Aumento de vazão nos rios Paraná e Iguaçu acende alerta para risco de inundações em Foz
O grande aumento na vazão dos rios Paraná e Iguaçu acendeu nesta semana um alerta para o risco de inundações nas áreas ribeirinhas de Foz do Iguaçu e Ciudad del Este. Preocupada com a situação, a Itaipu Binacional acionou na quarta-feira (12) a Comissão de Cheias da empresa para monitorar o nível das águas na região.
“Como o Rio Iguaçu desemboca no Rio Paraná, o aumento da vazão deste afluente pode causar um efeito de represamento das águas até a barragem de Itaipu, o que tem ocorrido nesses dias”, informou a hidrelétrica.
Na tentativa de amenizar os efeitos da cheia, especialmente no que diz respeito à elevação do Rio Iguaçu, a Itaipu vêm acumulando o máximo possível de água do Rio Paraná que chega ao reservatório da usina. Na manhã de ontem (13) o nível do lago era de 219,81 metros. Não há previsão no momento de abertura das comportas.
A situação está sendo acompanhada por meio de boletins hidrológicos, emitidos diariamente. Estes são repassados aos órgãos de Defesa Civil do Brasil e Paraguai e analisados pela Divisão de Estudos Hidrológicos e Energéticos da Itaipu, subordinada à Superintendência de Operações da Usina.
Devido ao evento atípico, os níveis do Rio Paraná e vazão do Rio Iguaçu são discutidos também nas reuniões da Comissão de Cheias, formada por profissionais brasileiros e paraguaios, de diferentes áreas da Binacional.
“Diante do cenário, pode haver pontos de inundação até a segunda-feira (17). No entanto, espera-se que o Rio Paraná volte gradualmente aos níveis considerados normais nos próximos dias. A orientação neste momento é para que os moradores e frequentadores de áreas ribeirinhas no Brasil e no Paraguai tenham atenção em relação às oscilações dos rios”, alertou a Itaipu.
Onze vezes mais água
O volume de água nas Cataratas do Iguaçu está 11 vezes acima do normal, tendo ultrapassado os 16 milhões de litros por segundo na manhã de quinta-feira (13). Por consequência, a vazão no Rio Paraná também se elevou bastante, já que o primeiro é seu afluente.
Para se ter uma ideia, às 11h13 de ontem, a estação da Ponte da Amizade marcava 112,85 metros (em relação ao nível do mar). Isso representa quase 12 metros acima da média.
Essa situação já afeta trechos do bairro San Rafael, em Ciudad del Este, no Paraguai. A cota de inundação é de 108,40 metros, para a passarela de pedestres, e de 112,30 metros para a rua de concreto. Pelo menos 100 famílias tiveram de deixar suas casas. No lado brasileiro, a primeira estrutura a ser afetada é o porto de areia no bairro Porto Meira, mas apenas acima de 114 metros.
Em Puerto Iguazú, na Argentina, o cenário também é preocupante. Áreas às margens do Rio Iguaçu foram evacuadas ontem devido às inundações. O acesso às Cataratas foi fechado nesta semana para evitar riscos aos visitantes. No lado de Foz apenas a passarela que dá acesso à garganta do diabo foi fechada.
Chuvas
Além de Foz e região, outras várias cidades do Paraná estão sendo afetadas pelas chuvas dos últimos dias. Em todo o estado cerca de 8,2 mil pessoas sofrem com danos causados pela pluviosidade incessante. Pelo menos 293 casas foram danificadas, 151 pessoas estão desabrigadas e 1,2 mil desalojadas. Uma criança também está desaparecida, em Pato Branco.
O Governo do Estado já enviou ajuda humanitária (colchões e kits de higiene) para a região Sudoeste e trabalha ao lado das prefeituras para minimizar os impactos para a população. Após dois dias de atendimentos intensos no Sudoeste e Oeste, regiões mais atingidas pelas chuvas, a Copel e a Sanepar também já restabeleceram as conexões de luz e água em praticamente todas as casas atingidas pelos temporais e enxurradas.
A notícia preocupante neste momento é de que há previsão de chuva pelos próximos sete dias em Foz e região e em outras localidades. O volume de água deve diminuir de cerca de 70 milímetros registrados na fronteira no início da semana, para cerca de 14 milímetros.
Da redação / Foto: Alexandre Marchetti/Itaipu