No Bico do Corvo

Reza e chuvas

As pessoas rezam para a chuva cair e a fé é tanta, que ela não para mais. Há previsão de aguaceiro nos próximos 15 dias. Vamos inverter a evolução e voltar a pular como sapos. O problema é o estrago que a chuva acaba causando, e isso está sendo registrado em todos os hemisférios. Em Foz, particularmente, a água que vem do céu serve para dar uma ré nas obras públicas e aos visitantes dos atrativos. As passarelas nas Cataratas precisaram ser interditadas na manhã do feriado.

Isso é fichinha

Mas interditar acesso às paisagens e parar tratores não é nada. Ruim mesmo é ver gente perdendo tudo em cidades do Sudoeste, as imagens mostradas pela TV são bem piores que as desavenças entre os políticos, cujo blá-blá-blá pouco resulta em resolver o assoreamento dos rios e segurar encostas.

Não é culpa deles

Aí alguém vai à TV e diz: “isso é culpa da natureza”. Não é não. É incompetência administrativa, porque o homem faz os estragos, assoreia rios, desmata os morros, constrói pontes e asfalta baratas, cujo parte do valor fica na corrupção, daí chove e está feira a confusão. A Natureza simplesmente se vinga.

Em Foz

Só quem mora e frequenta assentamentos, fez casa ao lado de riachos e por força do destino precisou se mudar para um agrupamento em favela, sabe a dor de uma chuva pesada, com a água se elevando e estragando tudo, móveis, eletrodomésticos, roupas e comida; depois chegam os mosquitos, ratos e doenças, um ciclo de desgraças que só se vê na pobreza endêmica.

Não aparece

Isso, essas tristezas, geralmente não aparecem nos programas políticos, pois os candidatos ou estão ou estiveram no governo. Os que estiveram não fizeram e os que estão não fazem. Vamos reconhecer, porque é uma maneira de pensar no que virá. Independentemente o eleito, precisará crer que o povo está com o saco bem cheio.

Mais cheio ainda

Está bem difícil ver, ouvir e ler notícias sobre a campanha eleitoral. Não se sabe o que é verdade absoluta ou barra forçada em razão do posicionamento do veículo e a enxurrada de notícias falsas. Algumas são tão bem fabricadas que até os especialistas acabam acreditando. Mas é preciso reconhecer: poucos fazem a imprensa isenta, lamentavelmente. Muitos dos meios de comunicações pintam o cenário conforme as tintas que possuem e a tolerância é pequena em todos os níveis. O brasileiro torce para o seu candidato, mas bem no fundo, está preocupado em saber se ele dará mesmo conta do recado. O cidadão faz a sua parte: paga impostos, cumpre com a obrigações e sofre a maior parte do tempo. Se o eleito for atento, verdadeiramente, ao aperto da população, saberá que não será fácil administrar um país tão cheio de adversidades, e, deformidades.

Falar em desavenças

Vamos tratar do específico: um candidato chamar o outro de ladrão não ajuda em nada. O eleito e o derrotado terão que se explicar na Justiça, porque pessoas assim tão acusadas, não poderão viver na impunidade. O cidadão comum, que luta para manter as contas em dia não suportaria tantas acusações e a pressão alheia. É possível que essa discussão “do quanto pior melhor”, provavelmente não se encerrará antes do dia 30 deste mês. Então chegaremos a isso: o eleitor sairá de casa para escolher o menos ruim e pensará na lista de acusações contra ambos, antes de apertar os botões das urnas. Que barbaridade! Desperdiçaram uma grande oportunidade de discutirem as realidades coletivas e não os defeitos individuais.

Política local

Enquanto o Brasil discute o destino, as cidades se organizam para a escolha das novas mesas diretoras nas câmaras municipais. Com os deputados eleitos e os “deseleitos”, começam as negociações para o último biênio da Legislatura. Em Foz, aparentemente há uma pequena divisão de ideias, com ênfase na administração municipal e a provável sucessão, que haverá de um jeito ou de outro. Chico não poderá se reeleger. Logo, não está errado escrever que a disputa pela prefeitura começa com a discussão pela mesa diretora da Câmara.

Como é isso?

As posições ainda são um tanto veladas e o que mais há é especulação. Mas vamos ao que é real: Vermelho se reelegeu deputado federal e o Matheus, estadual e é normal que tenham interesse no assunto. Isso também acontece com o prefeito e seus correligionários; eles estudam uma maneira de escolher candidatos viáveis para o legislativo e Executivo. E é assim que a terra começa a tremer. Se não cuidarem, o parquinho se incendiará. 

As alas

Aparentemente a cidade se dividirá em duas alas, com base no resultado das eleições. Vermelho e Matheus fortaleceram suas posições e ganharam novos aliados, muitos dos quais, com opiniões bem diferentes, para não dizer “divergentes” do prefeito Chico e seus apoiadores. É assim que “la nave vá” e seria hipocrisia acreditar em outra coisa.

Penando mais…

E quais são as diferenças. Para começar, não devemos esquecer que Paulo Mac Donald Ghisi ofereceu apoio ao voto útil no Vermelho e certamente não deixou de pensar no seu futuro. Até que digam o contrário, Chico ainda está do lado oposto dos ideais do ex-prefeito e principal adversário. Mas Paulo, enfim, não é o único divisor de águas. Atrás disso tudo há o pensamento de direita, ganhando ou perdendo o Bolsonaro.

