Coluna do Corvo
Contas aprovadas
Mesmo com nove votos pela rejeição, as contas de 2022 do ex-prefeito Chico Brasileiro passaram raspando na Câmara. Isso porque eram necessários dez votos para barrar de vez o déficit fiscal. O saldo negativo de -0,42% foi ignorado por seis vereadores, que fecharam os olhos para os pareceres técnicos. A política do “deixa pra lá” venceu o dever de fiscalizar.
Câmara dividida
Não faltaram alertas: TCE, Ministério Público de Contas e Comissão Mista recomendaram a reprovação. Mas os seis votos a favor da aprovação preferiram o discurso político ao interesse público. Quando se passa pano para a má gestão, quem paga a conta é o cidadão.
Quem são os vereadores
Anice, Adnan, Balbinot, Evandro, Adriano e Márcia: esses foram os vereadores que votaram para aprovar as contas do ex-prefeito, mesmo diante de pareceres contrários e críticas duras de colegas. Esqueceram a Lei de Responsabilidade Fiscal? Ignoraram a crise nos serviços públicos? O que se viu foi um voto político, não técnico. Fica o registro. E a cobrança: quem representa o povo não pode fechar os olhos para contas que não batem.
Fez sucesso
Donald Trump encontrou-se com o salvadorenho Nayib Bukele, que se autodeclara “o ditador mais bonzinho do mundo”. Pior que foi eleito por maioria e os votos foram contados e recontados por várias vezes. El Salvador aperfeiçoa o sistema prisional, com chances de “exportar os serviços”, ou seja, “guardando” pessoas até de outros países. Para Trump, é mais barato enviar os presos para o sistema salvadorenho do que custeá-los nos E.U.A. Não deve ser diferente para o Brasil.
Os presos lá
Estima-se, segundo uma pesquisa, que para encarcerar mais de 1,46 milhão de pessoas em 1.833 prisões estaduais, 110 prisões federais, 1.772 centros de detenção juvenil e 3.134 cadeias, os Estados Unidos gastam mais de US$ 52 bilhões por ano. O custo vem aumentando drasticamente nas últimas duas décadas.
Os presos aqui
O Brasil ocupa a terceira posição no ranking carcerário, fica atrás da China. Os Estados Unidos ocupam a primeira posição. Cerca de 670 mil pessoas estão atrás das grades. O custo médio de cada preso no Brasil varia entre R$ 1.105,14 e R$ 4.367,55 por mês, dependendo do estado. O custo anual de cada detento varia entre R$ 13,2 mil e R$ 52,4 mil. Na média os presos ainda custam mais que os alunos nas escolas públicas (R$ 28 mil ao ano). Mesmo os investimentos na educação não ajudaram a desfazer essa conta medonha; o valor anual por aluno na rede pública brasileira é de cerca de R$ 20,5 mil, ou US$ 3.668. Esse valor é a média do investimento do governo federal na educação básica e nas universidades. Quem está em presídio de segurança máxima custa quase o dobro se comparado a um aluno.
Um país para os presos
Vamos atiçar a fertilidade da imaginação: se o mundo se juntasse para isolar os presos em apenas um local, necessitaria acomodar quase 11 milhões de pessoas. Seria uma população maior que dezenas de países, como Grécia, Cuba, Portugal, Suécia, Israel, Líbano, Paraguai, Uruguai, dentre outros tantos conhecidos. E para manter um local assim seria necessário um exército de um milhão de agentes carcerários em revezamento. Vai ver é a ideia que El Salvador está fomentando. Prender gente parece ser um negócio lucrativo. Não será de estranhar caso resolvam inventar uma colônia penal na Lua. Essa gente pensa alto.
Não vai dar
Fazendo um rápido rolê telefônico pela Câmara Federal, a maioria dos deputados consultados (14), de diversos partidos, acreditam que um processo pela anistia ao 08/01 não passa. “Acreditam”, independentemente como votarão. Há inclusive gente da oposição ao governo que não concorda de jeito algum com a manifestação. Vamos combinar: não concordam com o vandalismo.
Bolsonaro tristonho
O recente piripaque parece não ter sido suficiente para mover uma onda de comoção em favor do ex-presidente. Não se sabe de novena, romaria ou uma quantidade expressiva de vela acesas. Vai ver o povo está de olho em substitutos. Fora de combate em razão dos problemas com a saúde, e com o aparente distanciamento da legião de fanáticos, Bolsonaro se mostra um tanto depressivo, relatou um próximo.
No Paraná
Com base nos números em favor do governador Ratinho e do prefeito de Curitiba, Eduardo Pimentel, as eleições do ano que vem começam a ser moldadas. Ambos receberam mais de 80% de aprovação pela Paraná Pesquisas. Isso deve ter causado uma coceira do tipo oxiúros em alguns adversários. Com dados assim, Ratinho se folga na escolha do sucessor e começa a acreditar piamente que elegerá qualquer nome que indicar. Claro, a escolha também será realizada por meio de mais pesquisas.
Em Foz
Depois de todas as especulações possíveis, o cargo de secretária da Mulher em Foz será preenchido pela Sheila Melo, a policial. Muita gente faz confusão com a loira do Tchan. Bom, se muita gente acredita que o secretário de Saúde é o Padre Fabio de Melo, o que se pode esperar?
E o Meio Ambiente?
Dizem que o General anda com os picuás cheio de tanto escutar especulações sobre quem assumirá o lugar do Caimi. Estaria pensando em nomear um Quati, o bicho, porque ele não causaria dor de cabeça.
A semana é Santa
Apesar da liberdade de expressão devemos cuidar um pouco com o emprego de alguns termos neste período, porque as leitoras carolas pegam no pé. Assim fica complicado reclamar até do preço do bacalhau. Bom, se depender do acompanhamento, a mistura sai mais cara que o prato principal. Alguns itens estão sendo literalmente banidos do cardápio, como é o caso do tomate. A salada em geral, está mais cara; há restaurantes substituindo a couve na feijoada e o cafezinho que antes era de graça, está sendo cobrado. Ocorrem muitos fenômenos sobre a mesa, ultimamente. O fato é que muita gente vai é pescar na barranca do Paranazão.
A Santa Ceia
O que Jesus e os apóstolos comeram no famoso jantar? Precedendo o ritual do Pessach, provavelmente havia sementes, frutas secas, ossos de cordeiro, ovo, alho-poro, ervas amargas e pão sovado. Apesar de ser uma “festa da libertação”, a refeição da Páscoa judaica deve lembrar o sofrimento no cativeiro do Egito. O povo de Israel permaneceu cativo por mais de 400 anos, no período de construção das pirâmides, até o surgimento de Moisés. Mas atualizando a tradição, uma ceia não ficaria barata aos dias de hoje. Um maço de alho-poro não sai por menos de R$ 20,00 e se for preciso compara um pedaço de cordeiro, para retirar o osso, aí a coisa enfeia de vez. Creiam, o bacalhau é mais barato.
Receita
Vários amigos ligam pedindo a receita mais em conta de preparar um cheiro de bacalhau na sexta-feira, ou domingo de Páscoa. Se forem comprar o peixe salgado ele precisa entrar na água hoje. Se for em “caixinha” sai um pouco mais caro, porém eficiente. Com uma caixa de 500 gramas é possível fazer almoço para até seis pessoas, sobretudo se forem dois adultos e quatro crianças (rs). Vamos lá: cozinhe os dois pedaços de bacalhau que há na caixa por uns dez minutos até soltar as pétalas. Desfie. Coloque as batatas, cebolas brancas e roxas, na mesma água em que o peixe foi cozido. Naturalmente, bem mais legumes que o bacalhau. Em outra panela faça o grão de bico. Coloque tudo em uma forma, ajeitando cada pedaço, e, por cima, despeje umas azeitonas verdes ou maduras (pretas), um pouco de salsa e cebolinha, pimentão em rodelas de cores diferentes. Passe um fio de óleo de oliva e leve ao forno. Está feito o “batacalhau” para servir com arroz. É o prato dos sonhos da maioria dos brasileiros no período da Semana Santa. Na ponta do lápis fica assim: R$ 90,00 por 500 gramas de bacalhau + R$ 35,00 os legumes, batata, pimentão e cebolas + R$ 45,00 o óleo de oliva + R$ 15,00 um pacote de arroz + uma e outra coisa e o almoço não sai por menos de R$ 200,00. Se for comer fora o valor dobra. Mas está valendo, porque faz a alegria da família. Crianças comem pouco no domingo porque estarão estufadas e lambuzadas de chocolate.
Piapara dá bacalhau?
Vejam, o bacalhau não é o nome do peixe, começa por aí. São várias espécies chamadas assim, como o Gadus morhua, o Gadus macrocephalus, o Saithe, o Ling e o Zarbo. Em geral essas saem das águas geladas do Ártico, pescadas por noruegueses, islandeses e os portugueses são os maiores consumidores e comerciantes da famosa iguaria. Em Foz do Iguaçu há quem tenha se especializado em salgar e secar piaparas, dourados e chamam isso de bacalhau da água doce. É um costume muito antigo inclusive. Fica muito bom, se souberem preparar. No fim das contas será mais em conta ir buscar o bacalhau original do supermercado.
O velho e bom franguinho
Um amigo que comercializa frangos assados na Avenida Morenitas, na região do Porto Meira, garante que o domingão de Páscoa é o melhor dia do ano no seu estabelecimento comercial. Chega a atender perto de 500 encomendas da freguesia. O Kit franguinho com farofa, arroz, mandioca e maionese sair por R$ 65,00.