Foz reduz mais de 90% os casos de dengue com limpeza, educação e biotecnologia

Foz do Iguaçu registrou uma queda de 96,8% nos casos confirmados de dengue no primeiro trimestre de 2025, em comparação com o mesmo período do ano anterior. O número de diagnósticos caiu de 14.313 para 449. As mortes, que somaram nove em 2024, foram zeradas este ano. Também houve forte redução nos casos graves: de 91 para 11.

 

A estratégia por trás dessa virada combina ciência, planejamento e execução contínua. O município tem apostado em uma política pública integrada que articula limpeza urbana intensiva, educação em saúde e uso de biotecnologia. O prefeito, general Silva e Luna, é o responsável por coordenar o projeto desde a origem — ainda em 2020, quando articulou a inclusão de Foz do Iguaçu no programa nacional do método Wolbachia, enquanto era diretor-geral da Itaipu Binacional.

 

“O nosso trabalho é diário, coordenado e baseado em ciência, dados e compromisso com a vida”, afirma Silva e Luna. “Os resultados mostram que estamos no caminho certo.”

 

Entre janeiro e março de 2025, a cidade ampliou significativamente as ações de limpeza: 476 podas de árvores foram realizadas, contra apenas 43 no mesmo período de 2024, e mais de 4.800 toneladas de entulho foram recolhidas. Imóveis abandonados também entraram no radar, com ingressos forçados autorizados pela Justiça em casos de risco sanitário.

 

“O mosquito da dengue se aproveita do descuido. Nosso trabalho é impedir que ele tenha espaço para se multiplicar”, diz o coronel Jorge Ricardo Áureo Ferreira, secretário executivo do gabinete do prefeito e coordenador do Comitê Municipal de Enfrentamento à Dengue.

 

A educação em saúde também ganhou reforço. Nos primeiros três meses deste ano, cerca de 3.300 moradores participaram de ações educativas promovidas pela Divisão de Vigilância Ambiental do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ). O foco das campanhas está nas escolas.

 

“A escola é nosso campo de ação mais transformador. As crianças aprendem e multiplicam esse conhecimento em casa”, afirma a coordenadora técnica do setor Renata Defante Lopes.

 

Biotecnologia e prevenção

Parte central da estratégia municipal é o uso do método Wolbachia, desenvolvido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) com apoio do Ministério da Saúde. A técnica consiste em liberar mosquitos Aedes aegypti infectados com a bactéria Wolbachia, que bloqueia a transmissão dos vírus da dengue, zika e chikungunya.

Desde agosto de 2024, quando começaram as liberações, mais de 34 milhões de “Wolbitos” — como são chamados os Aedes com Wolbachia — já foram soltos em cerca de 50% do território urbano da cidade. A biofábrica de mosquitos foi inaugurada em julho do ano passado e segue em plena operação.

Segundo Renata, o impacto da tecnologia é gradual, mas promete consolidar a tendência de queda nos casos. “A tecnologia leva um tempo para fazer efeito, mas essa estratégia, pensada com antecedência, será fundamental no médio e longo prazo.”

 

O coronel Áureo reforça que a redução atual não se deve apenas à biotecnologia. “O mosquito com Wolbachia não faz tudo sozinho. É a política pública integrada que garante os resultados.”

 

100% da área urbana

Com metade da área urbana coberta pelo método Wolbachia, o plano agora é ampliar a ação para todo o município ainda em 2025. Para isso, a biofábrica seguirá funcionando com liberações diárias dos mosquitos.

 

“A tecnologia, como o método Wolbachia, potencializa os resultados, mas é a união entre gestão pública e população que sustenta a transformação. Seguiremos trabalhando juntos, com responsabilidade e compromisso, para alcançar a cobertura total e consolidar Foz como referência nacional no enfrentamento às arboviroses”, conclui o prefeito.

  • Da redação com PMFI

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *