No Bico do Corvo
Tensão por todos os lados
A última sessão da Câmara de Vereadores de Foz foi um resumo daquilo que significa “política” na esfera municipal, sem a devida lapidação. Absolutamente isso, o tosco em pessoa. Nos deparamos com os efeitos das derrotas acachapantes, os bate-bocas entre parlamentares; as manifestações de estudantes e professores; ameaças de processos judiciais e até pedido para a Guarda Municipal tirar uma pessoa da plateia. Será que precisavam de tudo isso?
Depois do Brasil e Alemanha, agora foi a vez do 13×1
Sob a pressão dos estudantes da Unila, um projeto foi derrubado de goleada. Foram 13 votos contrários e apenas um favorável, lembrando que o presidente não vota. Isso veio a constituir a maior derrota até então, em 2023. Na base do “vamos ver” até o Líder do Governo vota com a oposição. Ah, o corvo quer escrever sobre o resultado e não entremeios, isso está nas matérias. Ai que preguiça que dá no sábado.
Unileiros organizados
O Corvo já viu de tudo em matéria de manifestação popular em Foz, mas essa turma da Unila é de tirar o chapéu quando resolve organizar o paredão em defesa de seus interesses. Se juntam e mandam ver. Lembram muito as articulações de antigamente, que faziam a cabeça dos políticos torrarem os neurônios. Trata-se de militância raiz, coisa difícil de lidar.
Vários embates
Edivaldo x Galhardo e Adnan x Alex Meyer, pontuaram os melhores rounds da sessão, com trocas de acusações e ameaças judiciais. Mas o que chama a atenção é a paciência do presidente João Morales. Sempre gentil e ordeiro, ele espera a chapa esquentar bastante antes de derramar a manteiga.
Dr. Freitas
O bate-boca entre do vereador Dr. Freitas e professoras da Rede Municipal foi homérico. Durante a discussão de um projeto, ao ser contestado por sindicalistas, o vereador pediu “respeito” e quase esboçou a necessidade de dar um “carteiraço” para garantir sua fala. Faltou calma.
Só vim aqui porque me mandaram vir
Durante a votação do projeto do completivo salarial, o Líder do Governo foi para a Tribuna tentando aliviar o próprio voto e jogar a conta na Prefeitura. Segundo ele, como Líder, ele precisa fazer o que pedem para ele fazer. Bom, assumiu o papel porque quis.
Governista que vota contra o governo
Diferentemente desse sentido de “defender com vergonha”, faz a vereadora Yasmim, reconhecidamente uma aliada de longa data da Prefeitura, mas que vota contra o governo de forma sistemática, quando precisa. Há quem diga que ela joga para todo lado, e, o seu comportamento tem preocupado muita gente no Palácio Cataratas, mas quem de fato manda, sabe que é dotada de convicções e bons princípios. Quem tem isso ao lado, tem licença para matar, ou seja, votar como manda a consciência.
Defesa racional
Com a fala envergonhada do Líder do Governo na Câmara, e com a dissidência da vereadora do MDB, sobrou para o vereador Adnan El Sayed fazer uma defesa mais técnica do projeto da Prefeitura. Ele ponderou que estava ao lado dos professores na luta pela incorporação de valores ao salário, mas que pelo momento, seria razoável aceitar a complementação salarial. “E, em seguida, vamos continuar lutando”, afirmou.
Pediu para sair
Em uma fala do vereador Márcio Rosa, um espectador da plateia fez diversas interrupções, até tirar a paciência quase oriental do presidente João Morales, que mandou chamar a Guarda Municipal. A saber: livre manifestação pode acontecer na Câmara, mas as regras de convivência, respeito e ordem, como garantir a palavra de quem está na Tribuna é o mínimo que deve acontecer. Certo ou errado?
Eleições se planificam
Há conversas por toda a cidade com uma certa busca de equilíbrio por candidatos. Depois das recentes enquetes e a força personalizada dos vencedores, há quem acredite que pode fazer barba, cabelo e bigode. Pois o Corvo garante: ainda falta muito para os números serem reais e as pessoas baterem no peito se considerando virtuais vencedores nas eleições do ano que vem. Isso mesmo, falta bastante tempo.
Seo Paulo
O Corvo assuntou que Paulo Mac Donald Ghisi está com a agenda aberta, conversando inclusive com o povo do PT. Elevado o seu desprendimento da esquerda no período eleitoral, isso anda deixando um gostinho amargo no canto da boca de muita gente. Um sabor de zinabre, diga-se.
Paulo esquerdinha
Acreditar que o Mac é direitona e bolsonarista, isso é coisa que faz dar coceira. Ele foi mancebo de jogar bola de gude com bodoque na cavalaria; dormiu enrolado com a bandeira em cima da mesa do reitor, na ocupação da Universidade; permaneceu anos no partido de Leonel Brisola, era amigo do caudilho, desde os tempos do exílio, foi aliado dos dois governos de Lula, prova disso é muito do que conseguiu trazer e fazer na cidade, CMEIs, Centros de Convivência, Postos de Saúde, UPA? Quem vai acreditar que ele se converteu a postura de direita? Só se for para boi dormir.
Quem vem lá?
