Coluna do Corvo
Paraná + Cidades
Trata-se de um evento importante e repleto de adversidades. Foi desenhado para otimizar o tempo do governo e do governador. É quando, em uma única ocasião, ele se reúne com 399 prefeitos, presidentes de câmaras, milhares de vereadores e, soma-se a isso, os políticos que deixaram o poder ou ficaram de fora nas eleições do ano passado. É a xepa da reorganização política olhando para 2026! Se alguém duvida, levante a mão.
Paulo, Greca e afins
E, para dar uma sacudidela no ambiente político de Foz, eis que o Paulo Mac Donald dá um tempo na construção do conjunto de edifícios em Ilha Cumprida, no Sul de São Paulo, e retorna para bater cartão no Paraná + Cidades. Se esbaldou igual pato na lagoa e claro, causou o olhar de revesgueio de uns e outros.
Gafe dos infernos
Um desantenado perguntou ao Mac: “como está a sua volta à prefeitura? Encontrou a casa em ordem?” Paulo riu e mudou de assunto. Pensou que era sarrinho. É que lá do outro lado do Estado, os políticos só olham para a própria cintura, então é compreensível uma gafe assim. Mas não ficou por isso. O dito cujo ex-prefeito da região litorânea, que não se elegeu também, foi corrigido por um vereador de Foz que tratou de fazer uma atualização. Entendendo o deslize ele disse: “mas o homem estava com 72% nas pesquisas, tinha o apoio do governador e de meio mundo, nunca ia imaginar que o desfecho seria esse”. É, ele realmente estava mais por fora que umbigo de vedete.
Desprendimento
Paulo transitou pelas dependências do Rafain Palace como nada tivesse acontecido no recente passado e deu ares de que além de recuperado está pronto para outra. Mas alguém confidenciou a este colunista, que para o alívio geral de muita gente, ele anda conversando bastante com a ala política em Ilha Cumprida, Cananéia e até Registro, vai que muda o domicílio eleitoral para lá? Bom, isso só no sonho dos seus adversários, por enquanto.
Generauuuuuuuuuuu!
E, reza a lenda que o Paulo retornou de viagem refeito, depois de muita meditação, pensamentos positivos, dedos cruzados, acupuntura, massagem e terapia com sanguessugas, para arrancar os fluídos negativos até do sangue. Mas quando chegou na porta do edifício onde mora, deu de cara com o gato miando… “generauuuuu”…”generauuuuu”… O porteiro disse: “estranho, ele andava sumido, achei que a dona Elenice havia levado ele de volta para a construtora, mas apareceu justamente hoje!”.
Lá na prefeitura…
Esse mundão véio é cheio de coincidências! Contaram para este colunista que assim que assumiu o posto, o General teria se incomodado com o ruído dos morcegos no sótão da Prefeitura, e, escutou o grito horripilante de alguém por causa de um camundongo que atravessou uma sala próxima! Como o Chico nunca foi de gastar com dedetização, é bem provável a infestação desses mamíferos e peçonhentos. Áureo Ferreira deve ter passado Baygon na cadeira dele e do prefeito, mas sem verba, o recurso foi improvisar. Para puxar o saco dos chefes, um servidor apareceu com um gato e depois de uma semana, deram sumiço no bichano. A explicação é que toda a vez que o General pegava na caneta para assinar um decreto, o gato miava em tom de advertência: “Generauuuuuuu?”. Vai ver, por engano, levaram para lá o gato do Paulo! Vingança “saramaligna” da mais pura! Certamente foi por causa disso que o bicho reapareceu nos jardins do Edifício Barcelona. Barbaridade!
Água mole e pedra dura
De tanto insistirem, o horário da prefeitura mudará. O expediente será das 08h às 17h e a alteração é para melhorar o atendimento à população. Dizem que no decreto, constava um exercício público inédito, com as repartições abrindo inclusive aos sábados, até meio dia. Foi aí que o gato miou “generauuuuuuuuu”, e ele teria desistido de assinar.
Quer de volta
E o gato também miou “generauuuuuuuuuuu” quando ele assinou a papelada que recebeu veto na Câmara, mas não deu bola. Depois do resultado ele tria dito: “poxa, alguém faça o favor de ir até o prédio do Paulo e peguem o gato de novo!”. Eita gato medonho esse hein?
Reorganização
Os “vermelhos” pai e filho estão trabalhando e muito no manejo político, causando um grande reagrupamento entre os parceiros. O papi deu uma de técnico, entrou no vestiário no intervalo e fez a motivação do elenco. O resultado já garantiu o empate e o placar, segundo os analistas, será de virada. Segundo as fontes deste colunista (muito fiáveis), tanto o deputado federal, pai, como o estadual o filho, o Matheus, abriram várias frentes e estão surpresos com a acolhida, ainda mais depois de um bam-bam-bam os procurou para a conversa de pé-de-ouvido. O fato é que ambos possuem uma carreira sólida e de muitos feitos em favor do domicílio e cidades que os apoiaram. Possuem afinal, o sangue puro, nativo e isso faz diferença. Pesos pesados da política paranaense querem embarcar na barca dos colorados.
A capa da memória
O Registro amarelado pelo tempo, mas com as cores bem vivas na memória foi realizado pelo fotógrafo profissional Juca Pozzo, o herdeiro de um fabuloso acervo de imagens históricas de Foz do Iguaçu, uma vez que ele iniciou a carreira na Casa de Retratos Pozzo & Filhos, que ficava no centro da cidade. Seu pai estava no ofício desde os anos 30. Onde anda você meu amigo? Olhando o “retrato” notei a data no verso, 14 de fevereiro de 1981. Passaram-se 45 anos!
