No Bico do Corvo
Semana definitiva
Estão dizendo que a nomeação do novo Diretor-Geral Brasileiro de Itaipu sairá nesta semana. Isso porque, segundo informações, o nome de Ênio Verri já teve a aprovação do Conselho da ENBPar. Agora só faltam algumas burocracias. Nos últimos dias andaram soltando factoides com outros nomes e que a situação havia mudado e coisa e tal, mas para variar isso não passa do fétido exercício de produzirem notícias falsas. Enquanto algumas pessoas olham para o futuro com determinação, há quem gaste o tempo com a burrice e ilusão, tentando tumultuar o processo. Eita política que não vale nada!
Cidades prestigiadas
Vamos lembrar que o Enio Verri é de Maringá, outros três diretores já “anunciados” são de Curitiba. Alguns assistentes também (previstos) são ou de Cascavel ou da capital. Ou seja, por enquanto faltam nomes de Foz do Iguaçu para composição de cargos nas diretorias e assistências. Ou será que a cidade vai chupar o dedo? Contaram para o Corvo que esse assunto é constantemente debatido não só na Binacional como em vários gabinetes de Brasília. Como os deputados da cidade apoiaram abertamente o Bolsonaro, é normal que gente de fora trabalhe indicações. Mas segundo revelaram ao Corvo, muitas rodadas de conversas já aconteceram no sentido de anuviar a tensão, com foco nas prerrogativas do Centrão de construir uma base.
Santo de casa faz milagre?
Apesar de ser o centro das atenções e o fato de Itaipu hoje existir apenas em Foz, existe uma tradição de importação de nomes para atuar no comando (e até nos baixos escalões) da Usina. Não seria a hora de usar as pratas da casa? Tem muita gente boa, qualificada e com vontade de trabalhar na região, especialmente em Foz. O Corvo descobriu que há essa reflexão entre os cabeças lá em Brasília. Segundo consta, existe uma lista com cerca de oito iguaçuenses em processo de mudar de posições na Usina.
Alerta vermelho
Depois de quase perder uma votação importante na última semana, o Governo Municipal vai precisar chegar junto em alguns vereadores, tipo marcação cerrada em jogo de basquete, especialmente nos que gostam de pular a cerca da base aliada, para votar com a oposição. Ao que parece, o clima está tenso. Pode haver novidades na articulação. Conversas tem varado a madrugada de uns dias para cá.
Nos bastidores
Nas entranhas do Legislativo, é forte a conversa de que a Prefeitura não terá fôlego para aprovar a reforma da previdência. Dizem que no máximo conseguirá um texto muito picotado e cheio de emendas. Ou será que alguém imagina que o Chico Brasileiro também não contava com uma situação dessas? Claro que ele sabia das dificuldades. O grande problema em episódios assim é o clima de dissidência, que se torna contagiante e mostra como a base às vezes dá demonstrações de fragilidade. “Se eles podem votar contra, porque eu vou segurar o rojão sozinho?”, confidenciou um abnegado defensor do governo, em vias de pular fora do picadeiro.
Pastelaria
Enquanto isso, a pastelaria em frente à Câmara, tem recebido ou auspiciosa e seleta lista de novos clientes. Um deles se declarou “prefeitável”. Ou seria “prefeituravel”? De uma ou de outra forma, vai ser difícil se eleger, porque já desperdiçou todas as chances no passado. Ao menos quatro pré-candidatos a prefeito já foram vistos pelo local, numa provável tentativa de se adiantar o famoso pastel de campanha. Se entrarem em campanha, com a mesma mão de vaca que vão comer pastel, a coisa vai ficar feia. “Me dá um pedaço do seu pastel”, pediu um deles e tacou molho e farinha em cima, se babando todo de gordura. Em campanha e em pastelaria, é preciso gastar um pouquinho que seja. Mas sabemos que o povo quer mais é colocar o nome na vitrina.
Mulher em Destaque
A Câmara entrega nesta semana o “Prêmio Mulher em Destaque”. É quando os vereadores fazem esses apontamentos, elevando o sentido de importância das mulheres na sociedade e quais receberão uma honraria do Legislativo. A indicação é livre, mas há uma certa patrulha para que algumas regras de “boa convivência” sejam mantidas e levadas à sério, como por exemplo, não homenagearem parentes. É razoável, porque do contrário, não é de duvidar que alguém indicaria a própria mãe.
Joias raras
A encrenca das joias presenteadas para a ex-primeira-dama Michele Bolsonaro, levantada pelo Estadão é o ó-do-boro-godo. Batom na cueca, meio que inexplicável. Se fosse presente oficial não deveria ser escondido, e declarado e fim de conversa. Isso está sujando a farda de vários militares da reserva e enchendo o brio de quem faz a lição de casa, ou seja, a Receita Federal, que não deixou barato.
Entrada
Se um Estado independente e amigo oferecesse um mimo ao presidente ou a sua esposa, isso deveria constar em protocolo, com as devidas referências e o agraciamento, homenagem, brinde, objeto, ou, presente, e seguir diretamente para os cofres e catálogos dos bens que assim são entregues. E que mimo? Um conjunto de diamantes em colares, brincos e adereços, assinado pela Chopard, no valor de 16 milhões de reais. Alguém vai acreditar que um emir, xeique, príncipe, rei, teria entregue um presente assim e o agraciado não ficaria sabendo nem por meio de fotografia? Olha, é no mínimo esquisito. E depois tentarem várias vezes recuperar o espólio, por meio de agentes, documentos; não foi um bom desfecho para Bolsonaro. Vai precisar lidar com esse rabujo.
