Coluna do Corvo
Tristeza
A morte de Sérgio Beltrame mexeu forte com a cidade, a começar pela maneira que ocorreu, em questão de horas. Todos se perguntam e questionam a letalidade da H1N1, Influenza, e o que de fato ocorreu. Ao que parece foi uma somatória de acometimentos e o pior aconteceu. A pessoa está bem um dia e se vai no outro. Um desespero para todos.
Comoção
O velório aconteceu na Câmara Municipal, com todas as merecidas honras de um ex-vereador e pessoa muito querida no meio político. Beltrame era uma unanimidade pelo modo conciliador; resolvia problemas aparentemente impossíveis de reverter. A despedida de Sérgio Beltrame foi muito comovente e desejamos os mais sinceros votos de condolências aos familiares.
Todos estavam lá
Esse senso de articulação e bom trânsito no setor político foi percebido durante o velório, com o plenário da Casa de Leis lotado de gente da direita, esquerda e centro. Havia inclusive a ala política aposentada, longe da militância.
Burburinhos
Nem as ocasiões tristes escapam das articulações, o que mais se via eram grupos confabulando e fazendo exercício de bola de cristal, tentando prever o futuro. Isso infelizmente é normal, ainda em ano político. Na opinião deste colunista alguns excessos foram entendidos como desrespeito.
Cabos eleitorais
Impressionante como algumas pessoas não se tocam e acabam pagando mico. Velório é lugar de respeito de prestar homenagem aos que se vão e amparar as famílias. É muito chato ver desatentos ou puxando o saco ou fazendo piadinhas sem graça. Oras, o que é isso? Em pelo menos duas ocasiões ocorreram puxões de orelha.
A Câmara espremida
Mesmo com falta de locais para estacionar, aliás um assunto deveras discutido nos últimos dias, a Travessa Oscar Muxfeldt foi interditada em um dos sentidos. A medida foi proteger os pedestres e organizar o trânsito, mas acabou complicando ainda mais a vida das pessoas que tentavam chegar ao edifício da Câmara. O resultado foi a ocupação de todas as vagas na Avenida Brasil e JK, e, considerando que o estacionamento é rotativo, as reclamações tomavam conta do ambiente. Pessoas levaram os veículos para longe e optaram pelos carros de aplicativo.
Alterações e desculpas aos leitores
O GDia fecha cedo e a coluna publicou algumas notas fora de contexto, incluindo um evento que seria realizado na manhã de ontem, na Câmara, e que foi transferido para data posterior. Lamentamos o ocorrido.
OPINIÃO
Sérgio Beltrame e o seu legado de diplomacia, lealdade e amizade
Notícias, bem como a biografia, todos os blogs, portais, jornais e outros veículos já publicaram, mas para falar, escrever e lembrar o Sérgio Leonel Beltrame é necessário pausar o que acontece em volta e, refletir, porque além de político, empresário e amigo, ele “é” um homem de personalidade cativante e da maior humanidade. O condicional de presença é uma realidade; deixar de contar com alguém assim, abruptamente, é indescritível, quase um pesadelo.
É o que muitos devem sentir neste momento, sobretudo quando um personagem tão ativo em nosso convívio, do nada, simplesmente não está mais, para se converter em apenas lembrança, um espaço que tecnicamente se tornará saudade e, ao mesmo tempo, de intensidades indissolúveis. Isso causa muita dor.
Havia muita felicidade e esperança em Beltrame; um colecionador de amigos e gente que guardava em seu imenso coração. Foi um vitorioso em cada passo, um diplomata orgulhoso pelo tanto de abraços o tempo todo, depois de remendos, acertos, conversas e, definitivamente, não possuía inimigos. Isso é uma raridade no mundo da política, poder contar quem resolva as diferenças, dia e noite. Sérgio trabalhou assim, dissolvendo as pedras de todos pelo caminho, até dos adversários. Gestos assim se convertem em “generosidade”, a mais poderosa moeda de troca.
Nunca o Sérgio deixou de agradecer a vida, dos primeiros raios de luz ao cair da noite. Estava se preparando para mais uma empreitada política, de ajudar a melhorar a cidade; em verdade, as pessoas o consideravam um pilar importante dessa mudança. E por esses aspectos, essa dor é mais doída.
O fato é que Foz do Iguaçu foi sacudida como em poucos episódios tristes. Órgãos públicos expressaram o pesar, bandeiras descerão a meio mastro; o clima eleitoral desacelera e dá um tempo para respirar e saber como será, sem o Beltrame. É difícil imaginar o que haverá e como as coisas se acomodarão. É muito difícil a percepção de algo assim. O deputado federal Vermelho se descreveu em um labirinto de dor, pois está distante, nos Estados Unidos, tentado a todo o custo assimilar o ocorrido e voltar. Por este aspecto ele é a pessoa ideal para representar a todos que de alguma maneira querem expressar o sentimento, pois ele e Sérgio eram inseparáveis em todos os objetivos e na mais franca amizade.
