Coluna do Corvo
Para entender Bob Leão 14
As pessoas ficam imaginando como será o novo papa, se progressista ou moderado, com ou sem vocação de santo; apostam até em qual será a sua primeira viagem, se aos Estados Unidos ou Peru. Francamente, deixem a santidade se encaixar no pontificado antes. Levará, pelo menos, uns seis meses para descobrir quais as principais chaves do Vaticano, que aliás, já possui fechaduras eletrônicas em boa parte das dependências.
A esta altura, o Robert Prevost ainda está avaliando a queda da ficha, embora o roteiro escrito pelo Estado. Mas para conhecer melhor Leão XIV basta entender Aurélio Agostinho de Hipona, para simplicifar, o Santo Agostinho, um teólogo e filósofo da pesada, do seu tempo até os atuais. Suas obras não são importantes para o cristianismo; ele fala alto nos bancos acadêmicos.
E vamos desanuviar alguns equívocos, uma vez sendo Robert Prevost apresentado como um “franciscano”. A Ordem de São Francisco e a Ordem de Santo Agostinho são semelhantes em vários aspectos, mas possuem origens, espiritualidades e estilos de vida distintos. Os “Franciscanos” foram fundados por São Francisco de Assis no início do século XIII por volta de 1209. Os “Agostinianos”, por sua vez, foram inspirados nos ensinamentos de Santo Agostinho, mas organizados como ordem mendicante por volta de 1256, com a união de várias comunidades eremitas sob a Regra de Santo Agostinho; ele viveu quase um século antes, entre 354 e 430.
Os “Franciscanos” centram-se na pobreza radical, simplicidade, amor à natureza e fraternidade. Seguem o ideal de Cristo pobre e crucificado. Logo, os “Agostinianos” valorizam a vida interior, a busca da verdade, a unidade comunitária e o amor a Deus e ao próximo, influenciados pelas obras filosóficas e teológicas de Agostinho. Ambas são ordens mendicantes, ou seja, vivem da caridade e não possuem propriedades individuais.
Entre umas e outras é bom sempre ressaltar que o novo papa é um cientista formal, um matemático, a exemplo de inúmeras brilhantes mentes que serviram ao eclesiástico e nem passaram perto de se tornarem papas. (Uma contribuição de Rogério Bonato para a coluna, enquanto afastado por alguns dias).
Gente como a gente
Mal o novo Papa Leão XIV foi anunciado, os internautas — em sua santa missão de vasculhar a vida alheia — já estavam desenterrando registros valiosíssimos de Robert Francis Prevost em seu habitat natural: com um copo de cerveja na mão, atacando um franguinho de panela e vibrando num jogo de beisebol. Sim, meus amigos, o novo líder da Igreja não caiu do céu em vestes douradas, ele veio do nosso mundo real, onde se torce por um time, se reza pelo arremesso certo e se celebra um home run como se fosse milagre. É um Papa versão “gente como a gente”. O pontífice, talvez troque o vinho litúrgico por uma IPA artesanal e que, quem sabe, em vez do papamóvel, aceite uma carona na caminhonete da paróquia. Bom trabalho ao nosso querido Papa!
Esquivel em Foz?
Prezado colunista, já que és um interino, com o poder da oficialidade, poderia informar se é mesmo verdade que o Nobel da Paz, Adolfo Pérez Esquivel esteve mesmo em Foz do Iguaçu e ajudou a fundar uma confraria de boteco? Isso é sério, ou apenas mais um texto humorístico do Bonato? Lhe pergunto porque estudo a vida do arquiteto, escultor e ativista para um TCC e não encontrei documentos que atestam a informação. Laura R. V. Mattos.
Imediatamente respondendo
Sim, Adolfo Pérez Esquivel esteve em Foz do Iguaçu em agosto de 1985. Ele recebeu o Prêmio Nobel da Paz de 1980 e anos depois participou da 2ª Jornada de “Solidariedade ao Povo Paraguaio”, realizada no auditório do Colégio Agrícola da cidade. O evento reuniu exilados paraguaios e representantes de entidades defensoras dos direitos humanos de vários estados brasileiros, com o objetivo de debater formas de luta contra a ditadura paraguaia de Alfredo Stroessner. Durante sua visita o ativista também participou da inauguração de um espaço público informalmente chamado de “Garganta do Diabo” que se tornaria a “Boca Maldita”, localizado na esquina das ruas Benjamin Constant e Belarmino de Mendonça. De certa forma relutante, Esquivel foi levado até o local por ninguém menos que Paulo Mac Donald Ghisi. Inaugurou a confraria, elogiou o espírito de liberdade e discussão de ideias e depois retornou às atividades da Jornada de Solidariedade. Como Bonato foi um dos organizadores da “fundação” da confraria, cujo primeiro presidente foi Mário Du Trevor Júnior, fez uso da memória para insultar os incrédulos. Se alguém possuir dúvidas, que perguntem ao Paulo Mac, ou ao Esquivel que ainda goza de boa saúde, aos 94 anos!