Em Orlando
A mídia norte-americana começou a pegar mais pesado no pé do ex-presidente brasileiro, que também passou a dizer que retornará em meados deste mês para o Brasil, “onde fará oposição ao presidente Lula e se defenderá das acusações de envolvimento nos atos golpistas às instituições”. Segundo as fontes, Jair Bolsonaro participa de entrevistas, jantares, conferências e eventos com cachês avaliados em US$ 10 mil, o que cobraria um artista de cinema do nível “filme B”, para entreter convidados. Para se ter ideia, cachês de Obama, Clinton e celebridades nunca saem por menos de 250 mil dólares. É inclusive a faixa de cobrança de Lula, quando aceitava convites. Bolsonaro está penando para sobreviver, praticamente mendigando.
Lá vem ela…
Michele Bolsonaro voltou para o Brasil, trouxe junto a filha e caiu no mundo da política. É ativa em vários segmentos e já supera a imagem de muitos caciques da direita. Levando em conta as encrencas do maridão, é provável que ela seja a bola da vez carregando o sobrenome nas próximas eleições. Vai disputar o que vier pela frente para manter o nome na janelinha.
O caso das vinícolas
Corvo, li e gostei muito do testemunho do leitor sobre os tempos em que foi colher uvas no Rio Grande amado! Pois eu também já fiz isso e quer saber? Ganhava um bom dinheirinho nos tempos da faculdade e curtia o trabalho como fosse férias, no meio de tradição, respeito, cantoria e tornei-me amigos de muito produtores em razão disso. Fiz até uma especialização em vinhos de qualidade e luto para tornar-me um dia um sommelier. Inacreditável de como conseguiram bagunçar até isso no Brasil.
Marcos J. S. Rufinno
Uvas e histórias
É com muita tristeza que acompanho o desenrolar de situações análogas à escravidão nos vinhedos do Sul. Isso é apavorante. Apenas para ajudar na discussão, a mão de obra no setor é muito valorizada e os baianos, cearenses, pernambucanos a executam com muito conhecimento. Triste pensar que são tratados assim por atravessadores e terceiros. Devemos ter em mente que o mesmo acontece em outras colheitas como as maçãs e frutas que requerem cuidados humanos; para algumas, ainda não inventaram nada que substitui a mão humana.
Lúcia V. R. Verdanna
Dio Santo!
As pessoas não avaliam o trabalho que dá colher nos parreirais. Um erro de nada, vai tudo fora. Por isso há a responsabilidade laboral, de contratar gente para o serviço. O que pegou foi a boca dura de um político rio-grandense, grosso, igual rolha de poço, tratando a questão com absoluta ignorância. É uma pena. Pensar que a colheita das uvas é uma das ocasiões mais sacrossantas e culturais da humanidade.
Julio B. Dantas
O Corvo responde: prezados leitores, primeiramente obrigado pelas mensagens e colaborações, são raros os episódios que mereceram tantas cartas e tira-se dessas manifestações um amplo sentido cultural. Analogia à escravidão é uma realidade em muitos setores brasileiros e não se imaginava que casas vinícolas tão famosas acabassem envolvidas nisso. O Corvo conhece muitos produtores e arriscou um telefonema, não foi surpresa concluir que são problemas causados por terceiros e que arregimentam a mão de obra para as colheitas. Até mesmo os alojamentos estão fora dos parreirais; os trabalhadores, segundo informações, eram levados para a colheita e depois regressavam para esses lugares pré-arranjados. O episódio servirá para arejar os métodos e isso, provavelmente, não irá mais acontecer.
A festa da uva
Como este Corvo já escreveu, além da contratação da mão de obra, realizam homéricas festas em centros produtores da uva, como na Argentina, Chile, Estados Unidos e também em muitos países europeus. Para a tarefa, contratam mestres coletores e o grosso da turma é formada por estudantes e até turistas, que acreditem, pagam para trabalhar.
Canja prestando contas
Apesar de todas as dificuldades, em razão da ausência causada pela pandemia nos últimos anos, a Canja do Galo Inácio foi uma grande demonstração de empenho, organização, dedicação e solidariedade, sem perder em nada o espírito carnavalesco. Isso se deve à somatória de intenções entre Rotary Grande Lago e a Associação Um Chute Para o Futuro, que conseguiram arrecadar em quase 20 mil reais, com a venda de quase três mil porções. Muito alimento foi doado à pessoas que não podiam pagar.
Custo
A Canja do Galo Inácio entrará em reformulação ainda neste primeiro semestre, visando o Carnaval do Ano que vem e a meta é voltar aos números altos de doações e reversão de renda. Tudo anda muito caro como é o caso do gás, alguns alimentos e mais o que surge em cima da hora, mas o senso de voluntariado apaga as dúvidas e é isso que faz o evento brilhar, sempre. A Canja é uma estrela reluzente no céu iguaçuense, um bem cultural valiosíssimo e está em mãos consagradoras. Aqui vai um abraço em nome do Rogério Bonato, que por razões adversas, não poderá prestigiar o evento que entrega do cheque à entidade, que será realizado hoje.
Paulo Caruso
O mundo da arte, traço, música e da intelectualidade e inteligência perdeu uma figura ímpar, o cartunista e ilustrador Paulo Caruso, ressalta-se, um amigo de Foz. Ele ajudou e muito na guerra encampada pela cidade contra as infames acusações de terrorismo. Não desgrudou um minuto dos eventos realizados na cidade e conversas com a imprensa nos grandes centros. O imaginário ilustrado, com talento e profundidade ficará bem mais triste e modesto sem o Paulo. Ainda nos resta o Chico, porém muito debilitado com o desaparecimento do irmão. A vida passa e é rápida; eis uma constatação. Apenas 73 anos.