Coluna do Corvo
Bom dia, Gotham!
O Trump defendendo Bolsonaro e o Brasil pegando fogo nas redes sociais. Calma, gente. Não é terceira guerra, é só o Coringa mandando um alô pro Batman. Enquanto isso, Tarcísio de Freitas joga xadrez em silêncio, tentando decidir se é melhor engolir o café quente ou a língua. Lula, por sua vez, quer explicações dos diplomatas americanos — como se eles fossem tradutores simultâneos da maluquice alheia. No fim, a cena lembra aquele clássico diálogo dos quadrinhos: “Eu sou o louco? Olha pra você, que usa cueca por cima da calça.” Enfim, bom dia, leitores. Apertem os cintos: a política nacional ainda não serviu o café, mas já começou o espetáculo.
Informação não é bagunça
Nem tudo que reluz é comunicação — às vezes, é apenas ruído. Embora o exercício do jornalismo não exija mais diploma por força da decisão do STF em 2009, isso não significa que qualquer pessoa possa assumir cargos estratégicos na área sem preparo. A recente onda de contratações em Foz do Iguaçu levanta um alerta sério: não se trata de falsos diplomas, mas da presença de indivíduos sem qualquer traquejo, domínio da língua ou ética jornalística em funções de comunicação pública. Confundir liberdade de expressão com competência técnica é um desserviço. Entre um profissional que se comunica e um amador que se exibe, existe uma avenida larga onde circulam os perigos da desinformação, os crimes contra a honra, as fake news e o mau uso da máquina pública.
Jornalismo: de arautos a algoritmos
O jornalismo é ancestral. Está nos papiros egípcios, nos arautos das cidades medievais, nas tipografias iluministas. Mas só ganhou status acadêmico em meados do século XIX. No Brasil, a Faculdade Cásper Líbero pavimentou essa estrada em 1947, e em Foz, a UDC abriu caminho no ano 2000. Muitos profissionais atuantes hoje passaram por lá. É verdade que os grandes nomes do passado, de Assis Chateaubriand a Joel Silveira, não precisaram de diploma, mas tinham algo fundamental: sabiam escrever, investigar e refletir sobre o que escreviam. Hoje, alguns confundem teclado com talento e acham que viralizar é sinônimo de informar. Ruy Castro, um dos maiores cronistas vivos, disse dias atrás: “ainda estou aprendendo a escrever”. A humildade e a técnica são inseparáveis no jornalismo sério — coisa rara em tempos de curtidas fáceis.
Diploma não é pecado. Ignorância, talvez.
Não possuir diploma de jornalismo não é falha moral. Mas ocupar cargos estratégicos na comunicação pública sem saber redigir um parágrafo decente é, no mínimo, imprudente. O STF pode ter liberado o exercício da profissão, mas isso não aboliu a exigência do bom senso. O mercado, inclusive, continua valorizando o diploma, porque ele representa técnica, método e formação crítica. Ser reconhecido como comunicador exige mais que desinibição ou perfil em rede social: é preciso saber o que se diz, como se diz e, sobretudo, por que se diz. Quando cabos eleitorais viram assessores, não pela competência, mas por gratidão política, é a sociedade quem paga a conta — em desinformação, erros grotescos e vergonha institucional. A Câmara de Foz, felizmente, está apurando. Que não pare na manchete.
Comunicador ou qualquer coisa?
Nos últimos anos, o termo “comunicador” passou a ser usado como uma espécie de salvo-conduto para qualquer um que fale alto, publique vídeos ou dispare textos truncados nas redes. Mas comunicar exige mais que visibilidade — exige responsabilidade. Quando se trata de comunicação pública, o rigor é ainda maior: estamos falando da interface entre Estado e cidadão, da tradução dos atos oficiais em linguagem clara e objetivamente correta. Cursos de jornalismo existem justamente para isso: formar profissionais com capacidade crítica, domínio da linguagem, conhecimento de leis e, sobretudo, ética. O improviso pode até funcionar em palanques, mas é desastroso em cargos técnicos. Se um operador de máquina precisa de qualificação, por que um operador da palavra não precisaria? É hora de parar de tratar comunicação institucional como trampolim de favor político. É serviço sério, que exige preparo.
Jupira ressuscita — sem milagre
Depois de anos relegado ao esquecimento, o Jardim Jupira volta ao mapa. A construção da trincheira que vai ligar o bairro à Vila Portes, sob a BR-277, marca um raro acerto de engenharia política. A obra é estratégica: resgata a dignidade de um pedaço da cidade que, sem acesso, virou sinônimo de abandono e pauta policial. Agora, com a conexão prometida, comerciantes vislumbram recomeços e motoristas uma rota segura. Entre mortos e feridos, salvar-se-á o comércio local. Por ora, vale comemorar: Jupira vive!
