Coluna do Corvo
Itaipu 51! Mais que uma boa ideia!
A Binacional entra no segundo meio e ainda carrega o Brasil nas costas (elétricas). Com 51 anos de história e 40 de operação, Itaipu segue com energia de sobra para abastecer boa parte do Brasil e do Paraguai — sem crise de meia-idade. A usina já gerou mais de 2,9 bilhões de MWh desde 1984, suficiente para manter ligada uma airfryer por 12 milênios (brincadeira, mas quase). Tudo isso com uma pegada ambiental que faria inveja a muita startup verde. Itaipu é como aquele tiozão moderno: clássico, mas conectado às novas energias do futuro.
Energia limpa
Se Itaipu fosse gente, teria diploma em engenharia, pós em sustentabilidade e doutorado em mover montanhas — literalmente. Para nascer, foi preciso desviar o curso do Rio Paraná, escavar milhões de metros cúbicos de solo e criar um lago com 1.350 km². Mas ela compensa: é 100% energia limpa, um exemplo global de eficiência hídrica. E mesmo depois de 51 anos, Itaipu ainda se reinventa — agora, com investimentos em hidrogênio verde e apoio a tecnologias para salvar a água que ela própria transforma em força.
51 anos do casamento eletrizante
Desde 1973, Brasil e Paraguai assinaram um acordo que mais parece um contrato de casamento: partilha, obrigações e, sim, algumas DRs (Disputas de Revisão). Mas o Tratado de Itaipu é exemplo de diplomacia energética bem-sucedida. A energia gerada é dividida meio a meio, e o Paraguai pode vender sua sobra ao Brasil. Com 51 anos de união, Itaipu é uma das raras parcerias binacionais que ainda funciona sem precisar de terapia de casal. E o melhor: ela ilumina os dois lados da fronteira.
51 tons de inovação (sem drama)
…e com 51 anos, Itaipu não envelhece: atualiza. A usina agora investe em painéis solares, hidrogênio verde e sistemas inteligentes para garantir que a energia continue vindo com força e sem culpa climática. Nos bastidores, técnicos trocam turbinas, modernizam estruturas e pensam em soluções para além do concreto. Itaipu virou laboratório vivo de inovação energética, provando que dá pra ser gigante, verde e antenado — tudo ao mesmo tempo.
Parabéns, Itaipu!
Cinquenta e um anos gerando energia, construindo pontes (literalmente) e mantendo o Brasil e o Paraguai plugados no futuro! Se fosse gente, já teria aposentadoria especial — mas não, Itaipu segue firme, sem uma ruguinha na muralha e com mais gás (elétrico) do que muito jovem por aí. Que venham mais décadas de força, sustentabilidade e diplomacia hidráulica. E lembre-se: poucos fazem aniversário com tanta energia assim — e sem precisar de bolo, só de água corrente! E claro, vamos aqui cumprimentar o DGB Enio Verri, à frente do empreendimento.
Felicidades ao amigo Samek!
Ele passou raspando de nascer na data de aniversário da Binacional. Ontem aniversariou o grande Jorge Miguel Samek, um iguaçuense com “I” maiúsculo, nome que precisa ser incorporado aos livros de história da cidade — porque sua biografia vai muito além da administração pública. Mas antes de falar dos feitos, vale lembrar uma história que ele mesmo contou certa vez a um grupo de amigos, com os olhos marejados, e que deve sempre voltar à sua lembrança. Ainda menino, num tempo em que Foz do Iguaçu não tinha eletricidade em todos os bairros, coube a ele a tarefa de ligar o pequeno gerador da casa todas as noites. Certa ocasião, no escuro, ao acionar o motor, não percebeu que sua mão estava entre a polia e a correia da bomba de água. Teve parte dos dedos decepados. Quem poderia imaginar que aquele garoto, décadas depois, teria a missão de acionar energia para milhões de brasileiros e paraguaios? A vida às vezes tem dessas ironias, e o destino, seu senso próprio de justiça.
A missão mais importante
Não vou repetir tudo o que já escreveram os tantos amigos e admiradores do Samek, mas há um capítulo de sua trajetória que merece registro permanente. Quando assumiu a Diretoria-Geral Brasileira da Itaipu, o mundo ainda vivia sob o impacto dos atentados de 11 de setembro. Foz do Iguaçu, injustamente, havia sido colocada sob suspeita, com insinuações maldosas sobre a presença de células terroristas na fronteira. Samek teve papel decisivo para virar essa página vergonhosa. Assumiu a usina e mobilizou todas as frentes políticas e diplomáticas para limpar o nome da cidade. Trouxe, entre outras figuras de peso, o então secretário de segurança hemisférica da OEA, Steven Monblatt, que veio a Foz e desmentiu publicamente as insinuações. A partir dali, as acusações infundadas evaporaram. Mais do que administrar turbinas, Samek soube administrar a imagem e a dignidade de Foz do Iguaçu e de sua gente.
