Coluna do Corvo

Amargor

O ofício de escrever todos os dias às vezes se torna desafiador. Explicando: muitos leitores pedem informações adversas de política, querem abordagens sobre os problemas cotidianos, como o trânsito, mobilidade, impostos, meio ambiente e tudo o mais. Consideram que a política é cansativa. O caso é que dependendo, outros assuntos são muito mais amargos e chegam a doer só de pensar, o que dizer em escrever. No fim, tudo vai depender dos políticos. Isso é inevitável. Vamos dar um gripo nos outros assuntos então.

 

IPVA

Não há espanto em saber que tantos proprietários de veículos devem o imposto em Foz e que o valor é milionário, cerca de R$ 37 milhões. Primeiro que não é um imposto barato e, como no caso do IPTU, pagamos “aluguel” depois de adquirir um bem e, se não conseguir mantê-lo em suas obrigações, ele se converterá em “dívida ativa”. Quem pode com isso?

 

Porque não pagam

Primeiro os pagamentos não baixam porque a vida comum não anda fácil; os negócios estão ariscos para todos os lados, e, à cada exercício as contas das famílias estão mais apertadas. Isso não é um drama apenas para os iguaçuenses; logo, as pessoas ficam indignadas em pagar tantos impostos, sem ver os benefícios. No caso dos veículos, então, chega a dar nojo. O dono de um automóvel paga impostos nos combustíveis, itens de manutenção; emplaca, licencia, e, transita em ruas esburacadas, parando nos semáforos em quase todas as vias, como movimentação absurda em horários de pico, inalando poluição, com falta de segurança e ainda precisa desembolsar um bom dinheiro anualmente, do contrário, o carro vai parar num pátio. Há quem não pague porque simplesmente não se conforma com a cobrança, mas sabe que se não pagar, vai se complicar.

 

Juros

O IPVA, ao longo da vida útil de um veículo chega a custar mais caro que os juros do financiamento, o que é uma política muito desajustada para qualquer cidadão. As financeiras podem bancar agiotas, mas a administração pública – com ajuda dos legisladores – não deveria agir assim. IPVA, IPTU, e a lista interminável de impostos sobre tudo o que consumimos precisa de vez ser revista nessa tal reforma tributária, coisa que nunca acontece.

 

Impostos municipais

A vida em sociedade tem disso, todo cidadão é um sócio do lugar onde reside, mas é tratado como locador e não proprietário. A vida, afinal, é algo que não deveria pagar aluguel. Tomara os cidadãos, eleitores ou não, saibam cobrar esclarecimentos dos nobres candidatos, em saber de que maneira viverão mais confortavelmente no futuro, sem essa faca no peito diuturna, porque serviços e impostos, para muita gente, é algo de tirar o sono. A sociedade de zumbis precisa encontrar paz e se aproveitar um pouco mais do esforço laboral, desfrutando lazer, cultura, e, o mínimo de conforto, sem a tensão administrativa municipal, como estivesse sentada na Lei e com o chicote na mão.

 

Não vamos nos livrar

Para custear a máquina pública, prover benefícios e antes manter em dia os salários dos servidores e centenas de assessores, as prefeituras cobrarão impostos. Tudo sai do bolso do cidadão afinal. O jeito de cobrar é o problema; uns fazem com justiça fiscal, outro sem a “humanidade fiscal”. Há uma gritante diferença nos procedimentos. Humanizar a cobrança de impostos e tentar receber sem sacrificar o contribuinte é uma arte.

 

Planos de Saúde

Taí outro assunto que machuca. “Economizo na compra de comida para pagar um plano de saúde, daí anunciam melhorias no serviço, no atendimento, a gente acredita e no fim, constroem um hospital lá no ‘fim do mundo’, longe de tudo, onde nem passa o ônibus e custa cara para chegar. O novo hospital está bom para quem mora em Santa Terezinha e não para os beneficiários”, escreveu M.V.P (o leitor pediu para não ter o nome publicado).

 

As distâncias

Naturalmente, as pessoas se esforçam para manter planos de Saúde porque desviam do serviço público, que mantém vários Postos de Saúde, UBSs e UPAS em locais estratégicos. Mas quando o atendimento não agrada, a saída é pagar o serviço particular. O iguaçuense precisa paciência e entender que as distâncias em Foz ainda são pequenas, se comparadas com outras cidades. O novo hospital da UNIMED foi bem planejado e em local bem privilegiado, com boas distâncias e acessos para atender a todos os bairros. No começo as pessoas estranham, mas depois acostumam.

