Diálogo entre religiões e fortalecimento econômico marcam fórum inédito em Foz

Pela primeira vez sediado em um templo não cristão, o Fórum Paranaense de Turismo Religioso escolheu a Mesquita Omar Ibn Al Khattab, em Foz do Iguaçu, como ponto de partida para discutir os rumos do turismo da fé no Brasil. Entre os dias 8 e 10 de abril, líderes religiosos, autoridades, empresários e profissionais do setor se reúnem na cidade para debater o papel do turismo interreligioso na promoção da convivência entre culturas e no fomento à economia regional

 

A escolha do local não é por acaso. Foz do Iguaçu abriga uma das comunidades mais diversas do país em termos de crença e etnia, além de ser uma referência nacional em turismo. “Foz é um símbolo da diversidade, por abrigar tantas etnias e religiões. Não haveria no Paraná um lugar melhor do que este para o evento”, afirmou o governador em exercício Darci Piana durante a abertura. “É a cidade chave para se debater o turismo religioso e o Paraná vem se destacando neste segmento que mais cresce no país.”

Mais de 500 pessoas, vindas de várias regiões do Paraná, além de participantes do Paraguai e da Argentina, acompanharam a cerimônia de abertura. A programação inclui palestras, painéis, visitas guiadas, rodadas de negócios e uma feira de artesanato promovida por entidades como SEBRAE-PR e Fecomércio-PR.

Entre os convidados, o escritor Gustavo Arns falou sobre espiritualidade e felicidade. Já o show de encerramento, no dia 10, será comandado pela banda de rock cristão Rosa de Saron, no Gramadão da Vila A.

O evento é organizado pelo Comitê Interinstitucional do Turismo Religioso Paranaense, vinculado à Secretaria de Turismo do Estado (Setu-PR), com apoio da Prefeitura de Foz do Iguaçu, da mesquita anfitriã, da Catedral Nossa Senhora de Guadalupe e de instituições como Itaipu Binacional e Fundo Iguaçu.

Segundo o secretário estadual de Turismo, Leonaldo Paranhos, o setor tem sido uma aposta estratégica para o Paraná. “O turismo religioso tem sido uma grande referência para o Estado e para o Brasil, ajudando a desenvolver o setor turístico, que não para de crescer”, disse. “Estamos gerando emprego nessa cadeia, e o turismo religioso não é importante apenas por isso, mas tem um significado ainda mais especial. Ele incorpora vários segmentos da fé, traz momentos de paz e alegria, sem deixar de fazer como os outros setores, de distribuir a renda entre a população.”

Em fevereiro, segundo Paranhos, mais de 1.500 empregos foram gerados diretamente pela cadeia produtiva do turismo. A meta é manter o ritmo de crescimento com qualificação profissional e estruturação de rotas. “Além de gerar emprego e renda, ele gera acima de tudo a união, o respeito e a tolerância”, completou.

A Mesquita Omar Ibn Al Khattab, inaugurada em 1983 e referência turística da cidade, recebe cerca de 100 mil visitantes por ano. Para o líder religioso local, sheikh Osama Al-Zahid, o evento reforça o papel pacificador da religião. “Já tivemos vários eventos interreligiosos na nossa mesquita, mas deste tamanho é a primeira vez. Isso reafirma que a religião jamais será motivo de divergência e de conflito. Ao contrário, ela ajuda a aproximar as pessoas umas das outras”, afirmou. “O turismo é a forma de conhecermos as graças do nosso Criador e de fazer essa ligação entre as pessoas. E várias práticas religiosas são ligadas ao turismo, como o próprio Islamismo e suas peregrinações.”

O coordenador do Comitê Interinstitucional, Eliseu Rocha, também destacou o caráter transformador do turismo religioso. “O turismo religioso tem as suas particularidades. Vemos a parte religiosa muito bem definida, com cada expressão religiosa tendo o seu modo de viver sua experiência, mas também vê o turismo como um produto de transformação de vidas. Isso faz com que as pessoas e as comunidades tenham dignidade, ganhando o seu sustento com esse trabalho.”

A qualificação profissional é outro eixo da estratégia estadual. Mais de mil pessoas já foram capacitadas gratuitamente em parceria com o Senac, em temas como recepção de visitantes, divulgação de atrativos religiosos e comercialização de produtos associados, como artesanato e souvenires.

Além da mesquita, a programação também contempla atividades na Catedral Nossa Senhora de Guadalupe e visitas a outros locais de interesse religioso em Foz do Iguaçu. O prefeito General Silva e Luna reforçou o preparo da cidade para atender ao crescimento desse segmento. “Foz do Iguaçu é uma cidade de vocação turística e preparada para o turismo religioso. Os investimentos estão sendo voltados a isso, ao embelezamento da cidade, segurança pública, mobilidade. Queremos melhorar tudo isso para que o turista venha e volte sempre.”

O secretário municipal de Turismo, Jin Petrycosk, ressaltou o potencial da diversidade local como atrativo. “Em que outro lugar é possível encontrar uma Mesquita, um Templo Budista, uma Catedral, terreiros e diversas igrejas evangélicas? Pessoas buscam apreciar a própria cultura e entender o que acontece em outras religiões.”

Criado em 2018, o Fórum Paranaense de Turismo Religioso tem o objetivo de articular iniciativas entre o setor público, agentes de viagem, instituições religiosas e empreendedores do turismo de fé. A edição anterior, realizada em Lunardelli, no Vale do Ivaí, reuniu cerca de 200 participantes. A expectativa para esta edição é consolidar ainda mais o Paraná como um dos principais polos de turismo religioso do país.

 

  • Da redação com assessorias
  • Foto: Geraldo Bubniak/AEN

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