Além das turbinas
Todos os DGBs que passaram por Itaipu nesses 51 anos foram além da tarefa de gerar energia. Mas Samek, além de garantir excelência na operação da usina, fez algo essencial: abriu as portas da Binacional para o turismo. Foi ele quem liberou o então jornalista e turismólogo Gilmar Piolla para estruturar e profissionalizar as ações do setor. Investiu pesado na promoção de Foz e transformou a cidade em destino turístico internacional de peso. Como resultado, os números de visitação cresceram, hotéis foram construídos, empregos surgiram e a imagem da cidade mudou. E tudo isso aconteceu sem que estivesse previsto em orçamento — foi decisão de quem tinha visão. Que esse legado não se perca na poeira da burocracia ou na pressa das narrativas de ocasião. Feliz 70 anos, Samek! (mesmo que com um dia de atraso). Que venham muitos mais, com boas histórias para contar.
Maio, o arco-íris da consciência
Maio já foi o mês das mães e das flores, mas agora virou o arco-íris da boa intenção. Tem o maio amarelo para alertar sobre o trânsito, o maio laranja para combater o abuso infantil, e, se procurar bem, até o maio roxo aparece por aí com sua bandeira da saúde mental. Está bonito? Sim. Está claro? Nem tanto. A cada esquina uma cor, e ninguém mais sabe se está apoiando uma causa ou saindo de casa com o look errado.
Maio tem mais cor que escola de samba
Antes bastava saber que outubro era rosa e novembro, azul. Agora, cada mês carrega um desfile cromático de intenções. O maio, por exemplo, já virou nessa passarela de campanhas: é amarelo, laranja, roxo… e quem sabe quantas outras tonalidades surgem até o fim do mês? No ritmo que vai, só falta virar enredo de carnaval: “maio, o mês que pintou o Brasil com tintas da conscientização e confundiu geral”.
Campanha colorida, cabeça confusa
O motorista veste amarelo para lembrar que direção exige atenção. Já o educador aparece de laranja protegendo as crianças. E se alguém usar amarelo e laranja juntos? Está militando dobrado ou só parece um cone de trânsito ativista? A verdade é que o arco-íris da boa causa está ficando poluído demais: a intenção é nobre, mas a paleta de cores está virando teste para designers. E o público… continua tropeçando nas entrelinhas. Com tanta cor em jogo, está na hora de uma convenção nacional de campanhas temáticas. Ou quem sabe um Pantone da Conscientização, para organizar essa aquarela de mensagens. Porque, do jeito que vai, julho pode acabar lilás com bolinhas, e setembro, holográfico. Eita, o assunto é bom para pensa no final de semana.
Carta verde, agora com febre
Se antes bastava ter a tal “carta verde” para não bater e fugir em solo argentino, agora o turista brasileiro também precisa provar que não vai tossir de graça. Milei exige “seguro saúde” de quem atravessa a fronteira, mas esquece que nossos hospitais vivem recebendo “hermanos” com febre e sem plano. Reciprocidade? Só se for no Tango. O Brasil segue de braços abertos — desde que tragam dólares, febre ou não.
Puerto Iguazú com medo de espirro
A nova exigência de seguro saúde pode deixar Puerto Iguazú mais vazia que carteira em fim de mês. Brasileiros que cruzavam a ponte para comer bife de chorizo e comprar alfajor talvez pensem duas vezes antes de pagar para eventualmente adoecer. Milei fecha as portas, mas esquece que sem brasileiros, sobra empanada e falta movimento. Turismo sem turista é só tédio com sotaque.
Hermanos sem plano, brasileiros com boleto
Enquanto os argentinos vêm ao Brasil, tomam água de coco, quebram o pé no calçadão e saem do SUS sem gastar um peso, Milei decide cobrar seguro dos brasileiros — tudo em nome da ordem? Mas que barbaridade, que ordem é essa que só vale de um lado? Se é pra ser justo, tá na hora do Brasil mandar a conta pro consulado de Buenos Aires: atendimento hospitalar, em reais corrigidos com juros e empatia.
Turismo na base da triagem
Entrar na Argentina com o tal seguro saúde? Vai que o brasileiro passa mal vendo o preço do bife, né? Mas e os argentinos que lotam nossos ambulatórios com insolação pós-Guarujá pós-Camburiú, pós-Piçarras e Floripa? Nada de seguro, só o bom e velho SUS salvando vidas no modo gratuito. O governo Milei quer turistas blindados. O Brasil, quer dólares em qualquer estado. No final, todos se curam na farmácia da hipocrisia. Um bom final de semana a todos!
- Por Rogério Bonato