Em nota, a Prefeitura de Foz do Iguaçu “expressa o mais profundo pesar pelo falecimento de Sérgio Beltrame, acentuando que ele desempenhou um papel essencial no desenvolvimento de Foz do Iguaçu, sendo fundamental na implementação de diversas iniciativas e projetos que contribuíram significativamente para o progresso da cidade. Sua atuação política foi marcada pelo empenho em melhorar a infraestrutura local, apoiar a educação e fortalecer os serviços públicos”. “Agradecemos a Sérgio Beltrame por toda a sua dedicação e comprometimento com o Município. Ele serviu nossa comunidade com um compromisso inabalável durante todos os seus anos de atuação política. Seu legado de serviço e sua paixão por Foz do Iguaçu serão lembrados”, declarou o prefeito Chico Brasileiro.
O presidente da Câmara, João Morales, manifestou condolências à família e aos amigos nesse momento de consternação. “Com tristeza, a Câmara de Foz do Iguaçu recebeu no início da tarde desta terça-feira, 28 de maio, o comunicado do falecimento do ex-vereador Sergio Leonel Beltrame, aos 66 anos. Internado às pressas ontem com um problema pulmonar, ele foi à óbito no Hospital Municipal Padre Germano Lauck. O Poder Legislativo lamenta profundamente a perda de um líder político, esportista e empresário que tanto contribuiu com o progresso da cidade de Foz do Iguaçu”. Na semana passada, Beltrame compôs a mesa de autoridades na Câmara Municipal em evento dedicado ao deputado federal Vermelho. “De forma inesperada, recebemos esta triste notícia. Lamentamos muito a morte de Sérgio Beltrame. Uma personalidade importantíssima para Foz do Iguaçu. Foi vereador e secretário, com um papel relevante no apoio da construção da nossa cidade”, disse Morales.
Segundo a nota do Legislativo, “Sergio Beltrame foi vereador por três mandatos: 1989 a 1992; 1997 a 2000 e 2009 a 2012 quando obteve 3.101 votos pelo Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), ao qual se filiou em 1986. Apresentou diversos projetos e participou das mais importantes comissões da Casa de Leis como a de Turismo, Indústria, Comércio, Assuntos Fronteiriços e Segurança Pública. Beltrame também atuou no Poder Executivo como secretário municipal de Governo e de Assistência Social e participou ativamente do movimento comunitário. Atualmente exercia a função de chefe de gabinete do Deputado Vermelho”.
Este texto é escrito em quatro mãos, mas com apenas uma cabeça, pois, eu, Rogério, me somo à Eliane para expressar o quanto sentimos e para nós, o peso desta despedida. Pessoalmente, o conheço há bem mais de 40 anos, tivemos diferenças; nos unimos em causas maiores e brigamos por picuinhas, rixas de futebol, política, defesas ideológicas e besteiras comuns, algo normal e que acontece entre grandes amigos. Já com a Eliane foi diferente, ela é mãe do Kauan, primeiro neto do Sérgio e Lídia e, diante disso, o considerava o mais legítimo substituto de seo Nelson Schaefer, amado pai, desde o seu falecimento. Francamente, não sabia o que fazer para amainar a dor da minha esposa ao receber a notícia, entregue com consternação pelo amigo Adelino de Souza.
Eliane, em sua dor, escreveu com a alma: “Estou sem chão… depois que meu pai faleceu, o Sérgio se tornou um exemplo paterno; avô do meu filho Kauan, sempre, sem medir esforços para fazê-lo feliz. Sergio, o chamava de “Guilo”, e fazia tudo para agradá-lo, sem contar na bagunça que faziam juntos. Passei por vários momentos tristes, e, ele, sempre esteve ali, atento, prestativo, carinhoso, e movia o mundo para ver todo mundo bem. Ainda não consigo crer… não é possível um ser iluminado partir, sem terminar a sua história, que tenho certeza, seria muito linda! Mas, partindo, ele deixou a SUA MARCA no coração de cada um de nós. Quero lembrar dele sempre assim, alegre, amoroso, e fazendo travessuras com o neto. Saudades eternas!
Beltrame exerceu exemplarmente o papel de cuidar da família e não há como imaginar não contarem com a sua sombra amiga e vigilante. Foi “família” até para quem não fosse parente. Devemos nos solidarizar com a esposa Maria Lidia Mallorquin Beltrame, os filhos Michelli Mallorquin Beltrame e Allan Patrik Beltrame e os netos Sofia e Kauan. Que o tempo consiga aliviar a dor que há em todos e as lembranças sejam doces, afinal é assim que se continua vivo, com as flores da memória e a paz infinita que invadirá e sempre se manterá no coração.
Rogério Bonato e Eliane Luiza Schaefer