No Bico do Corvo

A tal transição

A COP28 aprovou a transição dos combustíveis fósseis para fontes de energia limpas. Aí o bicho vai pegar. Representantes de 198 países que participaram da cúpula do clima em Dubai adotam o texto que é histórico, pois marca o avanço no combate às mudanças climáticas. Se é que na prática avançarão, porque todos batem palmas, mas quando é para colocar em prática as medidas se deparam com dificuldades e empacam.

 

Tá bom, e como será?

O texto faz uma convocatória aos países em adotar ”a transição dos combustíveis fósseis nos sistemas energéticos, desde que seja uma forma “justa, ordenada e equitativa”, de maneiras que se acelere mais as ações ainda nesta década, onde a situação passou a ser encarada como crítica. A ideia é robusta e atingir zero emissões líquidas até 2050, como quer a ciência. Temos pela frente uma empreitada de 27 anos. No relógio do tempo é um piscar de olhos.

 

O documento.

O papel “reconhece que são necessárias reduções profundas, rápidas e sustentadas nas emissões de gases. Senão o planeta vai emborcar de vez. O compromisso dos países é trabalhar para manter o nível máximo de aquecimento global a 1,5°C, em média, em relação aos níveis pré-industriais. Parece pouco, mas será pauleira da mais duras.

 

Faltou o consenso

Acontece que a pegada não é apenas no setor dos combustíveis. A COP, por meio do seu texto, pede aos países para “triplicar a capacidade de energia renovável até 2030”. A tecnologia diz que isso pode ser possível. Mas o documento não fala em eliminar totalmente, ou mesmo gradualmente, o uso dos combustíveis fósseis como o petróleo, carvão e gás, como queriam alguns países e boa parte da sociedade civil presente à COP. Claro né, olha onde a conferência foi realizada? Nos Emirados Árabes Unidos! Um evento tão importante passou pó de arroz na expressão “combustíveis fósseis”. Ela não constou dos textos oficiais.

 

Coisa séria

Não sejamos hipócritas, os combustíveis fósseis são grandes responsáveis pelos gases de efeito estufa e por causa disso acontece boa parte das mudanças climáticas. No fim das contas, a tal transição energética, pedindo combustíveis mais limpos sempre sofrerá forte oposição dos grandes países produtores de petróleo. Mesmo assim consideraram a reunião um “pacote histórico” de medidas que oferece um “plano robusto” para manter a meta de 1,5ºC dentro do alcance.

 

E o que vai acontecer?

Os países terão que passar sebo nas canelas e poluir menos, desmatar menos, controlar os rebanhos, por outro lado as pessoas devem encontrar formas de colaborar, pelo menos entendendo o processo sustentável. A indústria, por sua vez, vai acelerar na área da mobilidade, criando novos conceitos de veículos e desta fora, aos poucos, os combustíveis fósseis deixarão de ser usados, dando lugar ao biogás, baterias, e todas as novidades que escutávamos falar nos filmes de ficção.

 

E a gasolina?

O transporte não poderá travar, então as refinarias produzirão mais diesel, dizem. O preço da gasolina pode aumentar e muito. Será artigo de luxo. As pessoas acreditam que “sobrará” gasolina no mercado e por isso o preço cairá. Ledo engano. Se as refinarias deixarem de produzir gasolina, para atender o mercado do transporte, até o conceito de postos de abastecimento vai mudar. Essa é a luz no túnel para salvar o planeta, dizem os entendidos.

 

Na política

Corvo, você disse que alguns políticos vão relaxar a pegada neste final de ano, respirando outros artes. É bom mesmo que deem uma relaxada, porque ao que parece, terão que trabalhar muito no ano que vem. Não será mamão com açúcar, como imaginam algumas das nossas figuras. Tem algo acontecendo e esse pensamento poderá ser atropelado. Devem ficar de olho. Escutei uma conversa da piazada esses dias e eles pensam bem diferente de nós, pessoas acostumadas com “os mesmos”.

Daniela V.C. Batista

O Corvo responde: prezada, o Corvo vem escrevendo isso e não é de agora. A juventude está se movendo e pode dar uma sacudida no cenário. Tomara apostem em nomes certos. Uma coisa é ser viável para ganhar as eleições, outra é o vencedor assumir dar conta do recado. O Corvo faz o mesmo alerta aos políticos que acreditam que isso nunca vai mudar, ou seja, que permanecerão nos cargos até esticarem as pernas. Já foi esse tempo.

