Cerca de 25 jovens paraguaios são apreendidos por mês com drogas em Foz

A sequência de apreensão de cidadãos paraguaios transportando drogas em Foz do Iguaçu vem ganhando cada vez mais destaque na imprensa da região. Uma média de 25 jóvens são flagrados todos os meses nas alfândegas da Ponte da Amizade e no Aeroporto Internacional. Em comum, a pouca idade das chamadas “mulas do tráfico” e por não terem antecedentes criminais. O vice-cônsul Iván Airaldi afirma que a maioria são vítimas do crime, contratadas com a ideia de “ganhar dinheiro rápido”.

 

O volume de apreensões confirma a rota do tráfico pela tríplice fronteira entre Brasil, Paraguai e Argentina. Os flagrantes na ponte e no aeroporto, que vão de 20 a 25 segundo as autoridades do país vizinho, mostram um padrão que é quase sempre o mesmo, segundo a autoridade paraguaia: jovens, com recursos limitados, sem antecedentes criminais e com promessas de dinheiro rápido que mal duram alguns meses.

Airaldi chama a atenção para evitar que outros jovens sejam recrutados. “Não é o dinheiro que vai resolver a vida deles. Eles (criminosos) oferecem US$ 1.000, US$ 1.500 para carregar a carga”, explicou o vice-cônsul, em entrevista à rádio La Clave. Segundo ele, a situação preocupa vários órgãos do governo do país.

 

Recrutamento

As operações policiais detectam drogas em diferentes formas: cocaína impregnada em roupas, camuflada em malas ou escondida em sapatos. Outros tentam transportar maconha prensada em veículos ou a pé por rotas clandestinas. Mas quando são presos, eles se veem em uma encruzilhada: não podem denunciar quem os contratou porque suas famílias podem ser vítimas de represálias.

As estruturas criminosas são tão organizadas que os jovens nem sequer têm informações sobre seus recrutadores, uma vez que se comunicam com números de telefone ativados com documentos roubados, usam nomes falsos e desconhecem os detalhes da operação da qual estão participando. Para esses jovens, a queda é rápida e sem volta, alerta Airaldi.

As “mulas do tráfico” acabam em prisões brasileiras como a Cadeia Pública Laudenir Neves no bairro Três Lagoas em Foz do Iguaçu, onde enfrentam processos judiciais sem recursos para uma defesa adequada. O consulado paraguaio local intervém apenas para garantir que seus direitos sejam respeitados e para notificar suas famílias, pois não dispõe de advogados para representá-los.

 

Sem recursos

As famílias destes jovens, muitas vezes do interior do Paraguai, viajam com o pouco que têm para tentar entender o processo em uma língua que não dominam. “Mães e irmãs vêm, e é difícil para elas chegarem aqui. Eles são vítimas de um sistema que os oprime”, lamentou Airaldi.

O pano de fundo dessa situação é uma rede criminosa muito maior e mais sofisticada do que parece, chama a atenção o vice-cônsul. “É 10 para 1: tem um grupo que passa e outro que cai. Não é aleatório, há um esquema por trás disso”, enfatizou. “Se todos os dias um jovem é preso com um ou dois quilos de cocaína, é de se perguntar quantos conseguem atravessar sem serem descobertos”, acrescentou.

 

  • Da Redação / Foto: PF

 

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