Após protesto, motoristas mantêm indicativo de greve para o dia 14
Motoristas do transporte coletivo de Foz do Iguaçu cruzaram os braços nesta terça-feira (8), interrompendo a circulação de ônibus por aproximadamente duas horas. A paralisação teve início por volta do meio-dia e foi encerrada às 14h, após uma assembleia da categoria no Terminal de Transporte Urbano (TTU).
De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários (Sitrofi), cerca de 40% da frota foi afetada pela mobilização, que teve como foco a cobrança de benefícios não pagos integralmente pela concessionária do serviço, a Viação Santa Clara (VISAC). A categoria reivindica o pagamento do adicional de cobrança de passagem e o valor integral da cesta básica.
“A paralisação foi pela falta de pagamento dos benefícios, que são o adicional de cobrança de passagem e cesta básica”, afirmou Rodrigo Andrade, secretário-geral do Sitrofi.
Durante o protesto, representantes da empresa e do sindicato estiveram no TTU para dialogar com os motoristas. Após a reunião, a VISAC garantiu o pagamento de reposição salarial e o complemento da cesta básica até a próxima sexta-feira (11), o que levou à suspensão do protesto.
Apesar da retomada do serviço, as negociações entre empresa e sindicato seguem em andamento. A categoria mantém o indicativo de greve para segunda-feira (14).
“Ainda temos outras pautas em discussão, como a jornada de trabalho”, destacou o presidente do Sitrofi Dilto Vitorassi.
A principal demanda do sindicato é a redução da jornada diária de trabalho para seis horas, com meia hora de intervalo. Isso resultaria, na prática, em 5h30 de atividade efetiva. A proposta é criticada pela empresa, que, em nota divulgada no sábado (5), alegou que a medida geraria “grande impacto econômico, técnico e operacional para o sistema”.
Segundo a VISAC, as tratativas com o sindicato ocorrem desde fevereiro. A empresa afirma ter respeitado a data-base da categoria e destaca a necessidade de formalização de um novo Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) para manter as cláusulas econômicas anteriores.
“Sem um acordo coletivo, a VISAC fica impedida de fazer qualquer pagamento salarial sem amparo legal do instrumento coletivo, o que acarretaria ônus salariais insustentáveis para a empresa”, informou a nota da concessionária.
A prefeitura de Foz do Iguaçu, que recentemente prorrogou o contrato com a VISAC por mais dois anos, disse, em nota, que não interfere nas negociações trabalhistas, por se tratar de relação entre empresa e sindicato. A administração municipal pediu diálogo para garantir a continuidade do serviço de transporte à população.
Enquanto isso, os motoristas e o sindicato devem se reunir com representantes da prefeitura nos próximos dias para discutir as reivindicações e buscar alternativas para evitar a greve programada.
NOTA DE ESCLARECIMENTO – VIAÇÃO SANTA CLARA
A VISAC reitera que em nenhum momento deixou de cumprir com suas obrigações trabalhistas. Inclusive, desde que assumiu a operação do transporte público de Foz do Iguaçu, em março de 2022, pagou todos os salários em dia e sempre esteve aberta às negociações.
Entretanto, a empresa reforça que, na última sexta-feira (4), fez o pagamento referente aos 12 dias de março conforme deferido no Dissídio Coletivo de Greve de 2024 publicado pela Justiça do Trabalho no dia 2/4/2025.
A VISAC, assim como sempre procedeu, aguarda o fechamento da negociação de 2025 para pactuar salários, benefícios e outras cláusulas econômicas após o fechamento de um novo Acordo Coletivo de Trabalho (ACT).
A proposta da VISAC é um reajuste de 5% sobre o salário e outros benefícios que sejam pactuados na negociação.
Por último, a VISAC informa que garantiu a data base em 01/03/2025.