E a memória?
Com a ajuda dos recursos eletrônicos certifiquei que era um sábado, quando o jornalista Selmo Jandir Aragão e o radialista Luiz Carlos Souto apresentavam o resumo da semana, nos gloriosos estúdios da Rádio Cultura de Foz do Iguaçu, ainda na Rua D. Pedro II. Este colunista, creiam, é a figura esquelética no canto direito do registro. De certa maneira formávamos um trio, cobríamos todos os eventos políticos, culturais, sociais e esportivos, do futebol ao kart; das pescas ao dourado aos certames de luta-livre; não escapavam nem as partidas de tênis de mesa. Alguém faz ideia de como é narrar uma partida de ping pong?
Velhos Carnavais
Num relance de memória, lembro que naquela manhã levei um sonoro pito do gerente da emissora, o saudoso Ennes Mendes da Rocha. “O que você está fazendo aqui? Deveria estar na redação ajudando o Anésio Gonçalves e o Oliveira Júnior na preparação do Jornal do Meio Dia”. Saí de fininho e voltei para a velha máquina de escrever, porque o tradicional programa também fazia um resumo dos principais acontecimentos e por isso necessitava um certo empenho, uma vez que exercia a função de repórter de rua, juntamente com o Aragão. Passou pela sala o não menos saudoso marinheiro João Cyríaco de Souza Filho, o capitão que falava da marinha, do espiritismo e muitas coisas boas. Foi um grande amigo, mestre, professor, um guia para quem possuísse a cabeça cheia de ideias e não sabia por onde começar. Dividia a função de amainar a minha avidez com o padre Germano Lauck. Uma tarefa das mais complicadas, imagino. Que luxo para alguém, poder contar com conselheiros como Ennes, Cyriaco e Germano! E como a memória é tão colorida, lembro-me bem que naquela manhã, o capitão, vestindo a farda branquinha, perguntou: “como vão os preparativos do Carnaval? Fala com o Marujo, que ele, o Toto Palma, Roberto Simões, Raul Quadros e o Mosquito estão com a ideia de criar uma charanga”. E foi quando eu soube dos antigos carnavais de Foz, com os famosos “corsos”, que marcavam o encontro na esquina das ruas Marechal Deodoro e Quintino Bocaiúva, onde mais tarde, fiz acontecer, juntamente com os colegas na Fundação Cultural, o falecido Carnaval da Saudade. A casa de Cyriaco ficava de frente para a folia e era toda enfeitada com serpentinas e mascadas. A família se reunia na calçada até o encerramento do evento.
Falecido?
Não perguntem as razões do falecimento, porque infelizmente faz parte de um passado das inseguranças públicas na realização de eventos, quando morrem pela falta de coragem. Essas águas passadas são cheias de troncos enroscando no pensamento. Cada enrosco dói e às vezes é bom nem lembrar. Não dói, por exemplo, lembrar todas as pessoas mencionadas, elas se foram do corpo, mas sempre surgem em forma de brisa fresca nas manhãs de verão. Não há um só dia em minha vida que deixo de lembrar o Aragão e o Luiz Carlos, especialmente, porque marcaram muito a minha vida e partiram muito cedo. Aragão foi vítima de um vírus medonho e Luiz, num trágico acidente na entrada da cidade, poucos anos depois da foto.
Os frutos caem do pé
A vida é em síntese uma árvore carregada de frutas; umas caem prematuramente e desaparecem sem a força da geminação; outras são colhidas e, há as que permanecem até passarem do ponto, obedecendo a ordem natural de todas as coisas; enrugadas, despencarão, apodrecerão, os caroços serão cobertos de folhas e, logo brotarão mudas e tudo começará de novo. Não sou espírita e ainda me considero um incompetente no discernimento de muitos aprendizados, mas algo me diz, que essa minha teoria possui sentido. Minha mãe está prestes a completar 90 anos e diz: “porque todos os meus irmãos já faleceram, e eu fiquei sozinha e ainda vivo muitos anos depois?”. Escuto, não sei responder e também fico pensando, pois da legião de amigos que havia na Rádio Cultura, na época em que desembarquei em Foz, apenas eu, o Oliveira Júnior, Cláudio Soares, Celso e Rosane Rios ainda não “desembarcamos dessa jornada”. Alguém disse que o Ferreira Júnior ainda está por aí, mas longe dos microfones. Tenho saudade.
Saudade gera saudade
Os leitores que me perdoem, mas nas sextas-feiras e sábados sempre bate uma ventania de lembranças e não sei como deixar de relatar. Jorge Luiz Borges discerniu o “espaço profundo e cumulativo da memória”, o conceito de escrever, se livrando das memórias para criar espaço de pensamento. Há uma frase dele mais ajustada e fiquei com preguiça de pesquisar. A verdade é que os nossos HD’s orgânicos não funcionam assim quando há no processo o emocional. Não exercito o descarte das coisas boas, de jeito algum. Escrevo num sentido contrário, de avivar cada vez mais as lembranças e a esta altura, creio que isso colabora com a história, a minha e a de outros. Pena que isso, em algum lugar, chateie quem gosta dos fatos políticos, as travessuras cotidianas, muitas das quais perdulárias e que nem mereceriam o meu tempo e espaço, mas lembrar os amigos é para mim algo muito importante. Bom, vamos correr amigos! Um bom final de semana a todos!