Educadores municipais iniciam mobilização por reajuste e cumprimento do piso salarial

Com perdas salariais que, segundo cálculos da categoria, ultrapassam os 30%, os profissionais da educação da rede pública municipal de Foz do Iguaçu decidiram intensificar a mobilização por reajuste salarial e cumprimento do Piso Nacional do Magistério. A primeira ação será realizada no dia 26 de abril, um sábado, durante a manhã, nas imediações da Ponte da Amizade — um dos principais pontos de circulação da cidade.

A decisão foi tomada em Assembleia Geral, após a apresentação de um ofício da Prefeitura em resposta às reivindicações encaminhadas pelo Sinprefi (Sindicato dos Professores e Profissionais da Educação da Rede Pública Municipal de Foz do Iguaçu). O documento não apresenta proposta concreta e afirma que “seria prematuro estabelecer, neste momento, um compromisso em ofertar uma proposta de reajuste salarial que deverá ser discutida, amplamente, durante o período do reajuste geral anual”.

Para os trabalhadores da educação, o impasse se arrasta desde 2021, quando o município deixou de aplicar os percentuais de correção previstos pela Lei Federal 11.738/2008. Segundo a legislação, o reajuste anual do piso deve ser aplicado todo mês de janeiro.

Em 2025, o Ministério da Educação fixou o reajuste em 6,27%, o que elevou o salário inicial do magistério para R$ 4.867,77, para uma carga de 40 horas semanais. No entanto, em Foz do Iguaçu, os professores recebem R$ 4.167,42 — uma diferença de R$ 700,35, ou 16,81% abaixo do piso estabelecido nacionalmente.

Além da defasagem em relação ao valor mínimo legal, os educadores também enfrentam perdas decorrentes da inflação acumulada no período. Juntas, essas diferenças já superam 32%, segundo estimativas do sindicato.

“Estamos há quatro anos aguardando que o Piso Nacional seja uma realidade em Foz, é muito desgastante e frustrante ter que cobrar para receber algo que é nosso direito,” afirma a presidente do Sinprefi, Viviane Dotto.

Durante a campanha eleitoral de 2024, o atual prefeito, general da reserva Joaquim Silva e Luna, afirmou que o pagamento do piso seria uma prioridade. Em entrevista ao Portal Diário de Foz, concedida em 19 de agosto de 2024, o prefeito declarou: “Um piso salarial que não é honrado, isso é até ilegal. Então, se existe um valor mínimo que deve ser cobrado, e paga abaixo do mínimo, há uma dívida, uma dívida que pode ser cobrada até judicialmente. Então a minha percepção é que ‘sim’, tem que ser respeitado”.

Diante da ausência de avanços nas negociações, o sindicato afirma que está disposto a esgotar todas as possibilidades antes de recorrer à Justiça. “Nós queremos esgotar todas as possibilidades de negociação antes de tomar uma medida mais drástica de buscar a Justiça para resolver a questão”, explica a assessora jurídica do Sinprefi, Solange Silva. “O problema é que a prefeitura não está sinalizando avanços e isso deixa a categoria muito descontente”.

Além do ato na Ponte da Amizade, os educadores também aprovaram a realização de uma campanha informativa nas redes sociais e nas escolas. Estão previstas a distribuição de materiais de conscientização, produção de faixas, cartazes e outras ações de mobilização para envolver a comunidade escolar.

A categoria segue em estado de alerta e não descarta novas ações públicas, caso a administração municipal mantenha a postura de não apresentar uma proposta concreta de recomposição salarial.

 

  • Da redação com assessoria 
  • Foto Izabelle Ferrari

 

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