No Bico do Corvo

Bofete homérico

Se Lula emocionou e fez um sucesso danado ao receber a faixa presidencial das mãos de várias pessoas, cada uma representando um setor da sociedade, os méritos não são apenas da primeira dama Janja, que organizou o cerimonial. O principal responsável é Jair Bolsonaro, que fugiu ao compromisso; uma covardia desnecessária, que culminou na derradeira pá de cal no que restava de sua biografia.

 

Resistência

E a dona Janja impôs personalidade ao rito. Tirou de cena a salva de tiro de canhões, que segundo ela, os estampidos incomodavam e muito idosos, pessoas portadoras de necessidades e animais. O fato é que a artilharia em nada combinava com a festa popular, além do mais, com tanta insanidade à solta, vai que alguém trocasse a pólvora seca por um petardo de 80 mm? A euforia foi tanta que os tiros não fizeram falta. A cadela Resistência foi a vedete da festa. Muita gente derramou lágrimas de emoção.

 

Revolução e rebuliço

Janja já deu uma boa demonstração ao que veio. Trancou o livrinho das formalidades na última gaveta da escrivaninha. Quer mais arte, irreverência, multiplicidade de pessoas e cores, isso é afinal a cara do Brasil, que os brasileiros queriam de volta. O país vive uma euforia sufocada nos últimos anos. Como disse Lula, em um de seus discursos, “não há dois Brasis”. Os brasileiros precisam aceitar o ponto de fusão da população, quando extrapola criatividade, vaza euforia pelos poros. Quem tenta conter isso, causa uma espécie interrupção lacônica, ou seja, cuja brevidade não se explica. Seria como tentar organizar um bloco carnavalesco, dizendo a cada participante o que fazer. Isso não existe.

 

Ecos da posse

“O Brasil é um país espetacular, uma bagunça bem mais organizada que a Espanha”, teria manifestado El Rey, enquanto apreciava os eventos de posse de Lula. Sua majestade e demais convidados internacionais se confundiram com a multidão, indo de um lado ao outro com circunstância, mas sem pompa. Algumas pessoas cumprimentaram o rei e diziam: e aí “mermão”, tudo certo?

 

Polarização

No fim das contas Lula está aproveitando bem o momento, emplacando o seu velho estilo de governo, sempre clamando as agruras vividas pelos mais humildes, excluídos ou em via de exclusão. Está certo quando observa o empobrecimento da classe média. Para saber como isso acontece, basta ir até a esquina e perguntar para um comerciante como a população se virou no final de ano.

 

Enquanto isso…

Várias fotos chegaram para o Corvo, sobre o esvaziamento da esquina entre Avenida Brasil e República Argentina. Retiraram faixas, barracas e no fim, deixaram por lá um ar muito carregado, com cadeirinhas de praia quebradas e resquícios de lamúria, igual numa quarta-feira de cinzas. Até a manhã desta segunda-feira, o local não havia sido 100% desocupado. Havia umas poucas pessoas fazendo rodinhas e outras sentadas no meio fio, com ares de não saber direito o que fazer.

 

Crédito no impossível

O Corvo deu uma volta pelo centro da cidade e conversou com um “brimo” amigo, que possui um negócio nas proximidades de onde havia a concentração bolsonarista. Ele relatou que muitos dos participantes acreditavam piamente que haveria um “grito revolucionário”, convocando manifestações, quebra-quebra e que os militares, em rebeldia, sairiam pelas ruas distribuindo o arsenal. Aqui entre nós, isso não aconteceria nem em sonho. Disse que o momento mais desolador, foi acompanharam pelos celulares, que o presidente Lula estava passando as tropas em revista. Alguém teria dito em tom de desolação: “como isso é possível, ainda se perfilaram para ele?”. Foi aí que começou o desmonte (metal) para valer.

 

A mentira que pegou

Corvo, não é tão difícil assim entender o que aconteceu na cabeça das pessoas que esperavam um “golpe” militar ou alguma outra forma da tomada de poder. Várias pessoas que eram tidas como sérias, passaram a divulgar mensagens e vídeos com números de leis e artigos constitucionais informando que a tomada do poder era absolutamente legal e que Jair Bolsonaro embarcaria nisso, para evitar que o país caísse em mãos comunistas. Claro, não passou de uma grande mentira, mas que muita gente acabou acreditando e levando a sério. Eu mesma tentei argumentar o assunto com um parente e levei um corridão de ganso. As pessoas se fecharam nessa mentira como formassem um casulo e passaram a acreditar no improvável. Impressionante. É algo até difícil de explicar. Precisou acontecer a posse do novo presidente para a ficha cair.

Lúcia A. V. Martinelli

 

Me desculpe, mas é verdade

Corvo, não faz muito tempo eu li uma nota igual a isso que estou publicando e espero não ser ofensivo. Mas era muito complicado tentar conversar com as pessoas sobre os atos bolsonaristas, que no fim, foram negados pelo próprio Bolsonaro. Isso sim foi um balde de gelo na cabeça dos simpatizantes. Quando o então presidente ocupou suas redes sociais, para dizer que não concordava com as manifestações e pegou o avião da FAB para ir se divertir em Miami, isso causou enorme frustação. E para completar aparece o general Mourão e vai além, praticamente pedindo uma desmobilização. As pessoas do movimento em Foz, passaram a se olhar com enorme tristeza, por terem acreditado em algo que jamais existiu. Era tudo uma grande mentira sendo contata por duas ou três pessoas, que na verdade alimentavam uma fogueira política, em benefício próprio.

