Coluna do Corvo

De volta

Para quem faz jornal diário, ficar quatro dias longe do ofício chega a ser uma tortura. No módulo sintomático, a gente já acorda pensando na coluna, horários de entrega, enfim, no compromisso com os leitores, antes com a notícia. Enfim, nas páginas de papel!

 

Foz em Brasília

Fora os eleitos, no cumprimento de seus mandatos, há um número interessante de iguaçuenses trabalhando em Brasília. Fazendo um cálculo, por baixo já seria possível lotarem uma Kombi. Tem mais gente da nossa cidade lá, do que torcedores do Fluminense em Foz! O ex-vereador Fernando Duso foi com a mala e a cuia para a capital federal, tomou posse como Secretário Parlamentar na Câmara dos Deputado. Ele vai integrar a equipe do deputado federal Zeca Dirceu. A recepção ao “colega” foi feita pelo ex-candidato a prefeito de Luiz Henrique Dias, que atualmente assessora o deputado federal Elton Welter. Assim, a representação de Foz na Capital fica fortalecida.

 

Falar em Brasília…

O deputado federal Vermelho informa que o Projeto de Lei que legaliza cassinos, bingos e o jogo do bicho deve ser votado até final de junho. Esperamos que seja em 2025! Segundo o relator, senador Irajá (PSD-TO), já há votos suficientes para a aprovação no Senado. A proposta prevê a regulamentação dos jogos e estima movimentar até R$ 100 bilhões nos próximos cinco anos. Um debate antigo, mas cada vez mais atual: enquanto o turismo global se moderniza, o Brasil segue adiando a legalização de um setor com alto potencial de geração de empregos, tributos e desenvolvimento regional.

 

Lenga-lenga

Trinta e três anos de tramitação. Sim, o projeto que legaliza cassinos, bingos e o jogo do bicho já é quase tão antigo que chega a desanimar. Aprovado na Câmara em 2022, o texto empacou no Senado no fim do ano passado por falta de acordo — o famoso “deixa que semana que vem a gente joga essa carta”. Agora, com novo fôlego e apoio declarado do relator, senador Irajá, a proposta promete movimentar R$ 100 bilhões em cinco anos. Pensa? Será que agora vai? O Brasil, que já teve a Urca como cenário de filmes e glamour, hoje vê cassino só em blockbuster americano ou por trás de cortinas pesadas, onde a roleta gira com quatro zeros — e a sorte, como sempre, é da banca. Enquanto isso, cidades estão infestadas de casas de apostas online, com luz de neon, termos de uso incompreensíveis e promessas de fortuna em três cliques. Já a legalização, essa continua fora do baralho — jogando contra o tempo e o bom senso.

 

Até o Lula é a favor

Depois de anos de silêncio e muita cautela política, o presidente Lula finalmente deu as caras no tabuleiro: declarou apoio à legalização dos jogos, caso o projeto passe no Congresso. O vice, Geraldo Alckmin — sempre discreto, mas atento — também embarcou nessa jogada. A resistência histórica, principalmente de segmentos católicos e evangélicos, ainda pesa: para muitos fiéis, jogo é coisa do diabo, e cassino é o purgatório com fichas coloridas. Mas o curioso é que países com tradições religiosas até mais rígidas que as nossas já legalizaram o setor — e transformaram fichas em empregos, impostos e turismo. Aqui, seguimos apostando no improviso, enquanto os dados da economia esperam sua vez de rolar. Quem diria: o jogo virou. E com bênção presidencial.

 

Ai, o crime organizado?

A Polícia Federal enviou ao Senado uma nota técnica desaconselhando a legalização dos jogos, alinhada ao discurso do secretário de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça, Marivaldo Pereira, que alerta para o risco de envolvimento com o crime organizado. Até aí, tudo certo — mas convenhamos: o argumento mais revela a fragilidade do Estado em combater as máfias do que um problema com as fichas ou roletas. Afinal, o Brasil já convive pacificamente com loterias oficiais, bingos beneficentes em salões paroquiais, apostas em corridas de cavalo e sites virtuais que prometem enriquecer o apostador com R$ 10 e fé. Mas quando se fala em cassino físico e CNPJ, a preocupação brota — como se a clandestinidade fosse mais fácil de fiscalizar. O país precisa, sim, se proteger do crime organizado. Mas se esse é o único argumento para manter tudo na ilegalidade, estamos dizendo, nas entrelinhas, que o Estado já perdeu o jogo. Francamente, né?

