Transferido para 2024 júri de policial penal réu pela morte de Guarda Municipal de Foz

A Justiça Federal acatou o pedido da defesa e transferiu para o dia 4 de abril de 2024 o júri popular do policial penal federal e militante bolsonarista Jorge Guaranho, acusado de matar a tiros o então Guarda Municipal e tesoureiro do PT de Foz do Iguaçu, Marcelo Arruda, no momento em que ele comemorava com família e amigos os 50 anos de idade. O julgamento estava marcado inicialmente para o dia 7 de dezembro deste ano. Enquanto aguarda o julgamento, o réu segue preso no Complexo Médico Penal de Pinhais, na região metropolitana de Curitiba.

O crime contra Marcelo Arruda completou um ano no último dia 9 de julho. Ele comemorava o aniversário de 50 anos em uma festa que tinha como tema o PT e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na denúncia, o Ministério Público do Paraná (MP-PR) afirmou que os fatos tiveram “motivação política”. Guaranho é réu por homicídio duplamente qualificado por motivo fútil e perigo comum contra familiares e amigos convidados da vítima, incluindo mulheres e crianças.

A defesa do ex-policial penal alegou ter sido surpreendida com a inclusão no processo de um laudo pericial e de não ter sido “intimada, nem tampouco participou da produção de provas naqueles autos”. A análise apontada pelos advogados foi produzida a partir do celular de Claudinei Coco Esquarcini, que na época do crime era responsável por liberar as senhas de acesso às imagens das câmeras de segurança da Associação Esportiva Saúde Física Itaipu (Aresf), local da festa.

 

Vendo a festa

E foi por um aparelho de celular que o atirador ficou sabendo da festa, ao ver as imagens durante confraternização que participava, próxima ao local do crime. Num primeiro momento, ele foi até o local acompanhado da esposa e do filho de dois meses na época, com a intenção de “provocar” o aniversariante com músicas ressaltando seu ídolo, o então presidente Jair Bolsonaro (PL), que se preparava para tentar a reeleição.

Após uma discussão onde os presentes pediram para ele ir embora, Guaranho saiu do local prometendo retornar e “matar todos”, fato que ocorreu 15 minutos após. O atirador retornou e praticou o crime até ser contido por participantes da festa. Marcelo Arruda deixou quatro filhos. Na época do crime, um deles tinha pouco mais de 40 dias.

Os registros de quem teve acesso ao sistema de câmeras de segurança naquele 9 de julho de 2022 foram apagados dois dias depois, em 11 de julho de 2022, não permitindo identificar quem teve acesso. O então dono do aparelho, Claudinei Esquarcini, morreu no dia 18 de julho.

“O conhecimento da confecção da presente prova se deu tão somente com a juntada tardia às vésperas do Julgamento em Plenário, evidenciando prejuízo enorme à defesa, por desconhecer a origem da prova, bem como não poder se manifestar na forma prevista em lei”, diz trecho da justificativa para o adiamento do júri.

 

Trâmite

Guaranho está preso preventivamente há 1 ano e 4 meses. Em setembro ele teve negado um pedido liberdade provisória pelo juiz de Direito Substituto do Tribunal do Júri de Foz do Iguaçu, Hugo Michelini Júnior, afirmando que persistem os pressupostos autorizadores da prisão preventiva, quais sejam a prova da existência do crime e indícios suficientes de sua autoria.

“Revogar a prisão preventiva e conceder o benefício da liberdade ao acusado, neste momento, não se mostra adequado, uma vez que os motivos que ensejaram a custódia cautelar permanecem os mesmos, não havendo alteração no quadro fático em questão”, escreveu Michelini Júnior em seu despacho.

O júri que definir o futuro de Guaranho será composto por 12 jurados populares, que serão selecionados entre os eleitores da comarca e será presidido por um juiz de direito do Tribunal do Júri da Comarca de Foz do Iguaçu. O caso Marcelo Arruda é classificado como homicídio qualificado e, se o réu for condenado a pena máxima, pode pegar até 30 anos de cadeia.

  • Da Redação

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