Ministério da Agricultura apreende uvas-passas contaminadas em Foz
Com a proximidade das festas de final de ano, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) intensificou as fiscalizações nos postos de fronteira e apreendeu, entre o final de novembro e início de dezembro, grandes quantidades de uvas-passas contaminada em Foz do Iguaçu, na fronteira do Brasil com Paraguai e Argentina. Ao todo, foram confiscadas 49 toneladas do produto em Foz e em São Borja, no Rio Grande do Sul. As mercadorias estragadas tinham como destino a fabricação de panetones e o fracionamento para venda ao consumidor final.
De acordo com o Mapa, as cargas que seriam processadas na região metropolitana de São Paulo, estavam contaminadas por Ocratoxina A. Estudos indicam que a substância, que é produzida por alguns tipos de fungos, em condições ambientais adequadas, pode estar presente em produtos alimentares, como cereais, frutos secos, café, cacau, uvas, e processados, como vinho, cerveja ou sumos de fruta.
No caso da uva-passa, foi constatada pela fiscalização que uma das cargas apresentava quatro vezes o limite máximo permitido para a Ocratoxina. “Ao exceder o limite permitido de micotoxina o produto torna-se tóxico, sendo prejudicial à saúde”, explica o coordenador de Fiscalização da Qualidade Vegetal, Tiago Dokonal.
O país de origem, que não foi informado, será notificado oficialmente pelo Mapa e as cargas serão devolvidas dentro de 30 dias. “O Ministério segue atento para assegurar produtos de qualidade na mesa do consumidor brasileiro, principalmente, nesta época de festas de fim de ano”, destaca Dokonal.
Controle
A entrada de frutas secas, amêndoas, nozes e castanhas nas fronteiras são controladas pelas equipes da Vigilância Agropecuária Internacional (Vigiagro) e no mercado interno pelo Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Vegetal. Os responsáveis por esses produtos, bem como embalador, detentor ou importador, devem observar os requisitos mínimos de identidade e qualidade estabelecidos pelo Mapa, por meio da Portaria nº 635, para que estes sejam considerados próprios para o consumo.
Os limites máximos tolerados para micotoxinas em alimentos atendem aos critérios estabelecidos pela Instrução Normativa nº 88/2021 da Anvisa. O controle de micotoxinas de produtos importados é realizado pelos Laboratórios Federais de Defesa Agropecuária (LFDA) e pela rede credenciada. Somente após a análise é que são liberados para a comercialização no Brasil, informa o Mapa.
Contexto
A teoria, por enquanto, é que fungos do gênero Aspegillus podem ter contaminado as uvas antes da colheita graças a condições ambientais favoráveis ao desenvolvimento. Outra hipótese é que o armazenamento in adequado das passas tenha causado mofo e, por sua vez, a liberação de micotoxina por fungos do gênero Pinicillium, informa Nathan Viera no portal Terra.
Segundo um estudo da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, a Ocratoxina A faz parte das micotoxinas, que são produzidas por fungos filamentosos em diferentes etapas da cadeia produtiva de alimentos. Os destaques ficam por conta de seus efeitos nefrotóxicos (potencial risco de causar lesão nos rins), carcinogênicos (capacidade de promover uma alteração genética nas células do corpo humano) e teratogênicos (que pode promover uma alteração na estrutura de um feto).
Da Redação