Depoimento de Guaranho será dia 28; Juri popular será definido só depois
O juiz Gustavo Germando Francisco Arguello, da 3ª Vara Criminal de Foz do Iguaçu, acatou pedido da defesa e adiou para o próximo dia 28 de setembro o depoimento do policial penal federal Jorge José Guaranho, réu por homicídio duplamente qualificado do guarda municipal Marcelo Arruda. O crime, no dia 9 de julho, ganhou destaque nacional por envolver apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) e do ex-presidente Lula (PT).
De acordo com os advogados Daniel Godoy Junior e Ian Martins, que representam a família da vítima, a decisão se Guaranho vai a júri popular ou não só sairá após ele ser ouvido no processo. O policial penal matou à tiros Marcelo Arruda enquanto ele comemorava os 50 anos com familiares e amigos, no quiosque de uma associação na região da Vila A, em Foz do Iguaçu.
Para os juristas da família de Marcelo, a mudança do dia do depoimento não interfere na imputação da responsabilidade quanto ao crime praticado por Guaranho. “Não traz prejuízo ao processo”, disse Godoy Junior. As audiências, segundo os advogados, serviram para corroborar com outros elementos probatórios que demonstram que a intolerância política motivou o crime e que também colocou em risco a vida de outros inocentes.
Antes de praticar o crime, o bolsonarista Jorge Guaranho chegou ao local ouvindo no carro músicas com citações ao presidente. Alertado de que se tratava de uma festa particular, discutiu com a vítima, que era tesoureiro do PT de Foz do Iguaçu, e saiu dizendo que voltaria para “matar todos”. Poucos minutos após ele voltou e ativou várias vezes contra a vítima, que mesmo ferida, revidou.
Concluir investigação
De acordo com Ian Martins, o juiz atendeu pedido da defesa dele, “do atirador”, para que ele seja interrogado apenas após a juntada do laudo técnico do croqui da cena do crime. “Após este laudo que ele será ouvido dia 28, na sequência sairá a decisão judicial (sobre o júri popular ou não)”, disse o advogado. No segundo dia da audiência de instrução e julgamento, foram ouvidos a esposa do acusado e mais três testemunhas.
A expectativa da defesa da família da vítima é que, com as provas colhidas no inquérito, no curso da investigação, as filmagens, os depoimentos, tudo indica que o processo vá para júri popular que é competente para julgar homicídio. Não tem uma previsão, que ainda existem laudos a serem concluídos e diligências a serem feitas. “Mas há chance de de sair até o final do ano, início do ano para sair esta decisão que encaminha o processo para o júri”, dizem.
Queremos Justiça
A viúva de Marcelo Arruda, Pâmela Suellen Silva, acompanhou os dois dias de audiência no Fórum de Justiça de Foz do Iguaçu. “Aguardamos um posicionamento do juiz, mas a família e amigos quer que tenha justiça. Se for a júri popular, que seja justo aos filhos do Marcelo e pela forma como ele foi morto”, disse.
Durante as audiências, Pâmela contou que os advogados de defesa do atirador estão tentando colocar ele como vítima. “Só que é injusto isto, por que a vítima de verdade não está aqui para se defender. A justiça para o Guaranho é a cadeia”, concluiu a víuva. O policial penal permanece preso no Complexo Médico Penal em Pinhais, na região metropolitana de Curitiba.
Da Redação / Foto: Adilson Borges