Coluna Administração em Foco

Administradores, redes e fronteiras

 As redes nos conectam com as coisas que temos interesse. Ocorre que novas formas de produção também nos conectam, mesmo que a contragosto, com as externalidades negativas de novos produtos ou processos. Cabe aos profissionais de administração apresentar soluções para os problemas e apontar as oportunidades que se abrem às organizações em que atuam, e estes desafios são maiores para quem atua na fronteira.

As técnicas modernas de produção institucionalizaram o modo de produção capitalista, que por meio de equipamentos técnicos, produzidos a partir da racionalidade matemática, determinam o ritmo da transformação da natureza em produtos de interesse das pessoas. Cabe as organizações o papel de gerir a produção de modo que os interesses de investidores e os da sociedade sejam atingidos, respeitada a preservação ambiental para as futuras gerações.

Apesar de parecer distante das atividades que realizamos aqui na fronteira, a produção de novo conhecimento científico leva a inovação de produtos e processos. Nem tão rápido e nem tão diretamente, é fato que novos paradigmas científicos levam tempo considerável (as vezes décadas ou mais) até que novas patentes sejam registradas. Patentes de novos produtos e processos tecnológicos definem quais entidades, sejam pessoas, organizações ou nações, terão o direito de uso sobre determinada aplicação, em outras palavras, definem a produtividade e a acumulação de capital. Novas tecnologias geram novos produtos e a proteção com custo econômico, ambos e ambos afetam as decisões de investimento.  Somos a fronteira no sentido da periferia global, visto que o registro de novas patentes é majoritário nos países do norte, e, aqui no sul global, a tríplice fronteira Brasil Paraguai e Argentina também é periferia dos centros industriais. Mas, voltando ao título, qual o papel do profissional de administração que atua nesta região de fronteira?

Se as redes determinam o nível tecnológico da produção de cada região, conforme institucionalidades de cada país, determinando o custo social do trabalho, cabe aos/as administradores/as planejar e executar novos produtos e processos de interesse das populações que vivem na fronteira. São as redes, de comunicação, de circulação de mercadorias e de capitais e de manifestações culturais que implementam os ciclos de produtos, da fabricação ao consumo. Na fronteira o desafio de gestão é maior porque a definição dos fluxos processuais depende de duas ou mais institucionalidades. A realidade é mais complexa na fronteira.

Cabe aos administradores em sua atuação nas organizações que dirigem ou assessoram fazer a mediação entre as novas tecnologias e a forma como as organizações farão as entregas dos novos produtos aos usuários finais, respeitando os territórios em que a produção ocorre e o comportamento de quem consome, além de evitar os indesejados efeitos negativos, sejam os ambientais ou sociais, deixando aos de amanhã condições de vida adequadas.

 

  • Edson Thomas é Administrador na UNILA, mestre pelo PPGPPD/UNILA e aluno especial no doutorado do PPGSCF/Unioeste

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