Coluna do Corvo
Trump “trumpetudo”
Quem é esse cara? É um nova-iorquino fora da casinha, ao estilo de muitos norte-americanos, cujos ares de prepotência superam todos os limites. Dizem que ele tenta reencarnar o também Republicano Theodore Roosevelt, copiando a inquietude e o modo torpe de se expressar, mas alguns historiadores garantem que isso não cola nos tempos atuais. O fato é que os estadunidenses adoram esse cara e por isso voltou à Casa Branca. Não resta nada além do resto do mundo precisar aguentá-lo.
Chegou chegando
O discurso de posse foi emblemático, mas a primeira entrevista coletiva se converteu em circo de horrores. A impressão é que o mundo pertence aos Estados Unidos, dividido em castas subservientes prestáveis e imprestáveis. Trump não é em nada simpático quando o assunto é o umbigo, a “América First”, como se nada mais importasse. Pobres de nós mortais das subclasses estrangeiras. Foi um choque a aula reacionária e desagregadora do recém-empossado presidente, mas fazer o que? Logo ele cai na real e, flexibiliza, como aconteceu em seu primeiro governo.
“Não precisamos do Brasil”
Quando a repórter perguntou, o chão tremeu. Mas será que os EUA não precisam mesmo do Brasil? Nosso país exporta algo como 40 bilhões de dólares ao ano em itens necessários e muitos dos quais sem concorrência, sobretudo na lista de bens industriais. Os produtos em evidência são o petróleo bruto, aeronaves, café e carne bovina. Mas bilateralmente os negócios superam US$ 80 bilhões. Trump quer ajustar tarifas e isso pode impactar produtos como o aço, agropecuária, indústria extrativa e transformação estão na alça de mira para liderar as exportações para os Estados Unidos em 2025. Em suma, alimentos brasileiros são importantíssimos e não devem ser desprezados tão facilmente, tampouco sobretaxados. Se isso acontecer, o Brasil possui muitos países na fila, como é o caso da China. Isso é que causa desconforto em Trump, o fortalecimento da balança comercial com os chineses.
Precisamos dos EUA?
O Brasil se socorre comprando trigo e álcool etílico dos norte-americanos, além de outros produtos, mas pode buscar isso em outros países, ou ajustar a produção interna, incentivando o plantio, por exemplo. Os especialistas em política internacional garantem que as coisas acabarão se acomodando com o passar do tempo, porque o governo de Trump poderá sofrer pressão interna e isso é tudo o que ele não quer.
Diferenças
Brasil e Estados Unidos são bastante diferentes, mas uma coisa é certa: nosso país possui mais chances de autossuficiência do que eles. Isso se reflete no modo de vida. Os brasileiros se adaptam mais facilmente e, conseguem superar as crises. Bom, quando é que vivemos sem crise nisso ou naquilo? Somos formados e pós-graduados em crises. A vantagem é que o Brasil abriu novos mercados nos últimos dez anos e fortaleceu parcerias que mexem muito com a paciência dos Estados Unidos, como o teatro em torno do Brics, pautando as ações de nações emergentes e superpopulosas.
Imigração
Não há assunto mais polêmico que o ingresso ilegal de pessoas em território norte-americano. É onde o “bicho vai pegar” para valer daqui em diante. E Donald Trump nem é o maior vilão na encrenca, seo Joe Biden deportou mais brasileiros do que o sucessor. Todos a população dos Estados Unidos se preocupa com o assunto e boa maioria acredita que há imigrantes além da conta e é necessário fazer um pente fino.
Misericórdia
Durante um culto, a bispa de Washington, Mariann Edgar Budde, rogou que Trump tenha misericórdia com os imigrantes e LGBT, mas em sua fala, pisou no literalmente no tomate, ao tentar refletir o pensamento de membros da sua congregação: “Deixe eu fazer um apelo final, senhor presidente. Milhões depositaram a confiança em você. E como disse à nação ontem, você sentiu a mão providencial de um Deus amoroso. Em nome do nosso Deus, peço que tenha misericórdia das pessoas em nosso país que estão assustadas agora”, disse a bispa. Trump não gostou nadinha do sermão. “Há crianças gays, lésbicas e transgêneros em famílias democratas, republicanas e independentes, algumas que temem por suas vidas.”, disse ela.
O que são os imigrantes?
Continuam sendo “cucarachas”. A bispa Budde fez um apelo em defesa aos imigrantes — no dia em que Trump assinou medidas executivas contra a imigração, imagina? “As pessoas que colhem nossas safras e limpam nossos prédios de escritórios; que trabalham em granjas avícolas e frigoríficos; que lavam a louça depois que comemos em restaurantes e trabalham nos turnos noturnos em hospitais, elas podem não ser cidadãs ou ter a documentação adequada. Mas a grande maioria dos imigrantes não é criminosa. Elas pagam impostos e são boas vizinhas”, disse Budde. Que barbaridade! O que será dos norte-americanos sem as pessoas que limpam as privadas? É humilhante.
Nem tudo está perdido
Mesmo diante de tantas incertezas e decretos abruptos, todos assinados em menos de uma hora, bateu um vento de alívio quando o assunto envolve as guerras que há no mundo. O chefe da maior potência bélica do universo que conhecemos, disse que quer acabar com os conflitos! Até o presidente da Ucrânia acredita nele, mais do que nos presidentes do Brasil e China. Para Volodymyr Zelensky, com Trump no poder, Lula e Xi Jinping perderam o trem, ou seja, o protagonismo.
Anistia
Se Bolsonaro voltar ao poder, certamente copiará Donald Trump em quase tudo (como já tentou fazer), a começar por livrar a cara dos envolvidos nos atos de vandalismo no fatídico “08 de janeiro”.