O fantasma do Charrua
Mal chegou o alívio com o projeto da trincheira no Jupira e já reacendeu a velha ferida do trevo do Charrua. A interdição daquela ligação, que dividiu a cidade e multiplicou os xingamentos, permanece sem solução. Foi promessa de todos os candidatos — incluindo o General Silva e Luna — mas, até agora, a única coisa que circula livremente ali são desculpas e ofícios sem resposta. O DNIT ao que se entende, segue inflexível: sabe da dor de cabeça, mas não entrega a aspirina. Se a trincheira para o Jupira vai unir bairros, o silêncio sobre o Charrua continua a separar a cidade.
Perimetral Leste: Porto Meira de cabelo em pé
Se há um bairro em alerta, esse é o Porto Meira, ainda quando o Jupira cai na lembrança. Com a Perimetral Leste avançando, cresce o temor de que a Avenida Morenitas, principal eixo comercial da região, vire um beco de acesso dificultado. A previsão de desviar o trânsito por alças da BR-469 não anima ninguém. Comerciantes, aplicativos, taxistas e até turistas já sentem a tensão no ar — e no trânsito. É esperar para ver se a solução será um fluxo funcional ou mais um labirinto rodoviário. Por enquanto, Porto Meira ensaia o coro que Jupira cantou por anos: “Cadê o acesso que nos prometeram?”
Mobilidade à brasileira: trincheira vira símbolo de integração
A trincheira Jupira/Vila Portes representa mais do que uma obra: é uma tentativa de remendar uma ferida urbana aberta por uma rodovia federal. Foz é cortada por três. Quando a BR-277 passou em cima dos bairros sem dó, a cidade sofreu calada, acreditando nos bons presságios. Agora, com a reconexão, a Prefeitura tenta devolver mobilidade a uma população que se virou como pôde — cruzando pistas perigosas, driblando caminhões e convivendo com acidentes. Que a trincheira sirva de exemplo: cidade é tecido social e cada bairro isolado é uma amputação silenciosa. A integração, enfim, começa no asfalto.
Promessa, papel e pavimento
Anúncios de obras em Foz já foram tão comuns quanto tropeços em calçadas esburacadas. A diferença agora parece ser o movimento. Com o deputado Hussein Bakri apadrinhando a trincheira de Jupira, há pressa, projeto e promessa de licitação prioritária. Mas como todo morador sabe, promessa política sem cronograma é como lombada sem sinalização. A população de Jupira e Vila Portes já engoliu muito pó de abandono. A cidade está cansada de ver mobilidade servir de palanque. Quer resultado. E, de preferência, antes da próxima eleição.
Ponte da Imaginação
A Ponte da Integração foi concluída há dois anos, mas segue mais deserta que biblioteca em véspera de feriado. O que já deveria ser corredor logístico virou em nada. Enquanto a promessa era tirar caminhões da Ponte da Amizade, a realidade é que seguimos dividindo espaço com carretas fumacentas e freios rangendo no centro da cidade. Foz do Iguaçu, neste caso, integra muito pouco: só o desespero mesmo.
Corredor Turístico ou Maratona de Pacientes?
Agora querem criar um “corredor turístico” na Ponte da Amizade. A ideia é louvável: menos filas, mais fluidez, guias bem informados e táxis cheios de turistas felizes. Mas só falta um detalhe: tirar os caminhões primeiro. Do contrário, teremos turistas passando mais tempo no para-brisa do que nas lojas do Paraguai. O projeto prevê cursos para os motoristas — tomara que um dos módulos ensine a arte milenar de driblar engarrafamentos causados por bitrens. Boa sorte, guia turístico. Vai precisar.
Receita, Polícia e um plano promissor
Com a Receita Federal, a Polícia Federal e o Comtur reunidos, parece que agora vai. A proposta é promissora, sim, mas a logística é coisa séria. E enquanto o corredor está no sonho o centro da cidade segue com os buracos, fumaça e tombamento de carretas em horário comercial. Que venha o corredor turístico. Mas que venha com as promessas de término das obras junto.
Se o vento ajudar… pousa em Foz
A cidade paraguaia de Yguazú, a apenas 50 km de Foz, vai sediar o 1º Campeonato Mundial de Balonismo do país. A notícia, que poderia parecer distante, talvez não seja tanto assim: dependendo da força e direção do vento, não será surpresa se algum balão cruzar o Rio Paraná e aterrissar numa área verde de Foz do Iguaçu — ou no campo de futebol de algum bairro. Apesar dos recentes acidentes em outras regiões, balonismo é atividade séria, técnica e, quando respeitada, segura. O problema não é o balão, é o improviso. Em Yguazú, o céu será tomado por pilotos experientes. Se voar baixo, é show. Se voar alto, é arte.
Balões, beleza e bom senso
Enfim, os céus prometem ficar mais coloridos em Yguazú com essa mistura de cultura, vento e adrenalina. Para o público, haverá voos panorâmicos com corda — para não correr o risco de ir parar em Guaíra por engano. O evento é uma bela oportunidade de impulsionar o turismo regional, mas exige, claro, organização e respeito às normas de segurança. Afinal, o balonismo pode ser lúdico e elegante, mas também exige precisão. A beleza do esporte está na leveza. Que venham os balões… e que o vento sopre com juízo. Uma boa sexta-feira a todos!
- Por Rogério Bonato