A Câmara

O Corvo ouviu e escutou certas manifestações. Vamos partir do pressuposto que há diferença gritante entre “ouvir” e “escutar”. O que se sabe é que há um certo empenho em criar uma frente oposicionista e isso depende de um ou dois vereadores. Se eles acreditarem que a solução é a formação de uma nova chapa, acabou-se o consenso no nome de Ney Patrício, que até então vinha sendo bem construído. Nas contas do Corvo, há até o momento sete nomes com a ideia fixa de uma nova chapa e um oitavo em vias de se posicionar. Leia-se que boa parte desses legisladores são influentes em seus partidos. Embora algumas notas tenham sido publicadas em colunas, nenhum vereador expressou, em momento algum, desejo de encabeçar o posto de presidente da Câmara.

Mais votos

Nas contas do Corvo, dependendo do assopro de alguns políticos, leia-se Vermelho e Matheus, a lista pode aumentar para dez. Mas há uma roda intensa de entendimentos para manter a ideia de uma chapa de consenso, o que adiaria a ruptura até meados do ano que vem. Não podemos esquecer que Ney Patrício ainda é a opção número “1” de Chico Brasileiro no vendaval da sucessão. E de certo modo, pode ser fundamental na articulação.

O Corvo explica

Ney Patrício é um político muito hábil, e até quem faz oposição ao Chico sabe disso. O atual presidente da Câmara possui um jogo de cintura muito eficiente e condições de ele mesmo pacificar todas as tribos políticas, até mesmo os antropófagos, que falam uma coisa e fazem outra, loucos para lamber uma costela ou o fêmur de um adversário. Como o Ney não deve ter a carne muito macia, apesar das aparências, é possível que se dê bem conversando com todas as frentes e pode até convencer a formação de uma frente unida para elevar a cidade. Seria um o sonho de muitos moradores, em erradicar as rusgas e fazer Foz dar um tempo nas pequenices. Acreditem, isso é possível.

Mesma origem

Vamos lembrar o passado: Chico, Paulo, Vermelho, Matheus, Ney e quase todos os vereadores estiveram um dia no mesmo barco e, em algum lugar, sentem saudades da paz reinante naqueles tempos. Essa miragem só será desfeita se a burrice falar mais alto. O problema é que no meio disso falta um pequeno detalhe se resolver: a eleição para presidente do Brasil. E por que? Ela pesa. Vamos analisar imparcialmente: se der o Bolsonaro, a cidade está bem alinhada com o governo federal, leia-se com Itaipu, apoiando os projetos. Se mudar, teremos os deputados, governador e toda a classe política do outro lado, por isso, a tão sonhada união é possível mas depende da cabeça de uns e outros funcionar sem o pensamento da ruptura e desafinação. O PT no governo terá que emprenhar um grande esforço na cidade, como nos tempos do Samek, porque hoje, segundo o resultado das eleições no primeiro turno, 60,88% votaram em Bolsonaro. Mas ainda falta tempo até as urnas demandarem o resultado.    

Lixo nas calçadas

Mudando de saco para mala, o Corvo presenciou uma discussão entre vizinhos por causa do lixo. Um morador foi, violentamente, destratar outro em razão de ter deixado os sacos de lixo no meio da rua. Automóveis e caminhões passam por cima, porque o trajeto e estreito e não há como desviar. E assim as ruas ficam borrada de papel higiênico, fraldas, sobras de comida e o que mais houver nos recipientes que serão arrebentados. A raiva se justifica, mas a violência não.

Cultura inútil

A discussão foi tão acalorada, que o Corvo resolveu investigar mais a fundo a situação. Segundo o morador “ofendido” e quase agredido, é preciso colocar o lixo além da calçada, do contrário os coletores não recolhem. “Eles precisam que a gente deixe os sacos na rua, porque passam correndo e se precisarem desviar, o lixo fica”, disse o morador. Acontece que segundo a empresa licitada para recolher os resíduos, isso não é verdade. Não há e nunca houve esse tipo de orientação aos moradores. O lixo deve ser deixado em local visível nas calçadas e de preferência em lixeiras. Outro morador disse que esse tipo de providência é para “ajudar os coletores”. Mas será que isso ajuda? Parece que não, porque quando os sacos plásticos são arrebentados, o trabalho dos agentes de coleta é triplicado. 

Ideal

O certo é o morador providenciar uma lixeira, que proteja os dejetos dos animais e vândalos, evitando que automóveis passem por cima, em locais livres das áreas de estacionamento. Dentre outras a prefeitura espalha caçambas em alguns locais para justamente facilitar a coleta. Mas no meio da pesquisa deste colunista, surgiu outra evidência e é bom a concessionária saber: alguns dos valorosos coletores é que amontoam os sacos bem no meio da rua, com a intenção de facilitar o trabalho. Enquanto o caminhão faz o recolhimento, alguém sai correndo na frente e acondiciona os sacos na rota. O problema é que se o veículo atrasa, o risco dos resíduos se espalharem é grande, a começar pelo número de animais abandonados e famintos. Não sejamos injustos, os agentes ambientais trabalham até nos feriados. A prefeitura que tome providências. Taí mais uma missão para o prefeito Chico e sua equipe.

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