da Europa, da China e do Líbano, por exemplo.

 

  • Da Redação / Foto: Divulgação/Unila

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *