Coluna do Corvo

“Questão de ordem”?

O que isso quer dizer? É um termo muito usado em reuniões, sobretudo nas sessões legislativas. Crianças pequenas levantam os bracinhos nas salas de aula e dizem “por uma questão de ordem”, toda a vez que querem se manifestar. São palavras de formalidade, do tipo: “quando um burro fala, os outros abaixam as orelhas”. É um jeito educado de entrar na fila das discussões sobre os imbróglios, e, contribuir para o esclarecimento. É triste precisar explicar, mas é necessário, porque a “questão de ordem” é também comportamental. Seria um princípio de educação, como dar o lugar a um idoso, grávida, deficiente no ônibus, por exemplo. O que vem a seguir, além do comportamento, remonta ao cavalheirismo, porque ao que parece isso deixou de existir quando o assunto é a política.

 

A discussão do preço da coleta do lixo

Quando a prefeitura anunciou a necessidade de reajustar o valor do contrato com a concessionária que faz a limpeza pública, o montante chamou a atenção, independentemente se justo ou não. Aqui entre nós, os antecessores do General jogaram essa bomba no colo dele. Aumentar contratos com prestadores de serviço, afinal, sempre chamou a atenção, porque cria polêmica, que por sua vez vai parar na imprensa e gabinetes dos vereadores. Por isso, ex-prefeitos passavam por cima de assuntos latentes e empurravam com a barriga. Foi assim no aumento das tarifas de ônibus. No assunto do lixo, isso virou um problemão. A concessionária possui responsabilidades sociais e das grandes, levando em conta a complexidade dos serviços e os cuidados com os colaboradores.  Jamais, em tempo algum deixou de executar o serviço e, investindo pesado no aterro, inovando em tecnologia, educação e muito compromissada com a sustentabilidade.

 

Convenhamos…

…um aumento de R$ 392.1 milhões, para R$ 635.2, chama mesmo a atenção e o governo foi corajoso. Um dos primeiros atos do General Silva e Luna, no primeiro dia útil de governo, foi visitar a Vital Engenharia e os valorosos coletores, pedindo que se somassem ao esforço de manter a cidade em condições exemplares. Sua equipe já havia avaliado as questões contratuais, no recolhimento dos resíduos e em outras frentes, enfim, em todas as concessões e contratos. Poderiam muito bem cancelar tudo, sacudir a poeira, balançar o coreto, mas optaram por honrar a palavra da cidade, virando a página de como esses problemas se acumularam. Tocaram a bola para a frente, tentando equalizar as questões, de maneiras que não refletissem na população. Os resíduos estão na ponta das atividades sustentáveis e, foi preciso agir com responsabilidade.

 

E daí?

Quando anunciaram a reforma do contrato com a concessionária, de número 118/2023, a vereadora Valentina, fazendo a lição de casa como oposição, ocupou a tribuna, e, por meio de um requerimento, pediu explicações ao município. Foi técnica e agiu no interesse da população. Não obstante, depois de sua ação parlamentar, de conhecimento público, os vereadores Paulo de Brito, Dr. Raniei, Bosco Foz, Cabo Cassol, Soldado Fruet e Sidnei Prestes, que atuam como bloco de situação, roubaram a cena e foram conversar com a prefeitura, em audiência concedida pelo Coronel Áureo, o General Garrido e Larissa Ferreira, respectivamente gestores das pastas de Governo, Finanças e Administração.  E, cadê a Velentina? Apagaram a parlamentar, como não se devesse satisfações a ela. Que barbaridade hein? Meia dúzia de brutamontes, atropelando a ação de uma mulher, jovem, de origem humilde, professora, e muito ligada com setores importantes da comunidade. Arguirem que foram “questionar o aumento”, ao lado do líder do governo, o vice e o líder do PL, não cola. Teoricamente ficaria mais bonito defenderem o prefeito. O que custava chamar a vereadora, avisá-la, valorizando o seu desempenho de legisladora? No mínimo cometeram uma descortesia, não foram cavalheiros. E esta coluna não permeou as questões de éticas.

 

Aqui e em todo o lugar

A direita pode se manter no radicalismo, isso faz parte da política, mas deve respeitar os princípios básicos do relacionamento, porque é assim que se atua, com diplomacia e bom senso. Mas não é somente em Foz que acontece. Em Cascavel, por esses dias, durante uma audiência pública envolvendo a Copel, toda a vez que um vereador da oposição manifestava a opinião, o som era desligado. Aconteceu com a vereadora Bia Alcântara e deu num baita escândalo. Se a direita é maioria regional, bolsonarista ou não, deve respeitar a minoria, os colegas, os princípios, porque eles são revestidos pela Constituição Federal. Podem até se pegar na tribuna, nas alfinetadas ideológicas, mas a “questão de ordem”, os princípios legislativos e a ética, isso precisa ser levado em consideração.

 

Por essas e outras…

As derrapagens não são bem avaliadas quando certas atitudes são levadas pelo impulso. Ingenuidade acreditarem que atropelando a iniciativa de um colega, conseguirão melhor desempenho na opinião pública. Passar o apagador na Valentina pode ter mexido com a ala feminina na Câmara e são quatro votos preciosos em caso de um embate significativo. Os que apoiam o governo precisarão musculatura extra para convencer a mulherada, dependendo a situação.

 

E tem mais

Vereadores da direita, centro e esquerda, deliberam em favor das causas sociais; devem fiscalizar, apontar as deficiências do governo e se for o caso colaborar, e, também criticar. O mesmo ocorre em outras esferas legislativas. Os deputados e estaduais e federais atuam em prol dos municípios e, quando realizam benfeitorias, merecem o destaque. Recentemente, o deputado Vermelho cobrou agilidade no posto da PRF, dentre uma pauta muito ativa de projetos em andamento; o Matheus, por sua vez, dá uma pegada firme para a viabilização de UBSs em cidade da região, o que alivia e muito a estrutura de nossa cidade; e, parlamentares de outras localidades também atuam beneficiando Foz, como é o caso do deputado federal Elton Welter que incluiu o município entre as cidades brasileiras que serão beneficiadas com novas ambulâncias, no processo de renovação da frota do Samu 192. Em outras palavras, toda a ação política é bem-vinda, gostem os oposicionistas ou não, seja lá a ideologia que comunga. Política precisa ser inclusiva, sempre.

 

O que andam fazendo?

Este colunista, com o tempo bastante corrido em seus ofícios diários, leia-se não se trata apenas de jornal e jornalismo, consegue – mesmo assim – dedicar espaço para as atividades parlamentares. A Câmara, em quase todos os gabinetes, trabalha boa proposituras em favor da cidade e os seus segmentos. Vamos aqui levar em conta que em bom número, os vereadores, partidos e siglas, formam um grupo mais relevante que simplesmente um mosaico colorido. Possuem formação, qualificação e estão em frequente sintonia com a cidade e, logo, isso começará a usar o espaço na imprensa. Estamos perto de completar apenas três meses de legislatura, pouco tempo até tomarem pé de toda a situação. Uma coisa é saber o que acontece do lado de fora, outra, é no entrar no gesso da política, com as suas saias justas, orçamento e tudo o mais. Todos terão espaço aqui se for pelo bem da cidade. Esta coluna e o colunista não liga para partido, bloco, grupo e, se deixa induzir, apenas contextualiza o que precisa ser contextualizado.

 

Pelas bandas da prefeitura…

…uma notícia, dividida em duas partes, chamou bastante a atenção dos mais ligados na coisa pública. Sérgio Caimi e a Noemi Giehl pediram o boné e o echarpe na saída do baile. Ele, todo mundo já esperava; ela foi de certa forma surpresa e, uma coincidência, porque pelo fato de exercer o cargo de secretária da Mulher, a sua saída não possui relação com o bafão que envolveu o ex-secretário de Meio Ambiente.

 

Ele

Caimi “balangava” igual dente de leite, pronto para amanhecer no travesseiro e ir agradar a fada. O imbróglio familiar desmontou o seu eixo na atividade pública, tanto que ficou remoendo as possibilidades, mas estava convicto em não continuar no governo. Na metade da semana já avisou os mais próximos que a decisão estava tomada. Deve retornar para as atividades privadas e esquecer um tempo da política, ou pendurar de vez a chuteira, porque os danos na imagem não foram pequenos. É o preço que se paga e ele está se conformando.

 

Ela

Como o governo chegou até o seu nome, não se sabe ao certo, mas a Noemi Giehl deve ter sido indicada por pessoas muito ligadas ao grupo liderado pela General Silva e Luna. A memória ainda está bem fresca, isso é natural em menos de 90 dias, está na lembrança que a Noemi “foi recebida como “líder comunitária”, acumulando experiência em algumas iniciativas, com uma atuação marcada pela capacidade de mobilização e organização, além de uma forte conexão com as demandas da população”.

 

Bateu na trave

“Assumir esta secretaria é uma missão que encaro com muita responsabilidade. Nosso objetivo é oferecer saúde de qualidade, garantir proteção contra qualquer tipo de violência e promover a autonomia feminina por meio do empreendedorismo. Vamos construir um futuro em que as mulheres de Foz do Iguaçu se sintam protegidas, respeitadas e valorizadas.” A intenção era boa, e a missão segue em frente, sem a Noeli. Qual gato entrou na tuba, ainda não se sabe. Tomara não seja um problema sério. Resta ao governo encontrar outra empoderada para a função.

 

Mais mudanças?

Dizem que no dia 10 de abril, uma quinta-feira, existe a possibilidade de novos nomes ocuparem cargos na atual administração. O governo teria entrado no compasso de avaliação de todas as pastas e estaria comparando as metas apresentadas por todos os secretários e por sua vez, os diretores. Fora os acidentes de percurso, é fato que alguns nomes já estão sendo substituídos. Pelo menos o General está cumprindo a promessa: “não correspondeu, eu troco”. No mais, o que resta é sempre desejar a todos os queridos leitores, um final de semana dos melhores!

  • Por Rogério Bonato

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