No Bico do Corvo

O Carnaval dentre as outras coisas

Não foi muito fácil o Corvo trabalhar na manhã da quarta-feira de Cinzas, depois de ir olhar de perto o Carnaval de Foz e acompanhar um pouco a Canja do Galo Inácio, mas preparar a coluna é uma atividade quase que sintomática; os dedinhos já amanhecem caçando das letras. E vamos à rotina, entre os fatos locais, alguns dos quais tristes, como veremos a seguir e o tudo mais que nos aborda. O Carnaval causa um efeito estranho, de transformar diários em praticamente semanários!

 

Sem trégua

A maioria dos jornais brasileiros estampou o ex-presidente Bolsonaro convocando um ato na Avenida Paulista. Isso, mesmo em meio aos processos que podem retirá-lo da vida pública. Segundo a opinião geral, a investigação dos atos golpistas pode impulsionar uma onda contra o STF no Congresso. Nunca, os poderes chegaram tão perto de uma ruptura institucional. A folia política, ao fim, preocupa.

 

Atiçados

O anúncio foi o bastante para mexer com o universo bolsonarista. Eles estão espalhando isso nas redes sociais: “dia 25/02/2024, vamos recolocar nossas bandeiras ‘verde e amarela’ em nossos carros, nossas sacadas, nossas janelas, nossas empresas, enfim onde possamos demonstrar nisso o apoio ao Bolsonaro!”. Bom, muita gente nem retirou as bandeiras de vista, se é o caso mencionar.

 

Que apoio é esse?

Pois é, a gente fica pensando… será que é em razão do caso das joias presenteadas e que quase foram vendidas? Ou o problema do negacionismo com as vacinas, ou por não usar a máscara na pandemia? Vai ver é por andar de moto sem capacete! Pode ser também, ao desacreditar as urnas eletrônicas, ou diante das orquestrações de um golpe de Estado. Nossa, o Corvo deu uma olhada e levou até um susto! O ex-presidente responde a cerca de 600 processos! Alguém assim precisa mesmo de apoio, a começar pelo amparo psicológico. É dureza! Bom, convenhamos, plantou e está colhendo.

 

Nas telinhas

Pois estão dizendo que a cobertura dos desfiles das escolas de samba no Rio e São Paulo não teve a audiência esperada. Segundo consta, o povo preferiu maratonas nas séries e filmes. Os políticos que abram os olhos, porque tudo indica que o horário eleitoral sofrerá efeitos similares.

 

Movimento

Certamente houve um aperto na empreiteira que realiza os trabalhos na Perimetral Leste. Estão trabalhando adoido, até ao longo do Carnaval as máquinas não pararam. Turistas, visitantes e moradores que utilizaram a Avenida das Cataratas e a BR 469 precisaram enfrentar bloqueios de pista, para os caminhões de um lado ao outro. Estão preenchendo o leito da futura via marginal, que servirá os bairros no setor Sul da cidade.

 

Protesto

Este colunista soube que os comerciantes do Porto Meira ameaçam um protesto próximo ao local das obras, leia-se querem fechar o acesso perto da aduana para a Argentina. Há muito inconformismo com a instalação de barreiras de concreto ao longo da Perimetral e isso bloqueará o fluxo direto entre os bairros. Moradores do Carimã, e Jardim Cataratas, por exemplo, terão que usar as alças de acesso do viaduto, para chegar ao comercio do Porto Meira.

 

Enquanto isso…

…na zona rural – se é que o local ainda pode ser chamado assim – o movimento foi muito intenso, para desviar das obras da BR 469. Um motorista amigo do Corvo garante que aprendeu a usar as estradas no meio do mato para escapar dos pardais. “Andando a menos de 30 km, a gente leva multa do mesmo jeito”, garante. Que sufoco isso hein?

 

Vários percursos

Não faz muito tempo o Corvo fez uma excursão pelas várias estradas que há em paralelo à BR 469. São trajetos até que aprazíveis, não fossem os buracos e os veículos supersônicos dos contrabandistas. Fora isso há os tratores e colheitadeiras e, muito pedestres. No mais, só se vê placas de condomínios em todas as direções e pequenas localidades nascendo aqui e ali. Com a Perimetral, o desenvolvimento vai abarcar toda a região, até os limites do Parque Nacional. O imenso “oceano verde” avistado do alto da Avenida Cataratas ameaça desaparecer. Basta dar um passeio de roda gigante para testemunhar a expansão comendo a abundante mata.

 

A alegria do Carnaval

Em Foz a folia aconteceu em vários locais, mas a festa popular foi na Terceira Pista, não muito diferente dos anos anteriores. Uns reclamam, outro elogiam e assim sempre será. O Corvo foi prestigiar pessoalmente as manifestações de Momo. Mais uma vez foi preciso enfrentar a fila do maldito banheiro químico. Uma vez foi suficiente, com algodão tapando as narinas. Isso fez parte do kit, juntamente com confete e serpentinas. Na segunda vez não houve jeito e este humilde colunista aproveita o espaço e pede desculpa ao João Morales e aos outros 14 vereadores e vereadoras, por ter mijado no muro da Câmara!

