Seminário debaterá o Caminho do Peabiru como circuito turístico
Você já ouviu falar no Caminho de Peabiru ou Tapé Aviru, como é conhecido no Paraguai? Os peabiru são antigas trilhas usadas pelos guaranis muito antes do descobrimento da América do Sul. Debater projetos para revitalização dessa área como caminho turístico é a proposta do Seminário Internacional sobre os Caminhos do Peabiru, que acontece entre os dias 28 e 30 de novembro na Tríplice Fronteira.
O evento é organizado pelo Ministério das Relações Exteriores do Brasil, Governo do Paraná, ICMBio e Consulado-Geral do Brasil em Ciudad del Este, e tem apoio da Prefeitura de Foz do Iguaçu.
No dia 28 de novembro, o seminário será no auditório da Itaipu Binacional, em Hernandarias, no Paraguai. No dia 29 de novembro, será no auditório do Parque Nacional do Iguaçu, em Foz do Iguaçu. No dia 30, último dia do evento, será feita uma oficina de planejamento e implementação de trilhas voltada para profissionais do setor e voluntários da Rede Brasileira de Trilhas.
O evento tem como objetivo estreitar as relações entre os projetos brasileiro e paraguaio de revitalização do Caminho do Peabiru, buscando trocar experiências e aprendizados na montagem e operação de caminhadas de longa distância com fulcro histórico, cultural e natural. O debate também visa criar estratégias de implantação, gestão e divulgação do Peabiru como patrimônio histórico e cultural comum aos dois países e, por meio dele, melhorar a integração fronteiriça na área de Ciudad del Este/Foz do Iguaçu.
Participarão especialistas do Brasil, Paraguai, Argentina, Bolívia e Estados Unidos. Entre os palestrantes, estão Nat Scrimshaw, presidente da Rede Mundial de Senderos (Núcleo para as Américas) e Omar Sakr, presidente da Lebanon Mountai Trail, referência mundial no assunto.
O evento é gratuito. As inscrições podem ser feitas por meio do link: https://bit.ly/sem-peabiru.
Sobre o Caminho do Peabiru
O Caminho do Peabiru era o principal entre eles, e constituía-se em uma via que ligava os Andes ao Atlântico, mais precisamente, Cusco, no atual Peru, ao litoral brasileiro, na altura da baía de Paranaguá, estendendo-se por cerca de 3.000 quilômetros, atravessando os territórios dos atuais Paraguai e Brasil, além de Peru e Bolívia. Segundo relatos históricos, o caminho conectava as regiões das atuais cidades de Assunção, Ciudad del Este, Foz do Iguaçu, Alto Piquiri, Ivaí e Tibagi, à região da baía de Paranaguá e litorais de Santa Catarina e São Paulo.
Restam ainda, em pontos isolados de mata e em algumas localidades, reminiscências desse caminho, que se caracterizava por apresentar cerca de 1,4 metro de largura e leito com rebaixamento médio em relação ao nível do solo de cerca de 40 cm, recoberto por uma gramínea denominada puxa-tripa. Nos seus trechos mais difíceis, o caminho chegava a ser pavimentado com pedras. Em alguns lugares, era sinalizado com inscrições rupestres, totens e símbolos astronômicos de origem indígena.
Na década de 1970, uma equipe coordenada pelo professor Igor Chmyz, da Universidade Federal do Paraná, identificou cerca de 30 km remanescentes da trilha no estado do Paraná. Ao longo desse trecho, foram, ainda, identificados sítios arqueológicos com vestígios das habitações utilizadas provavelmente quando os indígenas estavam em trânsito.
AMN