Pelo Brasil
O IBGE resolveu dar uma girada no globo — literalmente. Numa ousada (e um tanto zonza) jogada de marketing geográfico, o Instituto lançou um novo mapa-múndi com o Sul no topo e o Brasil no centro, como quem chega atrasado numa festa e ainda exige sentar na cabeceira. A proposta, segundo o órgão, é dar protagonismo ao Sul Global e combater os viéses cartográficos. Na prática, só confundiu meio mundo e causou um colapso nervoso coletivo nos professores de geografia.
Pelo Paraná
O “PIB” paranaense segue reunido no Parque Internacional de Exposições de Maringá até o próximo dia 18 para a 51° Edição da EXPOINGÁ. Com foco no agronegócio e em novas tecnologias, o evento reúne empresários, produtores, pesquisadores e autoridades do Brasil e do Mundo para um grande ecossistema que movimenta cifras valiosas para o nosso estado e para o país.
Ensaboado
Quem marcou presença no evento foi o governador Ratinho Jr. Especulado sobre ser um dos presidenciáveis em 2026, respondeu uma dúzia de perguntas sobre o assunto e não disse nem “sim”, nem “não”. Ainda deu as boas-vindas ao novo colega de legenda, Eduardo Leite – governador do Rio Grande do Sul. O mandatário estadual, com cabeça no tabuleiro nacional, ainda tem uma questão a resolver no Paraná em prol do seu partido (PSD) para o ano que vem: emplacar o seu sucessor no Governo do Estado. Guto? Curi? Greca? Bom, quem sabe ele vem até a fronteira buscar o Chico…
Três Lagoas
Até o último final de semana, no bairro Três Lagoas, uma área pública considerada de preservação ambiental estava ocupada irregularmente com barracos e lonas, com um gradativo aumento de pessoas a cada dia. Diante da situação, a Prefeitura se armou de todos os pares possíveis e aplicou uma operação de desocupação, com apoio da Guarda Municipal, Assistência Social, servidores e representantes dos poderes Executivo e Legislativo. A ação gerou AQUELA repercussão, especialmente após críticas de alguns, mas o município esclareceu, em nota oficial, que a medida foi legal, planejada e necessária para proteger o espaço e garantir a ordem pública. Organização, ainda que de forma amarga para alguns, é necessário.
Congresso de Autismo
Aconteceu em Foz do Iguaçu neste final de semana o Congresso Feminino sobre o Autismo, organizado pela AMABrasil, reuniu profissionais da América Latina e de diversos estados brasileiros, além de mães atípicas, autistas, educadores, médicos e autoridades locais. O evento discutiu temas como diagnóstico, terapias, inclusão e acolhimento no Transtorno do Espectro Autista (TEA), buscando combater o preconceito, ampliar a empatia e compartilhar conhecimento com famílias e profissionais da saúde e educação. Bela iniciativa.
Precisamos ir Além
Sim, o congresso é importante — e necessário. Mas entre uma palestra emocionante e outra, é bom lembrar que a realidade aqui fora continua dura. Pais e mães de crianças atípicas seguem na maratona diária por direitos básicos: meses, às vezes anos, esperando por uma vaga com neuro infantil, enfrentando filas que dariam voltas no quarteirão por atendimento multiprofissional (psicólogas, fonos, T.Os, etc.). Eventos como esse precisam, mais do que emocionar na hora, provocar ações. Que sirva de reflexão e ponto de virada! O Assunto é sério!
Câmara Municipal
E a Câmara de Foz? Poucas vezes na história recente da cidade conseguimos ouvir tão pouco da nossa sempre ativa Casa de Leis. É quase como se tivesse adotado o voto de silêncio. Alguns vereadores com suas assessorias próprias até arriscam um anúncio de ação aqui, outro ali, como quem lembra que existe. Antes (leia-se até o ano passado), a imprensa, na exímia função de agente multiplicador de informação à comunidade, recebia religiosamente a pauta do dia, com tudo que ia à votação, sendo de amplo interesse coletivo ou não; fosse sessão ordinária ou extraordinária. Chegamos a ter sessões itinerantes pelos bairros — sim, elas andavam! Agora, temos a sutil impressão de que a CMFI, institucionalmente, anda deixando a desejar. Talvez a Comunicação da Casa até esteja fazendo a lição de casa… mas esqueceu de entregar.
- Por Rogério Bonato