 

Cassino sim

Foz do Iguaçu, a cidade que já tem Cataratas, Itaipu e fronteira das mais movimentadas, agora espera só duas coisinhas para virar destino internacional completo: a legalização dos jogos e uma praia de água salgada. A segunda dependerá do derretimento das calotas polares e da boa vontade do Rio Paraná em virar mar. Quem sabe um dia o Porto Meira se transforme em Pearl Meira, com barquinhos e quiosques vendendo água de coco. Mas enquanto isso não acontece, vamos pelo caminho mais fácil: legalizar os cassinos. Afinal, turistas de todos os cantos já cruzam a fronteira para apostar em Ciudad del Este e Puerto Iguazú. Por que não deixar essa grana girar a roleta deste lado das pontes?

 

Jogo limpo, arrecadação alta

Proibidos no Brasil desde 1946, os jogos de cassinos seguem firmes — só que do lado de lá da fronteira, e, Foz do Iguaçu segue como a vitrine do turismo que não pode vender o que o cliente mais procura. Segundo o projeto em debate, o Brasil poderá ter até 34 cassinos, um por estado (com exceções para os mais populosos). A estimativa (como já escrevi) é de R$ 100 bilhões em investimentos, 1,5 milhão de empregos e R$ 20 bilhões/ano em impostos. De quebra, o turismo pode dobrar. Foz, com seu charme trinacional, já está no ponto. Falta só Brasília parar de tremer nas pernas e deixar a sorte — enfim — entrar pela porta da frente. Porque jogar limpo, neste caso, vale muito mais que blefar com a realidade.

 

Welter acompanha Camilo Santana

O deputado federal Elton Welter acompanhou a visita do ministro da Educação, Camilo Santana, à UNILA em Foz do Iguaçu, na terça (10). Na ocasião, foi anunciado um pacote de R$ 100 milhões para implantação de energia fotovoltaica em 17 instituições de ensino superior do Paraná, além de convênios com a UTFPR de Medianeira (R$ 24,3 milhões) e IFPR de Foz (R$ 2,3 milhões). Também foi lançada a pedra fundamental do Campus Arandu da UNILA, com investimento de R$ 752 milhões. Para Welter, “a educação voltou a ser prioridade no governo Lula”.

 

Câmara Municipal e a temporada dos Bonecos

Eis que a vereança encontra seu momento de glória no teatro das leis: o Projeto nº 106/2025, de autoria do vereador Cabo Cassol, que proíbe o uso de bonecos — especialmente os famigerados “bebês reborn” — para obtenção de prioridade em atendimentos públicos e privados. A ideia não surgiu do nada. Decerto foi alimentada por reportagens recentes, somadas ao burburinho gerado por esta coluna que, entre uma ironia e outra, apontou que Foz é, sim, fronteira da realidade — inclusive a artificial.

 

Justifica-se

A justificativa do projeto é clara: impedir que brinquedos passem na frente de gente. O detalhe é que a propositura veio com multa de R$ 20 mil, aviso obrigatório em estabelecimentos e, claro, a promessa de “preservar a moralidade administrativa”. Com isso, Foz entra no seleto rol das cidades onde a linha entre surrealismo e legislação é mais fina que o fio de um cordão umbilical… de silicone. Ai, que saudade do Paulo Rocha!