 

Alas jovens

Não devemos esquecer que as pessoas estão bem mais antenadas e apurando o conhecimento. O mundo mudou. Isso não quer dizer que enviaremos os políticos mais antigos para um depósito, igual ferro velho, mas a atuação deles será um pouco mais difícil, sobretudo aos que não gostam de responder aos questionamento da população. “Vixe, jovem é cheio de pergunta e eu não tenho saco”, desabafou um político esses dias. Ele precisa ir se acostumando com o que virá: jovens cheios de perguntas, conhecimentos, cabeça aberta, de olho num mundo totalmente diferente. É aí que viveremos essa colisão de pensamento, muito mais cultural do que ideológica.

 

E o Moro hein?

Ele continua no mandato e muito confiante ao que parece. O Corvo precisa registrar que as mensagens querendo saber sobre a situação do Senador abarrotaram a caixa postal. Diante disso, o ideal foi pesquisar o que poderá acontecer com o Sérgio Moro. Deu uma certa mão de obra conferir essas informações, mas o Corvo não liga. Vamos dar uma passeada do assunto. Passear não significa se aprofundar.

 

Do depoimento ao julgamento

O senador prestou esclarecimentos na última quinta-feira (7) ao Tribunal Regional Eleitoral do Paraná, em Curitiba. Isso de certa maneira finaliza o processo de investigação. É quando começam a confrontar a denúncia de “abuso de poder econômico nas eleições de 2022” com as explicações de Moro. Acontece que haverá o recesso do Judiciário e o julgamento em primeira instância deve ocorrer em janeiro ou fevereiro. Andam especulando a possibilidade de isso acontecer só depois do Carnaval e olha lá, ou seja, após a segunda quinzena de fevereiro.

 

Dá-lhe 2024

Tanta movimentação e ciscada para nada. Quem creditava que a decisão seria breve igual uma guilhotina se enganou. Dependendo, a pendenga envolvendo Sérgio Moro pode ainda atravessar o ano que vem. Dizem que se ele for cassado, garantirá a permanência de Moro no Senado até um novo julgamento no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Isso demorar Com a substituição de membros do colegiado do TER, dão como certo o Moro no Senado um bom tempo ainda.

 

E haveria outra eleição?

Bom, se não há resultado de uma cassação, também não é possível contarem com o ovo na galinha, não é?  Mas como precaução, o TSE divulgou seis prováveis ocasiões para a realização de eleições suplementares no Paraná. Elas estão previstas em conformidade ao andar da carruagem, se sair resultado antes. Seriam em abril; junho; novembro ou em dezembro. A portaria descarta pleito suplementar juntamente com as eleições municipais, tanto no primeiro, como em segundo turno em 2024.

 

Segundo colocado “out

Um precedente animou bastante o segundo colocado nas eleições, o ex-deputado Paulo Martins, mas durou pouco; evaporou igual vampiro em raio de Sol, por meio de uma nova decisão do STF eliminando a possibilidade, sem um sonhado “mandato tampão”. O plenário decidiu que a vaga de senador aberta em decorrência de cassação da chapa deve ser preenchida somente após eleição suplementar.

 

Outras possibilidades

As cartas estão sobre a mesa e claro, ficamos imaginando uma porção de possibilidades. Existe também a variável que preencherá os elementos de cassação. Vai que o senador Moro inelegível mantenha a elegibilidade? Alguém anda aludindo interpretação similar ao ex-coordenador da Força-Tarefa da Lava Jato, Deltan Dallagnol. Ele afirma que poderá ser candidato a prefeito de Curitiba no ano que vem. Foi Cassado pelo TSE, com base na Lei da Ficha Limpa e terá problemas para registro da candidatura, mas pode se sustentar em liminares. Isso é um assunto que os iguaçuenses conhecem. Se Moro estiver liberado para as eleições de 2026, será um candidato muito forte ao governo do Paraná. Como o Corvo já escreveu, se isso acontecer, todo o perfilhamento político sofrerá significativas mudanças. Isso é um bom assunto para sociólogo.

 

Dá para fazer ideia…

Vamos começar pela onda jovem; o encerramento do governo de Ratinho; a provável volta de Bolsonaro ao cenário; Lula querendo mudar; novos partidos se fortalecendo; hordas de políticos cansados da mesmice; novo pensamento administrativo e de compliance; olha, vem muita coisa pelo caminho. Em 2026, não seremos os mesmos.

 

Encerramento

O Corvo começou a receber mensagens de final de ano, sobretudo de empresas que dizem fechar esta semana, abrindo só depois da primeira quinzena de 2024. Que maravilha! Aproveitando o gancho, o GDia circula até a sexta-feira dia 22, quando sai o Suplemento de Final de Ano e deve retornar apenas no dia 8 de janeiro. Não é férias e nem nada; é quando a empresa jornalística aproveita para desmontar maquinário, azeitar os rolos e conferir o funcionamento do parque gráfico. Tem essa. Mas como a gente gosta do que faz, até isso é parque de diversões.

 

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