No Bico do Corvo

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Coluna do Corvo para terça-feira, 31/10/2023

 

Que dia triste

Nas primeiras horas da segunda-feira circulava a notícia sobre o falecimento do Dr. Acir do Prado. Foi como uma névoa que foi se espalhando pela cidade e, logo, as pessoas conversavam umas com as outras e se consolavam, pois não foram apenas os amigos que sentiram, mas toda a sociedade. Difícil imaginar alguém que não o admirasse, e por muitas razões. A coluna presta todas as homenagens ao Dr. Acir e estende o sentimento de pesar aos familiares.

 

As chuvas

É difícil lembrar ocasião em que o céu desabou tantas vezes seguidas em Foz do Iguaçu. O sábado foi um dilúvio. O Corvo saiu pela cidade perto do meio dia e “navegou” pelas ruas, em geral contra a correnteza. A Avenida das Cataratas se tornou um rio de águas bravias, fazendo os carros planarem de um lado ao outro.

 

Água pesada

Não houve, pelo menos no final de semana, a ocorrência de ventos fortes. Apenas uma árvore caiu na região norte. A chuva vem com peso e rapidamente se espalha, alagando o que encontra pelo caminho. Deu medo ver as obras de duplicação da BR 469. Tomara os eventos climáticas não acabem dando uma ré nos prazos.

 

Gaivotas

O Corvo não é assim um ser dotado dos conhecimentos ornitológicos, apesar de ser uma ave. Acontece que no sábado, formou-se uma cachoeira quase em frente ao Hotel Carimã e um pássaro deu de ocupar um local ao lado, decerto esperando algum peixe dar bobeira.

 

Poças e alagamentos

Bom, é chover e as reclamações se repetirem quando aos “tradicionais” pontos de alagamento. Isso em verdade conta com a ajuda da população que deixa o lixo entrar pelas galerias, principalmente nas proximidades da Ponte da Amizade.

 

Prédios públicos molhados

Como sabemos os edifícios públicos em Foz carecem de reforma no telhado. Na sede da prefeitura registraram goteiras por todos os lados. Os morcegos estão reclamando o banho contínuo no Palácio Cataratas e para entrar na Câmara é preciso galocha ou pé de pato. Dizem que o João Morales contratou um serviço de escafandros para a próxima sessão.

 

Afogamento

A situação na Câmara é tão sofrível, que perigas alguém morrer afogado ou no mínimo escorregar nas rampas e escadarias. O chão além do mais é liso. Resfriado todo mundo já pegou, sem contar o risco de furar o “zóio”, pois a mulherada abre sombrinha nos gabinetes e corredores,

(Corvo1)

 

Dez lagoas

Choveu tanto pelas bandas de Três Lagoas, que a população está pedindo a mudança do nome do bairro. Deve ser de Sete a Dez Lagoas, dependendo a chuvarada.

 

Dia das Bruxas

E quem vai festejar o Halloween debaixo de um toró desses? A previsão de tempo ruim pelo menos nos próximos dez dias. Teremos o Sol se intercalando com céu pardacento, mas as chuvas estão previstas pelo menos até o sábado.

 

Política urgente!

A notícia do final de semana foi a possível candidatura de Michelle Bolsonaro e diante da possibilidade, o ex-presidente se mudar para uma cidade paranaense. Claro, Foz do Iguaçu entrou para o mapa das preferências e no sábado pela manhã surgiram até alguns endereços nas redes sociais.

 

Juca feliz

Uma possível morada dos Bolsonaros é um edifício bem em frente ao tradicionalíssimo Bar do Juca. Não seria o prédio novo, todo envidraçado e sim um apart-hotel, cujos domicílios são bem apertadinhos. Se for verdade, Bolsonaro não perdeu a fama de “mão de vaca”. A notícia deixou os comensais afoitos, e é de imaginar o ex-presidente atravessando a rua de bermuda e chinelo para comer um pastel quentinho frito na hora, pela dona Maria! O Juca garantiu que haverá lugar cativo!

 

Motociatas

Os motoqueiros estão exultantes, organizando um passeio de boas-vindas ao Bolsonaro, com concentração na zona primária com o Paraguai. Pensa a bagunça?

 

Bolsonaro prefeito! 

