No Bico do Corvo
As cartas
O Corvo recebeu muitas comunicações de solidariedade à democracia. Infelizmente não há espaço para todas as mensagens. A maioria reflete o pensamento da maioria dos brasileiros e cidadãos honrados, que acreditam na Lei, Ordem e Progresso, como diz a faixa branca em nossa Bandeira.
Terroristas sim
Prezado Corvo, concordo com seus argumentos quanto ao “rótulo” merecido para a baderna, mas em algum lugar, não está errado considerar que os atos violentos contra a democracia foram de terrorismo. Olha o que essa gente fez? Veja quanto isso vai custar? E você acredita que os autores indenizarão o patrimônio público destruído. Além dos bens históricos, peças de arte e mobiliário, há o lado institucional que foi profundamente ferido. Olhar as imagens chega a doer, em imaginar que há brasileiros com esse espírito de arruaça.
Marcos G. L. Saldanha
Baderna generalizada
O que eu vejo Corvo, e não consigo entender, é como tanta gente enrolada na Bandeira Brasileira, ou vestindo as suas cores, pode subverter a ordem, desrespeitar a Constituição, destruir valores sagrados da Nação e depois se considerarem “patriotas”. Aonde? Que patriotismo é esse?
Neide L. C. Vasques
Sem comparação
O povo fica comparando os atos de Brasília com o acontecido no Capitólio, nos Estados Unidos. Francamente, não há comparação. Os brasileiros se superaram no quesito “desrespeito” e mostraram ao mundo como fazer vandalismo profissional, de causar inveja à juventude nazista! Barbarizaram e avacalharam com as instituições. Nunca que pensei viver e presenciar tanto desrespeito e vilania. Essa gente precisa pagar e muito caro pelo que fizeram e pelo tanto que nos ridicularizaram. Eu tinha até uma simpatia pela persistência e o eco patriótico que faziam, mas depois do domingo, quero mais é que esse povo responda na Justiça e que isso nunca mais aconteça.
Geraldo V. L. Silva
O Corvo responde: a onda de indignação é possivelmente a maior manifestação da história em favor da Democracia. Até mesmo bolsonaristas de carteirinha se calaram perante o resultado da infeliz ação coletiva e extremista. A Câmara votou simbolicamente a intervenção federal na área de segurança em Brasília e acreditem, a deputada Bia Kicis (PL-DF) se disse contrária e ainda afirmou que vândalos não podem ser chamados de “terroristas”. Ela, no fim das contas, defendeu a manifestação. Segundo disseram ao Corvo, houve ranger de dentes no momento em que a deputada se manifestou.
A conta
Olhando por cima, especialistas e pessoas que conhecem bem os edifícios invadidos e depredados, asseguram que o prejuízo deve beirar os 100 milhões de reais, isso incluindo os bens desaparecidos e totalmente destruídos, como vasos chineses de dinastias antigas, quadros de pintores renomados e móveis históricos, até porque boa parte do mobiliário foi especialmente criado por designers da metade do século passado, muitos dos quais já faleceram.
Funcionando
Apesar do furdunço, o Palácio da Alvorada, a Câmara Federal e o Senado funcionaram no dia seguinte. A sede do STF deve ficar pronta até o início do exercício Judiciário deste ano, que será aberto dia 01 de fevereiro. É o que manifestou a ministra Rosa Weber.
Os frutos da reunião
Lula soube fazer uma suculenta e doce limonada debaixo do pomar de limões azedos. O encontro com autoridades dos três poderes e representantes de todos os Estados foi algo além de todas as expectativas. Como este corvo já escreveu, o governo precisaria de meses, e, há quem garanta, que isso levaria de um ou até dois anos até que reunissem todos os políticos influentes, incluindo gente da oposição. Era a maior dor de cabeça para Lula e os ministros, encontrar maneiras de causar essa aproximação. Graças aos atos de domingo, isso já aconteceu e aliados e opositores se deram os braços, descendo até a rampa do Palácio, em demonstração de união.
Tarcisio “o grande”
Se há um nome que se fortalece por meio do respeito no governo Lula, essa pessoa se chama Tarcisio de Freitas, governador de São Paulo, o Estado mais poderoso da Nação. Desde a posse ele tem se mostrado aberto ao diálogo, conversa com o governo e se mostra como estadista, deixando as picuinhas de lado. No mais, quem conhece bem o governador garante que é gente muito boa, sensível, acessível e muito trabalhador. Taí um nome forte em construção na política brasileira, o que é muito bom para o futuro.
