Coluna do Corvo

Madrugadas de insônia

Dizem que em boa parte das frentes partidárias houve um aparente borbulhar de adrenalina; a química rolou solta. A movimentação começou ao longo da sexta-feira, com as tratativas entre PP e PDT, onde mais da metade dos filiados já havia se acomodado na campanha de Aírton José, tamanha a demonstração de juras, a começar pelo Nelton Friedrich que marcou presença e discursou nas convenções, ao lado do candidato do PSB.

 

Um lado e outro

Há no PDT uma raiz de esquerda, que não quer saber de se aproximar da direita, no entanto, essa ideologia se desfaz quando o assunto é apoiar Paulo Mac Donald Ghisi; ele conserva muitos amigos na legenda brizolista e momentos assim os corações palpitam e as velhas paixões reflorescem.

 

Mecânica

Quando o PDT estava praticamente sacramentado com o Aírton José, a ficha caiu para muitas pessoas e as decisões entraram num funil de reflexões. Certamente foi o que passou pela cabeça de Kalito Stoeckl, e eis o dilema: ser vice de Aírton ou voltar a concorrer a vaga da Câmara, que seria um porto mais seguro. O caminho do advogado e jornalista, escolhido pelo PSB é viável, mas requer muita luta, inteligência e concentração de esforços. Até aí tudo corria muito bem, até espalharem que Joane Vilela poderia ser a vice dele. Isso teria abalado seriamente a estrutura de campanha de Paulo Mac Donald Ghisi e os esforços se concentraram em atrair, de qualquer maneira, o PDT. E foi o que aparentemente aconteceu.

 

Junção de partidos

Paulo Mac, no PP, suplanta o período de convenções com o Mobiliza, Agir, Podemos, PDT e o Avante, que não gostou muito do resultado. Diga-se, o Avante está na arrumação da proposta eleitoral desde o início e com grande contribuição. Esperava-se que o partido conseguisse indicar o vice, diante de tanta fidelidade, lealdade e devoção, mas entrou numa dança desconfortável.

 

Paulo, o bailarino

A verdade é que apesar de aparecer nas redes sociais como fosse um pé de valsa, Paulo Mac está longe de desempenhar os passos como de um Carlinhos de Jesus, e, com o chinelão de borracha ainda, acabou pisando nos dedinhos dos parceiros. Ao bailar com o Avante, sempre estava de olho em outros partidos, relegando os velhos amigos ao segundo plano. Explicado melhor: o namoro era firme apenas do lado do Avante, correndo o risco de ser passado para trás se houvesse acerto com o União Brasil, e depois com o PDT. Uma barbaridade considerar isso “ossos do ofício”. É a osteoporose política, isso sim. Mas segundo sustentam, necessária.

 

Mano a mano?

Enquanto andava de mãos dadas com o Avante, a tropa de choque ligada ao PP negociava com outras legendas, buscando a todo o custo ampliar a frente partidária eleitoral e claro, em composições assim o que sobra é a escolha do vice. Ricardo Barros foi ao limite nas negociações com o União Brasil em Curitiba, Brasília e, empacou em duas pontas, onde estavam o Sérgio Moro e Zé Elias. Dizem que a amarração com o PDT foi articulada pelo deputado estadual Matheus Vermelho, em pessoa. Chegaram a fazer até uma votação para a escolha de um vice com os partidos aliados e o nome do empresário Deoclécio Duarte vence com maioria. Um líder partidário teria votado contra e Matheus se absteve da votação. Evidente, ele tinha em mente outros planos.

 

A convenção

Paulo foi para o evento do PP com o imbróglio do vice embaixo do braço, tanto que saiu de lá sem a declaração que era esperada pelo Avante. A convenção foi o maior evento político eleitoral realizado rumo às eleições. O salão do Recanto Palace estava lotado e havia gente do lado de fora. Foi uma demonstração de força. Mas depois, no amanhecer do sábado, começaram a surgir as informações sobre o enlace com o PDT, mexendo com todas as estruturas partidárias. Na tarde do domingo, Paulo já informava que o vice escolhido era o Kalito Stoeckl.