E o tempo passa e a política de Foz parece ainda não escapar da situação e oposição, ou seja, ou é do Chico ou do Paulo. Tudo bem que andam ensaiando novos movimentos, outras caras surgem no cenário, mas nada ainda na versão robusta de um candidato. Nada está organizado e não seja por isso, a situação deixou de ser interessante: o Corvo simplifica: o ordenamento político passa em saber quem Chico indicará e se o Paulo poderá concorrer. Depois é que surgem os eleitos laboratoriais. É assim.
“Conheço aquele cara…”
O retorno, ou relançamento do Bolsa Família teve ampla cobertura jornalística. O Corvo estava em local público bem no momento da transmissão do Jornal Nacional e no balcão, quando abriram a matéria da ação social, capitaneada pelo presidente Lula, alguém disse: “peraí, conheço aquele último senhor sentado do lado esquerdo, é o Elias!”. E outra pessoa perguntou: “o que ele está fazendo lá, no palco, ao lado da Janja, Lula e alguns ministros e secretários? Será que arranjou cargo no governo federal?”.
Elias, sim!
O secretário de Ação Social de Foz do Iguaçu e também presidente do Conselho dos Gestores Municipais de Assistência Social (Congemas), Elias de Sousa Oliveira, participou como convidado especial do relançamento do maior programa de transferência de renda e combate à fome da história do país. Ele é uma autoridade no assunto, muito respeitado na área, e bem poderia ter assumido outras posições. É um orgulho para Foz. Salve o Elias!
Já foi bom
Corvo, acredite, trabalhei muitos anos na colheita de uvas em Bento Gonçalves, RS e tenho só boas lembranças. A gente chegava nas vinícolas e era bem recebido. Depois da entrevista e acertar os detalhes da atividade fazíamos um rápido exame médico, éramos encaminhados para alojamentos decentes, com no máximo três pessoas em cada quarto, cada um com o seu lugar para guardar os objetos de “passagem”, com chave e cadeado. De manhã, muito cedo, tomávamos um café da manhã reforçado, com pão caseiro, linguiça, ovo, manteiga sebosa, o famoso “pão com banha”. Depois passava um orientador e íamos até as parreiras; ele explicava o tipo da uva, a acomodação da época e todas as regas. Tínhamos almoço bom, com massa, feijão, verduras e legumes, dava para repetir; parada para o café no meio da tarde, jantar e noites de brincadeiras, contação de história, jogo de baralho, sinuca, pebolin, e o sono vinha para depois começar tudo de novo. Ao final da colheita a grana e cada um pegava o seu caminho. Acontece que o mundo mudou, as vinícolas foram compradas, o vinho é praticamente industrial e claro, os trabalhadores foram relegados a essas injustiças inerentes ao custo da garrafa. Deu no que deu.
Thadeu L. V. Vieira
O Corvo responde: prezado, seu relato é muito bem construído. O nosso Brasil ainda guarda um pouco dessas tarefas coloniais, enfrentadas pelos nossos antepassados, gente da lavoura, do cabo da enxada, das colheitas de café, cana, dos engenhos e alambiques, da criação de gato e cultivo da lavoura. Olhando o relógio do tempo, a indústria e outras atividades desenvolvimentistas são novas e isso entra em choque com o velho, porque as regras são para todos. As vinícolas que se ajustem, como os pomares da Região Nordeste precisaram fazer e como tudo é regido pela Lei, no campo ou na cidade. O que não há mais é espaço para a exploração e escravidão. Direitos precisam ser respeitados e deveres cumpridos.
Direitos?
Esse mundão velho de Deus está mesmo virado. Uma pessoa batalha pela paz, enfrenta todos os rigores da autocracia, dá soco na ponta de facas, tenta com o seu discurso ajudar o próximo e no fim das contas ganha condenação de dez anos de cadeia. Considerando que o ativista Ales Bialiatski já tem 60 anos, dificilmente suportará os rigores dos presídios bielorrussos. Falamos de um agraciado com o Prêmio Nobel da Paz! Foi condenado ao se opor às brutalidades, ignorância e imposição da escravidão por meio da pressão governamental. É difícil aceitar algo assim nesse tempo em que vivemos.
Dona Receita
Quem diria, tudo indica que usaram mesmo a Receita Federal para a o instinto da vingança virulenta, como fizeram os americanos ao não saberem de que jeito prender o Al Capone, se bem que o que aconteceu recentemente no Brasil é meio às avessas. Há relats de que o órgão foi usado para acessar a vida de Luciano Huck, a pop Star Anitta, Willian Bonner, dentre outras celebridades e nem mesmo o Bolsonaro escapou o que lhe causa uma aura de inocência, ou seja, as invasões não teriam sido motivadas pelo governo. Quem estaria por trás disso, dessa violação de sigilo. Seo Haddad que trate de descobrir, urgentemente.
Fim de semana
Enfim um sábado para alegrar a alma depois de uma semana infectado pela Covid; o grosso parece ter ido em bora. O Corvo recebeu uma porção de mensagens solidárias e aproveita o espaço para agradecer. O que resta é uma pequena, ínfima dificuldade por causa do gosto de remédios, falta do olfato e paladar. Mas até isso já se recupera. No mais, dá-lhe Canja! Bom, fim de semana a todos!