Muçulmanos celebram o fim do Ramadã com orações e confraternização em Foz
A comunidade muçulmana de Foz do Iguaçu e Ciudad del Este se reuniu na manhã de quarta-feira (10) para celebrar o encerramento do Ramadã, período sagrado marcado pelo jejum de alimentos e bebidas do nascer ao pôr do sol, orações e prática da caridade para os seguidores do Islamismo. Estiveram presentes também no evento autoridades da região.
Como tradição, as famílias foram recebidas na Mesquita Omar Ibn Al-Khattab, onde realizaram orações e participaram de um banquete de café da manhã compartilhado, com doces, pães, bolos e frutas típicas da culinária árabe. Para as crianças, a atenção foi ainda mais especial, com distribuição de brinquedos e algodão doce.
Neste ano o Ramadã começou no dia 10 de março. A data de início e término do mês varia conforme o calendário lunar, respeitado em todo o mundo. Para os seguidores do islamismo, foi neste tempo que os primeiros versículos do Alcorão, a escritura sagrada dos muçulmanos, foram revelados por Allah (Deus) ao profeta Muhammad.
No encontro de ontem, a comunidade lembrou das vítimas do confronto na Faixa de Gaza, no Oriente Médio, que já dura seis meses e causou a morte de milhares de palestinos. As famílias, que já se reuniram em manifestações pacíficas pelo fim da guerra, refletiram sobre o momento atual, mas também agradeceram por graças alcançadas.
“As vezes têm coisas indesejadas, mas a vida é assim. A gente é preparado com gratidão e paciência. Gratidão pelas coisas boas e paciência pela coisas indesejadas. Crises, guerras, que, infelizmente, estão acontecendo na Ucrânia, na Palestina, esses conflitos que estamos vivendo hoje em dia, mas que não podem afetar as nossas celebrações”, destacou o Sheik Oussama El Zahed.
O líder religioso lembrou ainda a importância de Foz do Iguaçu para a comunidade árabe em geral, como exemplo de boa convivência e pluralidade cultural. Na fronteira, concentra-se a segunda maior comunidade árabe na América do Sul com mais de 20 mil pessoas, a maioria libanesa de primeira, segunda e terceira gerações.
“Eu considero essa cidade como um exemplo para o mundo inteiro, de viver em paz, em harmonia, sem causar danos para ninguém. A terra foi criada para vivermos nela. A diferença de raça, idioma, de religião, de nacionalidade, não é motivo pra criar um conflito”, ressaltou.
Sacrifício e compaixão
Durante o Ramadã, os muçulmanos praticam o jejum, abstendo-se de alimentos, bebidas e relações conjugais, do nascer ao pôr do sol. As orações também devem ficar mais frequentes, assim como a prática da caridade e a partilha. Este período é semelhante a alguns pilares vividos pelos cristãos católicos durante a Quaresma, que dura 40 dias.
“O propósito do Ramadã é fortalecer ainda mais a relação dos muçulmanos com Deus, em gestos de sacrifício e abnegação, além de incentivar a união, a paciência e a compaixão entre as pessoas”, explica a comunidade islâmica de Foz.
São dispensados do jejum as crianças, as mulheres em período menstrual, viajantes, pessoas com idade muito avançada ou aqueles que possuam doenças que se agravam com o jejum.
Na quebra do jejum diário, após o pôr do sol nos 30 dias sagrados, as famílias se reúnem e compartilham pratos típicos. No encerramento do Ramadã, chamado Shawwal, acontecem as festividades de Eid al-Fitr, quando as famílias se reúnem em partilha e troca de presentes.
- Da redação / Fotos: divulgação