 

“AVISO: BONECOS NÃO TÊM VEZ”

Então, em Foz, agora é quase lei: bonecos não têm prioridade! Pensando nisso, eis que surgiram da imaginação algumas possíveis placas informativas para estabelecimentos públicos para se prevenirem das terríveis bonecas reborn: “ATENDIMENTO PREFERENCIAL: GESTANTES, IDOSOS, PESSOAS COM DEFICIÊNCIA E HUMANOS DE VERDADE.” (Se o bebê não chora nem suja fralda, por favor, aguarde sentado.); “R$ 20 MIL DE MULTA PARA QUEM TENTAR ENGANAR O SISTEMA COM UM BEBÊ QUE NÃO RESPIRA.”. Com uma medida dessas, Foz do Iguaçu não só marca posição no mapa da racionalidade legislativa como também adentra, com pompa e ironia, o livro mundial das curiosidades parlamentares, bem ali, entre a “Lei da Farofa Obrigatória” em Alagoas e o “Estatuto do Repolho” em uma cidade da Romênia. Barbaridade!

 

Só três dias?

Que dieta cultural é essa? A Fartal 2025 foi um sucesso de depender o público em tão curto espaço de tempo; disso ninguém duvida — nem mesmo quem esperava mais dias de festa e menos fila nas barracas de espetinhos. Foram 75 mil pessoas de sábado até segunda-feira, o que, convenhamos, é pouco para tanta fome de cultura, cocada e quentão. O povo compareceu e cantou até depois da 1h da manhã e, no embalo do Traia Veia e pediu bis. Ficou aquele gostinho de “só mais um diazinho, vai…”. É como aniversário de sogra com torta boa: começa animado e termina cedo demais. Que em 2026 a Prefeitura pense com carinho em ampliar os dias da Fartal. Sem o evento realizado em Santa Terezinha, que durava uma semana com grandes shows, a Região esperava mais.

 

Quentão, emoção e sugestão

Nem a previsão de chuva conseguiu mexer com o público: o acordo com São Pedro foi respeitado, e o frio chegou no capricho, perfeito para esquentar o coração (e o quentão). O show de Gabriel Smaniotto emocionou até vendedor de pipoca. Mas fica aqui uma dica sincera: se a festa é de artesanato e alimentos, que tal ampliar o “cardápio”? Ele não continha nem 10% de uma cidade que se orgulha de aportar quase uma centena de etnias. É tarefa difícil, mas precisa ser resgatada.

 

Sem medo de virar jacaré

Na manhã gelada, a melhor escolha foi buscar calor humano e imunidade na UBS da Vila Yolanda. Sem frescura: um braço para a vacina contra H1N1, outro para a da Covid — tudo ao mesmo tempo, como quem toma café com pão e vacina com conversa boa. A recepção foi de primeira: Ruth Raiski e Lucas Mesomo aplicaram agulhas e sorrisos com igual leveza. O posto, aliás, está tinindo: reaberto depois de um temporal quase levá-lo junto com as esperanças dos moradores, parece até recém-inaugurado. Móveis novinhos, computadores atualizados, ar-condicionado funcionando e servidores animados — o que, convenhamos, é o que mais conta. Só faltou mesmo uma reforma nos banheiros, porque nem o SUS consegue resolver tudo de uma vez. Ah, e pra quem ainda tem medo da vacina: não virou jacaré, não ganhou chip, mas saiu de lá imunizado e com uma selfie digna de capa de boletim de saúde. Prevenir ainda é melhor que remediar. E bem mais divertido.

 

É dia de namorar!

Se sobrou algum troquinho depois da Fartal, é melhor esconder da conta bancária: chegou o Dia dos Namorados, essa data sagrada em que corações batem mais forte… e cartões de crédito também! Os shoppings já estão em clima de romance desesperado, com casais caçando lembrancinhas, jantares com reserva esgotada e, claro, beijinhos estratégicos para aliviar o bolso. Se o comércio agradece, os motéis, então, nem se fala: tem promoção, quarto temático e até “check-in com cupido”. Só fica o alerta estatístico: daqui a nove meses, o mapa demográfico costuma ganhar novos pontinhos de lua. E atenção, maridões e distraídos de plantão: jogo de panela e eletrodoméstico NÃO é presente romântico. A menos que venha com brinde de joia ou viagem. Caprichem! Hoje é dia de amar, agradar, gastar um pouquinho e — com sorte — sair no lucro do afeto!

 

  • Por Rogério Bonato

 

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