Ibaneis sem culpa
A governadora interina do Distrito Federal, Celina Leão é uma mulher corajosa. No meio do coliseu, ela encarou leões, hienas e outras feras babando raiva, pelo desleixo do governo na área de segurança. Celina de quebra, defendeu até o titular Ibaneis Rocha, “garantindo” que ele não teve culpa pela desorganização e que tudo foi fruto de desinformação e maldade. Muita gente acredita nisso, porque Ibaneis montou um gabinete de crise e passou a comandar as ações contra os grupos subversivos, mandando prender muita gente inclusive. Ele pode ter sido sim sabotado. Levou bola nas costas.
Bolsonaro enfraquecido
A situação está se tornando a cada dia mais difícil para o ex-presidente. Está sob pressão mundial e no olho das acusações, afinal de contas, ficou tramando na cabeça dos radicais durante quatro anos. A língua é verdadeiramente o chicote da bunda. Jair Bolsonaro tem contra si os políticos brasileiros, líderes mundiais, a imprensa internacional e, conta apenas com os apoiadores radicais, muitos dos quais fora de combate, no presídio da Papuda, ou na Colmeia. Tá complicado.
E pensar que era mais fácil
Se perdesse, e, se comportasse, orientasse a turba e retornasse à política, teria toda uma avenida para consolidar a oposição e construir até uma nova empreitada. Não deveria ter “fugido”, usando as prerrogativas do cargo, o que é um vexame. Da maneira que preferiu agir, causou foi arrepio em meio mundo e conseguiu se transformar em uma das figuras mais repulsivas do planeta.
Em Foz
Não foi apenas o GM militante identificado nos distúrbios em Brasília, havia pelo menos outras 15 pessoas que se denunciaram, fazendo o favor de postar imagens nas redes sociais. O que será esse povo tem na cabeça, em partir para o vandalismo e ainda se identificar, como estivessem exibindo troféus.
Em frente ao Batalhão
Não que os soldados se incomodavam, mas realizarão o rito de ordem unida sem os espectadores dos últimos 60 dias, que se perfilavam ao lado de fora do muro, nas solenidades de hasteamento e retirada da bandeira. “A gente sempre admira o valor das pessoas, ao levarem a mão ao peito e até baterem continência no momento do hino, mas francamente, chegava a dar raiva ouvir algumas pessoas cantando tudo errado, atravessando a música, invertendo as estrofes”, revelou um cabo ao Corvo, pedindo para não ter o nome revelado.
Perigo
As aglomerações em frente aos batalhões, segundo informações, roubavam o sono de alguns comandantes e oficiais. Se ocorresse uma situação de emergências e os veículos tivessem quem sair em missão, muita gente corria o risco de ser atropelada, a começar pelos blindados.
Seo Greca
O prefeito de Curitiba chorou ao ver as imagens das obras de arte arruinadas nos atos in consequentes do domingo. Para ele, é difícil avaliar “esse tipo de gente que odeia a arte”. Mas não dá para ir longe: depois da posse de Lula, havia muitas reclamações pelo fato do novo governo não fazer menção à música sertaneja. Olha o nível de questionamento? O novo governo está promovendo a Cultura e não precisa detalhar os segmentos. Toda forma de expressão é arte.
Material escolar
Mais uma vez, o cartão que possibilita a compra de material escolar está fazendo o maior sucesso entre alunos, pais e comerciantes. As lojas cadastradas aprenderam a investir nos estoques porque a operação é lucro certo. Todos que apoiaram a iniciativa receberam. Várias cidades estão copiando a modalidade. Os pais não veem a hora de recarregar os cartões.
Nas creches
Quem passar pelos CMEis notará que há pessoas pela frente, com ares de impaciência. O Corvo foi averiguar e segundo as autoridades do setor de Educação, não há motivo de preocupações. Haverá vagas para todos.
84 anos
Taí uma coisa bacana de comemorar, o aniversário do Parque Nacional do Iguaçu e claro, lembrar a sua história. O fato é que muita gente não faz ideia de como a unidade existiu. Bem antes da canetada de Getúlio Vargas, há todo o empenho de Santos Dumont, em se empolgar e viajar em lombo de jumento até Guarapuava e depois ir encontrar o presidente do Estado em Curitiba, para brigar pela emancipação da área. Toda a vez que o Corvo fala sobre isso ou comenta o fato com alguém, surgem caras de espanto.