 

Troféu

Como é que pode, uma ponte que ainda não funcionou, ganhar troféu? Empreendimento público premiado não é o que está simplesmente pronto; é o que causa benefício aos usuários e, diante disso, será comemorado. Todos aplaudimos a iniciativa, a grande obra estruturante que a Ponte da Integração é, mas ela só deveria ser comemorada juntamente com o resto, que não se sabe quando será entregue. Apesar da beleza e futuro serviço, a nova ponte merece o “troféu balela”.

 

Caçadores

Se de um lado há um esforço brutal em recompor a Mata Atlântica, renovando o habitat de animais, abrindo caminhos para os bichos; fazendo florestas renascerem, de outro há seres inescrupulosos devastando por meio da caça e extrativismo? Francamente, as leis são brandas. Dizem que crimes ambientais são inafiançáveis, mas caçadores são pegos, vão parar na cadeia e dali uns dias estão de novo em circulação. E por fim, responderão em liberdade.

 

Onças em risco

Respeitamos a opinião dos leitores, afinal de contas são o nosso bem maior. Mas há situações que merecem respostas polidas, e, educadas, apesar das mensagens torpes e sem o devido conhecimento de causa: “veja o que fazem com as florestas? Dizem que isso está causando uma superpopulação de onças e logo elas estarão invadindo as casas das pessoas!”, escreveu uma leitora pedindo o anonimato. As onças procriam por outro motivo: esses animais estão no topo da cadeia predatória e acasalam e criam porque a natureza lhes é favorável e o habitat é bom. Em outras palavras, é algo para ser comemorado. Felinos de grande porte atacam quando são ameaçados e agredidos. Quando o território é bom, eles vivem livremente e felizes com as crias. É lindo de ver e saber.

 

Tubarão turbinado

Que coisa mais doida essa hein? O tubarão já é um bicho maluco por natureza, imagina “noiado”, contaminado por cocaína? E essa contaminação é um problemão. Alguém escreveu: “pensa, jogam a droga apreendida nos oceanos e isso está afetando a vida marinha”. Pior que não é nada disso. A cocaína vai parar no mar sai dos esgotos, pelo consumo humano. Isso nos dá uma ideia da complexidade que há nas substâncias químicas que compõem a droga. Se afeta os tubarões, deve contaminar outros peixes, até mesmo os banhistas.

 

Placas de alerta

Seria cômico, mas é possível imaginar que no lugar das placas alertando o perigo com os tubarões, avisarão o nível de contaminação das águas, por causa da cocaína, maconha e sintéticos. Isso é na verdade trágico.

 

Cachorros mortos

Uma situação tirou o sono dos moradores de uma rua no Jardim Central. Um cão foi atropelado e ficou estendido na calçada durante dias. Coincidentemente acontece o mesmo em outros locais. Ligam para a prefeitura e o animal já está sendo comido pelos vermes. O que não custa é o tutor se antecipar e dar um pouco de dignidade ao animal que foi seu companheiro. Basta tentar recolhê-lo e levar até uma clínica veterinária que se encarregarão da cremação. Os preços variam, mas é algo em torno de R$ 15 a R$ 30 por quilo. Vamos pensar: é mais barato que o preço de um quilo de ração, caso o animal desfrutasse a vida. O destino dos animais de rua será pauta eleitoral.

 

Fogo no mato

Não bastam os alertas, as pessoas juntam folhas e galhos e tacam fogo, como maneira de se livrar desses dejetos. O problema é que os vizinhos respiram a fumaça e precisam lavar automóveis e calçadas, em razão da fuligem que se espalha. E gastar água e precisar ir no UBS fazer nebulização, em razão de coisas assim? Oras, o que custa juntar e disponibilizar para o serviço de coleta?

 

Procedimentos

Com jeito e paciência, as folhas que caem das árvores, como boa parte do lixo orgânico podem ser transformados em adubo e isso embelezará os jardins. Os galhos podem ser usados de outras maneiras, sem que precisem ser queimados à céu aberto. Muitos utilizam em churrasqueiras e fornos, uma vez que a fumaça é bem mais controlada. Há solução para tudo o que falta é a mão pública ajudar a disseminar, ensinar, e, por fim, orientar com clareza.

 

Secura do ar

O clima é cheio de surpresas para muitos. Não é, quando as pessoas se interessam e estão atentas. Hoje é possível saber das previsões com antecedência, pois há vários aplicativos eficientes. O que temos é umidade relativa, em torno de 40 a 50% e isso já é suficiente para complicar a respiração de muita gente, o que dizer se houver fumaça no ambiente? Tempo seco é problema, sem falar dos riscos de incêndio. Por enquanto não há previsão de frentes frias. Uma boa quinta-feira a todos!

 

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