 

Avante arisco

Do outro lado, os filiados do Avante começaram a repensar o futuro e chegaram a participar de outras convenções, como a do PMB, com Sérgio Caimi que teria aceito ser o vice de Deoclécio Duarte, uma informação depois considerada “boato”. E dentre outras, as encrencas atravessaram o domingo, e claro, no meio disso, uma porção de artífices tirando proveito da situação, espalhando veneno, jogando um contra o outro, criando arapucas de todos os níveis. Francamente, o ar político se tornou irrespirável, um ambiente tóxico, inimaginável para quase todos os partidos de centro e esquerda.

 

Segunda sombria

Desde as primeiras horas de ontem, a política acompanhou o clima; em alguns momentos o Sol, depois nuvens, chuvisco e assim o dia foi passando, com reuniões entre as frentes partidárias. Kalito, a noiva mais perfumada da eleição viveu uma manhã de montanha russa, subindo e despencando nos trilhos, uma barbaridade!

 

E valeria à pena?

Os adversários é que estavam gostando muito da aproximação entre Paulo Mac e o Kalito, porque usariam disso como munição de apedrejamento. O fato é que ninguém pode arriscar a primeira pedra, porque há gente ligada ao Chico Brasileiro em todos as frentes eleitorais. A verdade é que a política iguaçuense está liquefeita; um “detox” de ideologias, onde há cenouras, tomates, pepinos, couves e até rabanetes; tudo isso misturado com frutas, cereais, carnes e outras substâncias. Que situação.

 

No limbo

Não está errado escrever que a política foi parar no “lost”, onde ninguém saberá, temporariamente, o que acontece. Se alguém esperava que as coisas se definissem na segunda-feira que tome tento, essa agonia deve persistir até os últimos segundos, pois as listas precisam seguir para o T.R.E. Creiam, muita corre o risco de dormir com pijama de flanela e acordar pelado.

 

E os outros?

O panorama é descontraído para quem gosta da política e o PDT foi quem deu uma balançada no tabuleiro. Do outro lado, na direita, as coisas foram um pouco mais tranquilas porque o General Silva e Luna soube segurar a batuta e conservar o grupo, blindando o ambiente. O que se sabe é que os experts na Lei Chacrinha ajudaram a espalhar gasolina, ou seja, pregar a intriga entre Paulo e os aliados. Se funcionou são outros quinhentos.

 

A festa

A convenção do PL foi um auê, com presença do governador Ratinho, vice Darci, secretários e gente de todos os partidos que compõem o governo. Estavam lá ex-vereadores, políticos com e sem mandato, o povão, incluindo a tropa da vigília em frente ao batalhão. “Quando fui indicado para dirigir a Itaipu, logo decidi mudar definitivamente para Foz. Tornei-me o primeiro diretor-geral da empresa a morar na cidade, onde fui recebido como um filho. Nesse tempo todo, os laços com Foz ficaram cada vez mais fortes. Nasceu em mim um sentimento de gratidão. É essa gratidão, junto com a certeza de que tenho muito o que contribuir, que me levou a ser candidato a prefeito. Hoje, na Convenção do PL, pude mais uma vez me sentir abraçado e acolhido pelas quase mil pessoas que passaram pelo evento”, falou o General.

 

O tempo vence

Infelizmente a coluna precisou fechar cedo, pelo horário do almoço e não foi possível cobrir os desdobramentos vespertinos, quando ocorrem os arremates. É certo que até esta terça-feira, a situação de acomode um pouco.

 

No fim das contas…

Ao que parece as candidaturas ainda se mantém; teremos as duplas Zé Elias e Leandro; General e Ricardinho; Sâmis e Fernando; Caimi e Juçara Andrade; Latinha e Cleomara Silveira e fechou a coluna e faltava saber os vices de Aírton, Paulo e Túlio. Ao que parece serão oito as candidaturas se isso for mantido até o anoitecer.

 

E…

…as olimpíadas e o ouro da Rebeca, as confusões pelo mundo, o clima maluco, a queda das bolsas, a subida do dólar, a titubeada norte-americana, o estrago financeiro pelo mundo e outros assuntos ficam para amanhã, ou nunca. A política de Foz, para variar, preencheu o espaço.

Charge do corvo

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