O Corvo foi o primeiro a escrever no início do ano sobre essa possibilidade, do Bolsonaro passar uns tempos na fronteira. Vai que o homem desembesta, muda o título e se candidata à prefeito? Definitivamente não é algo impossível de fazer. Essas coisas ocorrem bem ao estilo de Foz, em vestir calça de veludo ou andar com a bunda de fora.

 

É o que resta?

Onde é que isso chegou? Então, ao que parece, só restam as terras paranaenses para dona Michelle decolar politicamente e ainda apostando na cassação de um ex-aliado. Impressionante como são essas situações. E segundo dizem, os paranaenses desprezariam os candidatos locais para eleger a ex-primeira-dama.

 

Reza e peregrinação

A torcida pela saída de Sérgio Moro do Senado da República era fruto até de macumba em encruzilhada. Todos os partidos sonhavam em indicar um candidato; aflorou-se um fuzuê entre os partidos de esquerda e direita. Daí foi a Michelle inventar de participar, que a reza agora é outra: para o Moro ficar onde está!

 

 

Artigo

O homem do silêncio e dos olhos brilhantes

Haveria muito mesmo para escrever sobre o Acir do Prado, desde os tempos em que ele exercia a odontologia e, juntamente com a Rosicler, lá pelo final dos anos 70, fundaram a escolinha Xodó da Vovó. A narrativa renderia bons livros, contos e belos filmes.

Usar o termo “escolinha” não é em nada pejorativo e tampouco diminutivo, afinal, foi lá que o professor Acir e a professora Rosicler dimensionaram um sonho gigantesco e sem limites, hoje convertido em uma das maiores estruturas de formação do cidadão no Paraná. Francamente, sem demérito aos demais, a “escolinha Xodó”, remonta gerações recebidas diretamente do berço, só liberadas depois da pós-graduação e decorrentes extensões, e, ainda, conectadas com o velho e novo mundo. Onde mais isso seria possível neste país? Provaram, foi, a força ilimitada que há na valorização do pensamento e ensinaram como se dedicar a isso. Devem existir organizações similares, mas escrevo o que vi, da casinha de tijolos à vista, com um pequeno jardim florido em frente, ao monumental conjunto de edifícios voltados para a educação e que ocupa quarteirões, se espalhando como uma árvore pela região. Então, não há como mencionar o Acir, sem descrever a sua alma, parceria, obstinação, sua calma e tudo o que ele construiu com a sua família. Seria insultá-lo, caso seu esforço e legado não fossem mencionados com justeza.

 

Vamos, então, começar pela família. Acir e sempre, a Rosicler, acreditaram na educação dos outros, da mesma maneira que se esforçaram para formar os filhos, cidadãos de bem, arrojados e responsáveis; os Hauage e Prado, em amplitude, formam um alicerce exemplar; assim deverão seguir pavimentando o futuro, o deles e de milhares de pessoas que por graça, aceitam o que oferecem.

As pessoas podem até dizer: puxa vida, é uma homenagem ao Dr. Acir, em sua despedida ou à UDC, Dinâmica, Xodó? É um tributo ao ser ou aos feitos? É tudo isso e deve ser assim, pois inegavelmente uma coisa é ligada a outra, no singelo significado da palavra “vida”.

 

Pessoalmente tenho a relatar que o Dr. Acir foi uma das pessoas mais centradas e ponderadas a que tive o privilégio e a honra de conhecer. Um homem de solidez em todos os aspectos, dos pequenos aos grandes gestos. Por várias vezes iniciamos conversas que antes passaram pelo mundo, e, mesmo fossem assuntos desagradáveis, acabavam em solução, com direito à mediação e conselhos. Felizmente, se eu fizer aqui uma conta, só lembrarei de coisas boas e inspiradoras. Acir inspirava. Sempre teve os olhos brilhantes e a mão estendida, de generosidade e paciência e vai ver é por isso é tão respeitado. O seu silêncio sempre foi a sapiência.

 

Uma tristeza enorme se abateu pela cidade, nos amigos e até em muitos que não conheciam o patriarca Acir Amilto do Prado.  Quero aqui transferir o meu mais profundo sentimento de respeito à Rosicler, Rodrigo e Fábio, bem como aos seus filhos.

 

Rogério Romano Bonato

 

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