J.C.F.S (O leitor pediu para não ter o nome divulgado).  

 

 O Corvo responde: prezado, é preciso ter a cabeça no lugar e saber entender o sentimento de muitas pessoas. Isso será mais frequente no nosso querido Brasil; os insatisfeitos atuarão com mais perseverança nos embates políticos e isso fortalece a nação, porque tudo entra em discussão, independentemente o que consideram uns e outros. Discursos de ódio nunca se encaixaram muito bem no perfil dos brasileiros, por isso foram vencidos e rapidamente até, muito antes do que se imaginava. Como em tudo, havia muita ignorância, na expressão da palavra, dando o ritmo aos movimentos de revolta. Nos últimos dias, a concentração em frente ao Batalhão foi se dissolvendo e é possível que o local volte à normalidade, até porque trata-se de um eixo importante para veículos e pedestres. Tomara as coisas se ajustem e o Brasil volte a viver a normalidade, com seus prós e contras, mas de forma civilizada e ordeira, se que se precise viver tensão e ódio. É o momento de as pessoas voltarem a se entender e tocar a bola para a frente!   

 

O brasileiro que parou o mundo

Francamente, a posse de Lula como presidente precisou ser dividida com os préstimos ao Pelé. Nada mais do que justo. Houve uma comoção mundial, porque Edson Arantes do Nascimento foi além da existência como pessoa, de carne e ossos, tornou-se uma espécie de super-herói de verdade, por meio de sua genialidade nos gramados e ao longo da vida, revertendo bondade e ações que ajudaram muita gente. Esse lado do camisa 10 é que mais nos enche de orgulho, além da amizade com a sua velha amiga, a bola.

 

Velhos amigos

Pelé era cercado de amigos, principalmente em Santos. Boa parte dos companheiros eram ex-jogadores, que vestiram a camisa alvinegra entre os anos 50, 60 e 70, porque até aposentado, Pelé dava pitacos na Vila Belmiro, como olheiro, conselheiro, e todos abaixavam a crista para o Rei. Era coisa fácil de acontecer, vê-lo pela Ponta da Praia, onde mora a sua mãe, dona Celeste, e até caminhando entre barbearia, bar e padarias que há por lá. Todos esses velhos amigos estão fazendo guarda no funeral, em volta do caixão.

 

Homenagens e reconhecimento

As novas gerações não conheciam o Pelé tão bem, como merecia. Uma constatação disso foi a chuva de imagens de seus feitos com a bola. “Isso é de verdade ou é montagem de vídeo”, perguntou um jovem a este colunista, no supermercado. Algumas das jogadas mais pareciam coisa da imaginação, pois onde um craque chapelou duas, três vezes os zagueiros e goleiros para depois fazer um gol? Se a gente simplesmente contar, as pessoas não acreditam. Por isso se juntarem Messi, Neymar e Ronaldo, não conseguem nem 50% do que foi o Pelé em campo. Maradona, por exemplo, venceu uma Copa para a Argentina; Pelé venceu três para o Brasil. Bom, essas comparações simplesmente desapareceram com o evento que é a sua partida. Pelé foi à perder de vista, inquestionavelmente, o maior jogador de futebol do mundo, em todos os tempos.

 

Ainda é cedo

Puxa vida, o ano começou com uma onda de especulação sobre quem vai assumir Itaipu. Listas estão circulando e com nomes dos mais variados. Mas sabemos que as coisas não funcionam bem assim na Binacional, há todo um protocolo a ser seguido. Quando Lula assumiu o governo pela primeira vez, Euclides Scalco e Antonio Ribas ficaram um tempo deliberando, até a chegada de Jorge Samek. É provável que o almirante Anatalício Risden ainda permaneça um tempo, para a transição definitiva. Vamos concordar, esse furor todo se dá pela influência de Itaipu na região e também nas relações entre Brasil e Paraguai. Marito Abdo prestigiou a posse de Lula e o assunto já deve ter sido pelo menos pincelado. Em breve saberemos quem assumirá o importante posto.

 

As obras

Há uma agonia em saber o que acontece com as obras demandadas pela Binacional, em especial com a Perimetral Leste que deu uma desacelerada nos últimos dias. Dizem que pessoas foram demitidas e coisa e tal, mas são prerrogativas dos empreiteiros, que contratam mão de obra e terceirizam serviços, em acordo com as fases da obra.

 

O Lula falou

Uma parte do discurso do presidente Lula, em especial, tocou os iguaçusenses, a parte sobre as obras paradas. Segundo a pesquisa do Corvo não há muito com o que se preocupar, porque tudo pareceu normalizado na manhã de ontem, com bastante gente movimentando os canteiros. De todas as maneiras é importante que a cidade se organize para cobrar os prazos. O que o povo não quer é ver obras inacabadas trancando o visual da cidade.

 

 

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