A Canja

Desde as primeiras horas da terça-feira o pessoal do Rotary Clube Foz do Iguaçu – Grande Lago, mandava ver na preparação da Canja do Galo Inácio, que beneficiou a AFA, uma entidade importantíssima na cidade. O céu fez cara feia, mas isso não intimidou os organizadores. Pensa um pessoal que trabalha! O mestre cuca oficial do evento, o Carlão, reportou a todo momento os preparativos, dias antes inclusive. O tradicional evento, diga-se “um bem iguaçuense”, ajudou a milhares de crianças e projetos sociais

 

Inovação

E muita gente imaginava que não haveria mais o que inventar para a realização da Canja. Ledo engano, a turma do Rotary Grande Lago criou um “drive thru” e foi o maior sucesso. Em verdade mais gente vai buscar a canja para comer em caso do que ao lado da folia. Mas preparem-se para outras inovações! Logo o Corvo anunciará.

 

O Carnaval triste

Os anos vão passando e aquietamos o senso de folia. O Carnaval, apesar da irreverência, torna-se um pouco chato, se comparado aos bons tempos. Quando jovens, caímos na folia e, depois, procuramos um lugar para simplesmente assisti-la e recordar. E quando amigos se vão, em pleno período de Carnaval, aí a barra pesa de vez, como aconteceu para muitos iguaçuenses ao saberem do falecimento de Gilmar Main e Gelsi Gelmini, amigos que adoravam o Carnaval.

 

Gilmar

Main era a irreverência em forma de gente, lá pelo início dos anos 80 foi um dos responsáveis pela Escola de Samba Clara Guerreira, um empreendimento do saudoso Emerson Wagner, enquanto presidente do Foz do Iguaçu Country Club. Antes, porém o Main comungava a amizade de metade da cidade com o seu senso de participação e voluntariedade, ao lado do inseparável amigo Caco, ou Juan Carlos Riveros, um dos maiores nomes do Judô no Paraná.

 

Nos eventos

Gilmar Main era um senhor organizador de eventos, dos jantares aos Congressos, setor que abraçou durante décadas. Fora isso, emprestava o talento aos clubes sociais como o fez anos a fio, na gestão de Maeli e Narciso Valiati no Coutry e Clube Hípico. Enfim, adoeceu e, sofreu muito, mas nunca perdeu de vista os amigos e mesmo à distância foi muito presente.

 

Gelsi

O “gaúcho” de Garibaldi fará bastante saudade. Gelsi Gelmini além de um empresário competente no ramo dos combustíveis e depois no turismo, era também um amante do futebol e da boa música. Embora muitos não recordem, foi um narrador dos gramados, eclético e de primeira grandeza; emprestou a voz à várias emissoras do Rio Grande do Sul e Paraná, em especial para a nossa Rádio Cultura. Mas, isso, fazia por gosto e sem receber um centavo. Deixava os negócios de lado e embarcava para transmitir as partidas quando convidado, abrilhantando o prefixo, com sua qualidade de pessoa e profissional.

 

Amizade

Mas o Gelsi era mesmo um “amigo” aos que necessitassem. Batia o cartão aos sábados, nas rodas de amigos e sempre, alegre e atento a tudo, comentando os fatos e cantando quando alguém puxava a viola. Como passamos pelo Carnaval, período em que nos deixou, deve ter se despedido cantarolando alguma marchinha. Ele sempre mencionava Garibaldi, as uvas, o vinho, a família e lá foi sepultado. Há muito o que lembrar sobre pessoas tão especiais e que mereceriam páginas de lembranças, como o Main e o Gelsi. Todos os nossos mais profundos sentimentos de pesar aos familiares.

 

2024 começou

Que venham os outros dez meses! Tomara as coisas tenham jeito e saibamos nos amparar, como pede a Campanha da CNBB deste ano: Fraternidade e Amizade Social. O tema é inspirado na Encíclica do Papa Francisco, Fratelli Tutti, com o lema: “Vós sois todos irmãos e irmãs” (Mt. 23, 8).

 

Escolha

O tema e o lema, foram escolhidos pelo Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em novembro de 2022 e refletem a preocupação do episcopado brasileiro em aprofundar a fraternidade como contraponto ao processo de divisão, ódio, guerras e indiferença que tem marcado sociedade brasileira e o mundo. Vamos lembrar: “a Campanha da Fraternidade, dentro do caminho penitencial da Igreja, propõe também durante a Quaresma, um convite de conversão à amizade social e ao reconhecimento da vontade de Deus de que todos sejam irmãos e irmãs”.

 

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